Wednesday, December 30, 2015

H de Hevea brasiliensis - para um Dicionário de Ferreira de Castro

Hevea brasiliensis, árvore-da-borracha, seringueira, espécie originária da bacia do Amazonas, de onde se extrai o látex, matéria-prima para a produção de borracha e outros produtos derivados. A exploração intensa começa ainda na primeira metade do século XIX, originando, pela exclusividade brasileira da sua produção, um enorme fluxo de capitais, de que são exemplos as peças arquitectónicas que distinguem as principais cidades da região: Belém do Pará e Manaus, cuja Ópera é mundialmente famosa. Por ocasião da viagem planetária que efectuou em 1939, Castro terá oportunidade de confraternizar e fazer-se fotografar por esses seringueiros asiáticos, que com ele e com os sertanejos brasileiros fugidos da seca, se irmanaram no duro trabalho extractivo.
Brasil é o principal produtor mundial, embora já desde há muito não detenha o exclusivo da produção. No último quartel de Oitocentos, os ingleses promoveram plantações da seringueira nas colónias do Sudeste Asiático, estabelecendo-se uma concorrência que originaria a queda dos preços e consequente crise económica, cujos efeitos o jovem Ferreira de Castro sentirá na pele. Na pele e no espírito, pois a experiência amazónica do futuro escritor terá como maior fruto essa obra maior que é A Selva.
(a desenvolver)   

Sunday, December 13, 2015

SAGA DA AMAZÔNIA, Socorro Lira



Por ocasião do Acordo (possível) de Paris para o Clima, sobe a égide  da ONU.

Monday, December 07, 2015

marcador



ficha:
editor: Centro de Estudos Ferreira de castro
ano: 2003
dimensões: 18x5 cm.

Thursday, December 03, 2015

fac-símile do #1 da CIVILIZAÇÃO (1928), hoje no «Público»


O 2.º dos 10 volumes da colecção «Almanaque Português». Na edição de ontem, José Bártolo escreveu tratar-se de «um magnífico exemplo» do perído áureo da ilustração e do design  modernista em Portugal.

Saturday, November 28, 2015

Sobre o medo - um parágrafo de Miguel Real

«[...] Rui Zink tematiza o medo fazendo-nos sorrir. Desde Gil Vicente, faz parte dos atributos da farsa vestir-se de comédia. Nos seus romances, Lobo Antunes trabalha o medo recorrendo à compaixão trágica, despertando o nosso sentimento de piedade, sentimos pena de algumas das suas personagens. Agustina, realista no quadro geral, limita-se a descrever psicologicamente o medo. Saramago conta a história social do medo, evidenciando como ele é indissociável do conflito humano. Al Berto traz à luz, nos seus poemas, um medo original, a presença aterradora do excesso de ser que consome a existência humana, o que Golgona Anghel designa por "medo metafísico", o mesmo medo que atravessa a obra de Vergílio Ferreira, sintetizado na morte. Ferreira de Castro exprime com realismo o sentimento de medo, mesmo pânico, de Alberto perante a fúria decapitadora dos índios amazónicos. Outros escritores abordam este sentimento, cada um a sua modo, mas nenhum transformou um sentimento de temor, de pavor, até de horror, em quadros ficcionais desencadeadores do riso.[...]» [sobre Osso, de Rui Zink (2015)]
Miguel Real, «O medo desmascarado», JL, 25 de Novembro de 2015. 


Thursday, October 29, 2015

a 16.ª de TERRA FRIA



Acaba de sair, na Cavalo de Feero, a 16.ª edição de Terra Fria. A capa é de Susana Villar.

Monday, October 26, 2015

marcadores



ficha:
editor; não identificado
data: 1998 (?)
dimensões: 21,1x4,9 cm.

Tuesday, October 20, 2015

G de Guia de Portugal (para um Dicionário de Ferreira de Castro)


Obra criada e coordenada por Raul Proença e, após a sua morte, Sant'Ana Dionísio. Trata-se do mais monumental e brilhante esforço de compilação do património cultural e natural português, para usofruto dos cidadãos e consequente salvaguarda, nele colaborarando os nomes da cultura portuguesa do tempo. Ferreira de Castro, neste terceiro volume, sobre a Beira Litoral (1945), com «De Oliveira de Azeméis a Vale de Cambra», de boa utilidade os castrianos.
Ainda em vida de Proença, falecido em 1940, Castro, foi um dos fiadores literários da obra, com Afonso Lopes Vieira, Aquilino Ribeiro, Câmara Reys, Raul Lino, Reinaldo dos Santos, Samuel Maia e Sant'Ana Dionísio.

[ desenvolver]

Bib.: Ricardo António Alves, «Raul Proença, Ferreira de Castro e o Guia de Portugal», Castriana #2, Ossela, 2004.

