Tuesday, October 14, 2008

Ferreira de Castro: Um escritor no país do medo (1)

Taíra - Revue du Centre de Recherche et d'Etudes Lusophones et Intertropicales, Grenoble, CRELIT / Université Stendhal, 1997

Dos prejuízos que disto [Censura]
advém para o país, para o seu tesouro
intelectual e artístico, para o seu
legado ao futuro e até aos outros povos, é inútil falar [...]

Os portugueses, na sua maioria, vivem
numa permanente desconfiança.

FERREIRA DE CASTRO (1949)


Dão-nos um bolo que é a história
da nossa história sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra para o medo.

NATÁLIA CORREIA


Lugares-comuns
Uma ideia que tem feito carreira com sucesso é a da inexistência de grande obras reveladas após o 25 de Abril, dessas que aguardaram publicação durante anos nas gavetas dos seus autores. Concluir-se-ia, portanto, que, apesar da Censura, não foi ela que impediu a livre criação durante o Estado Novo.
É difícil perceber este raciocínio, uma vez que quem o faz esquece-se da autocensura que os escritores, nomeadamente, se infligiam, além da outra, exercida pelo Estado, reprimindo aqueles e menorizando o público.
(continua)

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