Thursday, September 24, 2015

«A LÃ E A NEVE, de Ferreira de Castro: a História escreve-se no presente»

Será o tema da minha comunicação no Museu Ferreira de Castro (25, sexta, pelas 18 horas -- estão todos convidados), no âmbito das Jornadas Europeias do Património, este ano dedicado ao Património Industrial.

Saturday, September 19, 2015

"Escrever com os clássicos"

da recensão de Miguel Real ao romance de Margarida Palma, Veio Depois a Noite Infame (grande título!), no último JL:
«[...] Constrói personagens caracterizando-as física, social e psicologicamente (e até religiosamente), como o fazia Camilo ou Eça, Ferreira de Castro ou Fernando Namora. [...] exibe no seu romance uma voluntária lentidão literária, um vagar estético, que só encontramos em Júlio Dinis e Eça [...]»

Wednesday, September 16, 2015

marcadores

ficha:
livro: Não Há Borracha que Apague o Sonho (Museu Ferreira de Castro). Frente
autora: Luísa Ducla Soares
ilustradora: Danuta Wojciechowska
editor: Câmara Municipal de Sintra
colecção: «Museus para contar e encantar»
ano: 2005
dimensões: 21x5 cm.

Tuesday, September 15, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: do significado de Sintra para Ferreira de Castro (5)


Em terceiro lugar, Castro foi um contemplativo da Natureza, em especial da natureza vegetal; e esta ocupa também um lugar de primeira importância na sua obra, como desde sempre viram exegetas mais atentos: já na década de 1930, o poeta João de Barros assinalara nas páginas da Seara Nova, em recensão crítica a Eternidade (1933), a «paisagem, humanizada pelos que nela penam e sofrem» (in Museu Ferreira de Castro – Periódicos, MFC/D, João de Barros, «Livros», Seara Nova #345, Lisboa, 1 de Junho de 1933: 141-142); e outros críticos tirarão desta humanização mais extremes e significantes consequências: de António Cândido Franco, que sublinhará, a propósito do romance A Selva (1930), «[…] uma atribuição precisa de sentido à natureza […]» (in António Cândido Franco, «O significado da selva na obra de Ferreira de Castro», Colóquio – Letras #104-105, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1978: 62), a Torcato Sepúlveda, notando que o escritor, «[…] na obra como na vida, cultiv[ara] um doce paganismo em que a natureza era antropomorfizada […]» (in Torcato Sepúlveda, «A natureza como personagem de romance», Público, Lisboa, 29 de Junho de 1994: 25) – como teremos oportunidade de ver, a propósito das árvores de Sintra.

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Friday, September 11, 2015

Mário Cláudio: memória de Ferreira de Castro

Uma crónica  no Diário de Notícias.



 Uma breve observação: a referência ao suicídio e ao internamento no Hospital da CUF. Castro esteve internado, com uma grave crise hepática, sujeitando-se a três intervenções por uma equipa coordenada por Pulido Valente, em 1953. Se o escritor pensou nessa encarou a possibiliodade de suicidar-se, é até hoje um facto desconhecido. Uma vez que já passaram mais de quarenta anos sobre estas recordações de Mário Cláudio, talvez haja alguma confusão, uma vez que quando o autor de A Selva padeceu duma grave septicemia, em 1931, aí sim, está documentada uma pulsão suicidária (estamos poucos meses depois da morta da companheira, Diana de Lis, perda que sempre o atormentou), numa nota de suicídio que pude revelar em apêndice à correspondência com Roberto Nobre, publicada em 1994.

Thursday, September 03, 2015

F de «Família» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

1. família de origem. Primogénito de José Estáquio e Maria Rosa Soares de Castro. Órfão de pai (sobre quem nunca escreveu uma linha que se conheça) aos seis anos. Desse casamento resultaram quatro filhos, sendo o futuro escritor o mais velho. Após a viuvez, a mãe teve mais descendência, não tendo sido, por enquanto, apurada a sua paternidade. «Asfixia» é a palavra que Castro usa para caracterizar a vivência familiar que lhe coube, invocando-a, em consequência dos métodos repressivos da mãe, que o humilhavam, como uma das causas da sua partida para o Brasil. Referências muito breves a uma avó, entre outros. Após o regresso, a relação com a mãe caracteriza-se por uma preocupação com o seu bem-estar, embora com alguma distância.

2. famílias que constituiu. vive, em união de facto, com Diana de Liz, entre 1927 e 1930, data da morte desta, não havendo descendência. Casa--se, em 1938, em Paris, com Elena Muriel, jovem pintora espanhola, mãe da única filha de ambos, Elsa, sem descendência.

3. "família espiritual". O termo é seu, referindo-se à comunidade de escritores, num inquéiro sobre Direito de Autor.

(adenda) 4. a representação da família na obra ficcional.

(a desenvolver)

Friday, July 17, 2015

E de «Ecos da Semana» - para um Dicionário de Ferreira de Castro

Designação de uma coluna que Ferreira de Castro publicava no suplemento cultura de A Batalha, entre 1924 e 1926, textos que em boa hora foram reunidos em livro pelo Centro de Estudos Libertários, pela mão de Luís Garcia e Silva, em 2004. Castro a comentar o momento. Essencial.

(a desenvolver)

bibliografia: a minha recensão na Castriana #3 (um cheirinho aqui)

Wednesday, July 15, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: do significado de Sintra para Ferreira de Castro (4)


Mas, se a narrativa castriana veicula um escopo de intervenção social, sendo marcadamente ideológica, esse desígnio tem sido responsável por uma subvalorização da dimensão metafísica, que é o segundo aspecto caracterizador do corpus literário que nos legou, e o impregna e complementa (1)dimensão radicada na frágil e trágica condição de finitude de cada indivíduo, agudizada quando a consciência de fim não se ampara na crença religiosa da vida após a morte – como é o caso do nosso autor.


(1) Ver Eugénio Lisboa, «Ferreira de Castro e o seu romance O Intervalo : uma metáfora para a condição humana», Folhas – Letras & Outros Ofícios, #3, Aveiro, Grupo Poético de Aveiro, 1998: 11-18; republicado em Indícios de Oirovol. I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009: 129-139.

(artigo completo)

Tuesday, July 07, 2015

castrianas: A SELVA em referência de António Quadros numa visão de conjunto do romance brasileiro

É pouco referida a influência que os dois primeiros romances de Ferreira de Castro, Emigrantes  e A Selva, tiveram nos jovens autores do romance nordestino da década de 1930, nomeadamente Jorge Amado e José Lins do Rego. Creio que Álvaro Salema terá sido o primeiro a escrevê-lo explicitamente.
Numa excelente conferência sobre «O romance brasileiro actual», proferida no início dos anos sessenta, António Quadros, já em balanço final e referindo-se à tradição portuguesa da ficção narrativa do Brasil, associa o portuguesíssimo e universalista escritor português sem outra razão aparente que não seja a de evocar o poderoso romance que tem por cenário a magnitude vegetal amazónica, ora edénica ora -- as mais das vezes -- infernal, descrita como nenhum brasileiro o fizera.

« Vincadamente de tradição portuguesa, ainda quando formalmente pareça seguir outros modelos e estruturas, é uma literatura aberta à razão cósmica, que a assume e revela, que quereria ser a voz dos próprios paradoxos e das próprias contradições, que surpreende o homem, não como conceito, não sequer como substância, mas como puro movimento, como movimento infinitamente disponível, potencialidade constantemente a actualizar-se e a formar-se sob a reacção de novos estímulos e solicitações. Este carácter é evidentemente mais visível na tradição que designadamente passa por José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Dinah Silveira de Queiroz e Guimarães Rosa, que visionam o homem em união mais íntima com a natureza e as forças nuas do sentimento, da raça, do inconsciente, da inefável alma do universo, mas não deixa de aflorar num Aluízio de Azevedo, num Raúl Pompeia, num Machado de Assis, num Erico Veríssimo, numa Lígia Fagundes Teles, num Ferando Sabino, na medida em que as suas personagens reflectem o tumulto, a inquietação, a gratuita liberdade do urbanismo brasileiro, crescendo com o vigor cósmico de uma selva, aquela selva que Ferreira de Castro tão vigorosamente soube pintar em sua majestade irracional e misteriosa.»

in O Romance Contemporâneo, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Escritores, 1964.

Wednesday, July 01, 2015

D de «Diabo (O)» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

«Semanário de Crítica Literária e Artística», resultado da convergência entre anarquistas e republicanos, publicando-se entre 1934 e 1940, encerrado compulsivamente pelo regime do Estado Novo. Ferreira de Castro é um dos fundadores, colabora logo no 'número espécime' (ou n.º zero), e chega a dirigir o jornal por dois breves meses, em 1935, uma solução de recurso que assegurou a saída do hebdomadário. Descontente com o jornal, José Régio augurava, nas páginas da presença, uma melhoria com a direcção de Ferreira de Castro, que nele imprimiu nitidamente a sua marca, apesar do tempo curtíssimo como director. A seu convite, substitui-o na direcção o filólogo e professor Rodrigues Lapa, figura insigne da Oposição, com afinidades também à ideologia libertária. O jornal evoluiria para posições mais próximas do PCP, com a colaboração de jovens intelectuais comunistas, entre os quais Álvaro Cunhal. Castro e O Diabo mantiveram boas relações, tendo aquele concedido um extensa e importante entrevista, em 1940, estando à frente da publicação aquele que seria o último director, Manuel Campos Lima.

(a desenvolver)

bib: o meu artigo na Castriana #5, os livros de Clara Rocha, Daniel Pires e Luís Trindade.

Wednesday, June 24, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: do significado de Sintra para Ferreira de Castro (3)

É, pois, compreensível que, desde cedo, a sua obra fosse apresentada como anunciadora do neo-realismo – não sem alguns equívocos e controvérsia que se prendem mais com facciosismo partidário do que com a análise ideologicamente desapaixonada e não comprometida… (ver Ricardo António Alves, Anarquismo e Neo-Realismo – Ferreira de Castro nas Encruzilhadas do Século, Lisboa, Âncora Editora, 2002: 71-108).
Mas, se a narrativa castriana veicula um escopo de intervenção social, sendo marcadamente ideológica, esse desígnio tem sido responsável por uma subvalorização da dimensão metafísica, que é o segundo aspecto caracterizador do corpus literário que nos legou, e o impregna e complementa (1) ; dimensão radicada na frágil e trágica condição de finitude de cada indivíduo, agudizada quando a consciência de fim não se ampara na crença religiosa da vida após a morte – como é o caso do nosso autor.

(1)Ver Eugénio Lisboa, «Ferreira de Castro e o seu romance O Intervalo: uma metáfora para a condição humana», Folhas – Letras & Outros Ofícios, #3, Aveiro, Grupo Poético de Aveiro, 1998: 11-18; republicado em Indícios de Oiro, vol. I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009: 129-139.

in Tritão #2, Sintra, Câmara Municipal, 2014

(artigo completo)

Monday, June 22, 2015

C de «Canções da Córsega» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

Conferência proferida na Universidada Popular Portuguesa, em 16 de Dezembro de 1934, a convite de Ema Santos Fonseca da Câmara Reis, e integrada nos ciclos de Divulgação Musical, que organizava.
O texto elabora sobre aspectos do canto popular corso (Ferreira de Castro esteve na Córsega nesse ano) e a idiossincrasia daquele peculiar povo insular -- temas que abordaria em capítulo próprio de Pequenos Mundos e Velhas Civilizações.

(a desenvolver)

Bibliigrafia: 100 Cartas a Ferreira de Castro; Ema Santos Fonseca da Câmara Reys, Divulgação Musical III, Lisboa, 1936.

Wednesday, June 17, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: Do significado de Sintra para Ferreira de Castro (2)

«Aqui está, neste glorioso cume, contente e bem poisado, o espírito de “águia” que sempre andou abraçado e continua vivo na obra magnífica de José Maria Ferreira de Castro.» Jorge Segurado (1)

 «[…] onde quer que eu esteja, tenho um pensamento glorioso para esse homem, severo e compassivo, que a Serra de Sintra guarda. […]»  Agustina Bessa Luís (2)

Da obra literária de Ferreira de Castro sobressaem algumas marcas importantes, reconhecíveis como traços distintivos pelos leitores avisados: Em primeiro lugar, o entendimento que Ferreira de Castro tinha da arte e, em especial, da literatura era o de que ela seria tanto melhor servida quanto mais reflectisse um desígnio humanista; isto é: arte dos homens e para os homens, pondo em equação os factores que directa e indirectamente condicionassem a dignidade do indivíduo. Daí que a caracterizemos, e bem, como uma literatura realista de intenções sociais, que, a partir de Emigrantes (1928), trouxe para o romance português a novidade do ponto de vista «das personagens que não têm lugar no mundo» (in Ferreira de Castro, «Pórtico» de Emigrantes [1928], Lisboa, Guimarães Editores, 1988: 14), consubstanciado, aliás, no próprio título, que remete para um colectivo humano indiferenciado, anunciando um conjunto de seres humanos previsivelmente desfavorecidos e à mercê da conjuntura histórica, política e social. Ontem como hoje. 

 (1) In Museu Ferreira de Castro – MFC/C-5 Jorge Segurado, «O último acto de Ferreira de Castro», Diário de Notícias, Lisboa, 1 de Julho de 1975. 
(2) In Agustina Bessa Luís, «Ferreira de Castro», Vária Escrita #3, Sintra, Câmara Municipal, 1996: 129; republicado em Contemplação Carinhosa da Angústia, Lisboa, Guimarães Editores, 2000: 143-151.

artigo completo

Tuesday, June 16, 2015

B de Barros (para um dicionário de Ferreira de Castro)

Poeta, pedagogo, político -- foi ministro dos Negócios Estrangeiros na I República -- João de Barros (Figueira da Foz, 1881 - Lisboa, 1960), é um dos últimos grandes vates pré-modernistas portugueses, autor de uma poética vitalista e inconformada, muito ao arrepio da tradição nacional, fatalista e lamentosa. Como escritor, importa referir também a importante obra cronística e ainda -- muito ligado à sua faceta de pedagogo -- a adaptação de clássicos, «contados às crianças e ao povo»,  como Os Lusíadas, entre outros. Era pai de Henrique de Barros, agrónomo e professor universitário que presidiu à Assembleia Constituinte (1975-1976) e sogro de Marcelo Caetano.
A estreita amizade com Ferreira de Castro -- foi padrinho da filha deste, Elsa -- remonta à década de 1920. Barros foi dos poucos autores em relação ao qual Castro transigiu, escrevendo um prefácio para a edição reunida de Anteu  e Sísifo (1959). Há pelo menos três poemas que lhe são dedicados.

(a desenvolver)

Bibliografia: além da activa de ambos, as 100 Cartas a Ferreira de Castro, o apêndice na Correspondência entre Ferreira de Castro e Roberto Nobre sobre a propositura ao prémio Nobel, em 1951.

Sunday, June 14, 2015

"Sob as velhas árvores românticas": Do significado de Sintra para Ferreira de Castro (1)

Resumo

A escolha de Sintra por Ferreira de Castro prende-se intimamente com as linhas de força da sua obra literária, que se liga aos homens com uma sensibilidade permeada pelo justo equilíbrio dos próprios homens entre si, e da vida destes com toda a envolvente natural, vegetal e animal, que lhe dá significado e sentido.

Palavras-chave: Ferreira de Castro, Literatura, Morte, Natureza, Sintra.

in Tritão #2, Sintra, Câmara Municipal, 2014
(artigo completo)

Thursday, June 11, 2015

Para um DICIONÁRIO DE FERREIRA DE CASTRO

Já de há muito que acalento a possibilidade de elaborar um Dicionário de Ferreira de Castro. Obviamente que esse seria um trabalho de uma vida, à maneira de Alexandre Cabral (outro castriano, por sinal), e eu já me daria por satisfeito se lograsse uma espécie de abc sobre o escritor. Por isso, defendo-me e tento fintar a sensação de esmagamento diante de tarefa tão extenuante, lançando cá para fora verbetes com texto mínimo, ficando os microensaios para as calendas…. Além do mais, um verdadeiro dicionário de Ferreira de Castro teria de ser um trabalho colectivo e com alguma especialização, havendo, felizmente, para as principais áreas temáticas, gente que poderá falar com conhecimento e acerto. Talvez mais à frente, isso possa ser concretizado. Para já, fiquem-se com estas pedras ao poço.

A de «Alma Lusitana» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

«Phase da Guerra Luso-Alemã em Naulila, Africa -- (1914-15)».
Segundo livro publicado por Ferreira de Castro, ainda em Belém do Pará, em 1916. É também o seu primeiro texto dramático, género que intermitentemente cultivou até meados da década de 1930.
38 págs., sem  menção de tipografia.

Bibliografia a ter em conta: Alberto Moreira, Bernard Emery, Clara Campanilho Barradas.

(a desenvolver)

Wednesday, June 10, 2015

Chego do café

... jornais e revista debaixo do braço. Em comum, todos falam do Ferreira de Castro. O Jl, de ontem, como ontem já escrevi, o texto de Ana Margarida de Carvalho sobre A Selva. Também a Ler  de Março, que ainda não acabara, com a resposta de Manuel da Silva Ramos a uma pergunta que eu lhe fizera em Sintra, sobre algo relacionado com A Lã e a Neve e a sua Covilhã. Finalmente, no último número de A Batalha, (n.º 264, Mar.-Abr. 2015) herdeira da histórica publicação da desaparecida CGT, o repescar de um artigo de Ferreira de castro, de 1925, sobre Eduardo Metzner, a propósito de um livro recente de Gabriel Rui Silva, Eduardo Metzner -- Vida e Obra de um Sem-Abrigo (Licorne, 1914), com recensão de António Cândido Franco. Tudo pode ser visto aqui  Nada má, a jornada castriana.

Tuesday, June 09, 2015

Ana Margarida de Carvalho, no JL de hoje: "'A Selva' continua a chamar por nós, a insistir em querer dizer-nos coisas.»


O lead do artigo de Ana Margarida de Carvalho
(não confundir, como faz o JL, e muitos outros, o Museu Ferreira de Castro,
em Sintra, com a Casa-Museu Ferreira de Castro, em Ossela)


Thursday, May 21, 2015

Castro e Cendrars


Num livro póstumo de Louis Parrot (1906-1948), na suculenta colecção «Poètes d'Aujourd'hui» da Seghers (vol. 11) sobre Blaise Cendrars (Paris, 1948), (são também de sua autoria os volumes 1 e 7, respectivamente sobre Éluard e Lorca), leio sobre a influência que a leitura de Ferreira de Castro provocaram em poemas de temática brasileira de Feuilles de Route ou em narrativas como «En trasantlantique dans la Forêt» -- tudo a ler cum granum salis, como se voltou a dizer:

«Dans sa descritption de la forêt, Blaise Cendrars atteint à la puissance d'um Ferreira da [sic] Castro, l'un des plus grands écrivains d'aujourd'hui, le Kipling portugais, qui très pauvre, partit à douze ans pour le Brésil, y connut la vie des plus misérables émigrants, des "seringueiros", et nous donne dans son chef-d'oeuvre, A Selva, La Forêt Vierge, le témoignage d'un homme tout pénétré de souffrance et d'amour [...] Da [sic] Castro a trouvé en Cendrars un égal, un homme qui, sans avoir la même expérience de la vie brésillienne, en a su cependant comprendre tout l'essentiel.» (pp. 66-67)
É de notar que a notoriedade de Ferreira de Castro em França era então grande -- foi nesse ano feito sócio-honorário da Socité des Gens de Lettres de Paris -- fundada por Balzac, Hugo, Dumas e George Sand, sendo à época presidida por Maurice Bedel. Ainda hoje, a França é o país em que Castro está mais presente, mais ainda do que no próprio Brasil, se exceptuarmos a região amazónica e as cidades de Belém e Manus.

Wednesday, May 20, 2015

Sérgio Luís de Carvalho fala sobre O INSTINTO SUPREMO

Sérgio Luís de Carvalho, Prémio Ferreira de Castro de Ficção Narrativa / 1989 
com o romance Anno Domini 1348
«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois»
22 de Maio, sexta-feira, pelas 19 h.
no
Musa - Museu das Artes de Sintra
tel: 219238828




Sunday, May 17, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (27) - posição relativa no PDALP

1- Ferreira de Castro, 21 cm.
2- José Rodrigues Miguéis, 15 cm. (foto em extratexto)
(Júlio Dinis, 14 cm.)
3- Aquilino Ribeiro, 13,8 cm. (foto em extratexto)
4- Fernando Namora, 10,9 cm.
5- Joaquim Paço d'Arcos, 9,6 cm.
6- Alves Redol, 8,2 cm.
7- Maria Archer, 7 cm.
8- Assis Esperança, 6,5 cm.
9- Manuel Ribeiro - sem entrada

Thursday, May 14, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (26) - o Pequeno Dicionário de Autores de Língua Portuguesa


PEQUENO DICIONÁRIO DE AUTORES DE LÍNGUA PORTUGUESADa autoria de Fernanda Frazão e Maria Helena Boavida, o PDALP é uma edição dos Amigos do Livro, Lisboa, 1983. Não sendo perfeito, não há dicionários perfeitos, é melhor e mais completo do que alguns de maior projecção. Eu próprio, aliás, desconhecia-o até há pouco.
Uma boa entrada sobre Ferreira de Castro, com pequenas falhas (onde não as há?).
Referindo-se à obra «fortemente inovadora e pessoal» do autor, salienta Emigrantes e A Selva, «consagra[grando-o] como intérprete dum populismo visceral que só viria a encontrar eco na geração seguinte e que nele é visão cósmica, evocação daquilo que no homem é instinto puro animal mas também identificação com o desafio às eternas forças primordiais. da natureza.» A partir de A Lã e a Neve, segundo as autoras, os seus romances «reflectem um domínio, entre nós inigualado na montagem da ficção[..]».

Tuesday, May 12, 2015

José Manuel Mendes fala sobre A CURVA DA ESTRADA

«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois»
15 de Maio, sexta-feira, pelas 18 h.
no
Museu Ferreira de Castro
tel: 219238828


Wednesday, May 06, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (25) -o "Suplemento" Dicionário de História de Portugal


Obra notabilíssima publicada entre 1963 e 1971, pelo grande Joel Serrão, teve, no final do século passado, uma actualização em três volumes, coordenados por António Barreto e Maria Filomena Mónica, a convite do seu organizador original. O verbete sobre Ferreira de Castro (vol. VII, Porto, Figueirinhas, 1999) é de Paulo Morais Alexandre e, basicamente, bem redigido, embora com pequenas imprecisões, acaba, no entanto, por revelar as mesmas insuficiências, no que respeita ao percurso cívico-político durante o Estado Novo, que já salientei aqui, não obstante as remissões, que oportunamente irei analisar.


Quanto às dimensões das entradas daqueles de quem nos temos vindo a ocupar, são as seguintes:

!. Alves Redol, 28,7 cm., com foto (por Carlos Reis);
2. Aquilino Ribeiro, 27,5 cm., com foto (por Carlos Reis)
3. José Rodrigues Miguéis, 24,9 cm. (por Maria José Marinho);
4. Fernando Namora, 20,1 cm. (por Carlos Reis);
5. Ferreira de Castro, 19 cm., com foto (por Paulo Morais Alexandre);
6. Joaquim Paço d'Arcos, 10,9 cm. (por Nuno Júdice);
 Manuel Ribeiro, Assis Esperança e Maria Archer não têm entradas próprias.

Monday, May 04, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (24) - posição relativa no Dicionário de História do Estado Novo

1. Fernando Namora (por Ana Maria Pereirinha): 67,5 cm.
2. Alves Redol (por Ana Maria Pereirinha): 55,9 cm.
3. Ferreira de Castro (por Patrícia Esquível): 42,6 cm.
4. Aquilino Ribeiro (por Clara Crabée Rocha): 41,6 cm.
5. José Rodriguesd Miguéis (por Clara Crabée Rocha): 33,4 cm.
6. Joaquim Paço d'Arcos (por Patrícia Esquível): 16,1 cm.

Thursday, April 30, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (23) - o Dicionário de História do Estado Novo

Coordenado por Fernando Rosas e J. M. Brandão de Brito, Venda Nova, Bertrand Editora, 1996. O verbete sobre Ferreira de Castro é de Patrícia Esquível. Correcto, imprecisões mínimas (algumas datas). A inserção num dicionário de História tem várias justificações: não apenas a circunstância do peso intelectual, da gravitas de que se revestia Ferreira de Castro enquanto escritor, ao lado de um Aquilino Ribeiro, um José Régio e poucos mais; o texto realça e bem as ligações anarco-sindicalistas, como a presidencia do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa, que apanha em cheio com o 28 de Maio, os texto n'A Batalha, a direcção, já na década de 1930 de O Diabo ou a fundação, nos anos 50, e posterior presidência, no decénio seguinte da Associação Portuguesa de Escritores -- para além, como é óbvio, das próprias temáticas da sua literatura. Infelizmente, numa obra que tem como pano de fundo o Estado Novo, o papel do nosso autor no MUD ou na campanha de Norton de Matos, a constante insurgência contra a Censura ou o recorrente apoio a perseguidos políticos, nomeadamente como testemunha abonatória nos sinistros tribunais plenários, entre outros factos,Anarquismo e Neo-Realismo -- Ferreira de Castro nas Encruzilhadas do Século (2002) -- um e outros já posteriores à feitora deste dicionário.
 não têm aqui qualquer referência. Haverá, no entanto, uma explicação para esse vazio: a bibliografia citada termina com o livro de Álvaro Salema, de 1974, e só depois do 25 de Abril, algumas dessas questões foram estudadas e valorizadas, nomeadamente por mim (passe a pretensa autopromoção...), em artigos dispersos por vezes pouco acessíveis e no meu livro

Wednesday, April 29, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (22) - posição relativa no Dicionário da Literatura Portuguesa

(Júlio Dinis: 94,4 cm. autora: Isabel Pires de Lima)
1. Fernando Namora, 60,2 cm. (autor: Luís Forjaz Trigueiros)
2. Aquilino Ribeiro 57,8 cm. (autor: Óscar Lopes)
3. Alves Redol, 45,1 cm. (autor: Carlos Reis)
4. Ferreira de Castro, 41,5 cm. (autor: Urbano Tavraes Rodrigues)
5. José Rodrigues Miguéis, 29,3 cm. (autor: Henrique Chaves)
6. Joaquim Paço d'Arcos, 24,1 cm. (autor: Luís Forjaz Trigueiros)
7. Manuel Ribeiro, 20,3 cm. (autor: Álvarto Manuel Machado)
8. Assis Esperança, 14 cm. (autor: Álvaro Manuel Machado)
9. Maria Archer, 11,1 cm. (autor: Álvaro Manuel Machado)

Ferreira de Castro nos dicionários (21) - o Dicionário da Literatura Portuguesa

Um bom dicionário, dirigido por Álvaro Manuel Machado (Lisboa, Editorial Presença, 1996). O verbete sobre Ferreira de Castro é, tal como na Biblos, da autoria de Urbano Tavares Rodrigues.Grandes encómios para a generalidade dos romances, em especial A Selva, e desvaloriza as viagens (A Volta ao Mundo) e o longo roteiro d'As Maravilhas Artísticas do Mundo. Não se refere a A Tempestade nem a Pequenos Mundos e Velhas Civilizações e aOs Fragmentos, sendo possível que a redacção do verbete tenha ocoriido antes da publicação da peça póstuma Sim, Uma Dúvida Basta)

Tuesday, April 28, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (20) - posição relativa na Biblos

(Júlio Dinis  + Uma Família Inglesa  + A Morgadinha dos Canaviais: autor: Helena Carvalhão Buescu -  185,5 cm)
1. Aquilino Ribeiro  + A Casa Grande de Romarigães  + O Malhadinhas (autor: Urbano Tavares Rodrigues) 155,8 cm.
2. Alves Redol  + Barranco de Cegos  + Gaibéus (autores: António Apolinário Lourenço, Rosa Maria Goulart e Cristina Robalo Cordeiro Oliveira), 139 cm.
3. Ferreira de Castro,  + Emigrantes  + A Selva . (autores: Urbano Tavares Rodrigues e Sónia Brayner) 87,8 cm
4. José Rodrigues Miguéis (autora: Teresa Martins Marques): 59,6 cm.
5. Fernando Namora (autor: António Pedro Pita), 33,5 cm.
6. Joaquim Paço d'Arcos (autor: Taborda de Vasconcelos) 28,8 cm.
7. Maria Archer, 28 cm. (autor: Carlos Mendes de Sousa)
8. Manuel Ribeiro (autor: João Bigotte Chorão) 19,9 cm.
Assis Esperança (autor anónimo) 16,1 cm.

Ferreira de Castro nos dicionários (19) - a Biblos

Excelente Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, com direcção colectiva de José Augusto Cardoso Bernardes, Aníbal Pinto de Castro, Maria de Lourdes Ferraz, Gladstone Chaves de Melo e Maria Aparecida Ribeiro, e coordenação editorial de João Bigotte Chorão, a Biblos é composta por cinco volumes publicados entre 1995 e 2005.
A entrada sobre Ferreira de Castro é de Urbano Tavares Rodrigues, num tom ensaístico muito interessante no âmbito dum verbete de dicionário, destaco o realce que dá ao porte do autor de A Lã e a Neve como "ficcionista de grande fôlego":
«Se na obra de Aquilino [pertence também a Urbano o texto sobre aquele, na Biblos], outro gigante do seu tempo, cada período é trabalhado como uma jóia, nos romances de Ferreira de Castro há que atender menos à perfeição do pormenor do que ao ímpeto da torrente e à arquitectura do conjunto.» (vol. I, col. 1070).
No vol. II (1997), há uma breve entrada sobre Emigrantes, não assinada; e no IV (2001) uma competente súmula de A Selva, por Sônia Brayner. 

Ferreira de Castro nos dicionários (18): posição relativa no DCAP

1. Aquilino Ribeiro (61,3 cm.)
2. José Rodrigues Miguéis (40 cm.)
3. Fernando Namora (38,9 cm.)
4. Joaquim Paço d'Arcos (37 cm.)
(Júlio Dinis - 28,8 cm.)
5.Alves Redol (27,3 cm.)
6. Ferreira de Castro (25,7 cm.)
7. Maria Archer (21,7 / 22,4 cm)*
8. Manuel Ribeiro (16,6 cm.)
9. Assis Esperança (10,2 cm.)

* Maria Archer, sobre cuja data de nascimento há dúvidas, surge nos vol. III e IV, com verbetes de diferente autoria.

Monday, April 27, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (17) - o Dicionário Cronológico de Autores Portugueses

Publicado em seis volumes (1985-2001), nas Publicações Europa-América, dirigido por Eugénio Lisboa (vols. I-III) e Ilídio Rocha (IV-VI). Os verbetes não estão assinados, surgindo a lista dos colaboradores surge no início de cada tomo.
O texto sobre Ferreira de Castro (vol. III, 1994) está bem feito, de forma concisa e com informação relevante (um ou outro erro ou omissão, nomeadamente no que respeita a datas bibliográficas, não põem em causa o bom trabalho de conjunto.)
Quanto à análise da obra, o teor é geralmente assertivo e acertado. Referência ao "marco" que constituiu Emigrantes, com citação de Jaime Brasil, às muitas traduções, principalmente de A Selva, e ao seu cariz de autor "viageiro". Alusão às "reservas" quanto ao estilo, compensadas pelo valor global da obra, referida como "uma das mais importantes" do século XX português, terminando com considerações sobre o lugar que ela ocupa(rá) no património literário.

Wednesday, April 22, 2015

Cristina Leimart fala sobre os contos de Ferreira de Castro

«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois»
24 de Abril, sexta-feira, pelas 19 h.
no
Museu Ferreira de Castro
tel: 219238828



Wednesday, April 15, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (16): posição relativa no Dicionário Biográfico Universal de Autroes

1. Ferreira de Castro -- 96,9 cm. (autor: João Palma-Ferreira)
2. Aquilino Ribeiro -- 89 cm. (autora: Maria Idalina Resina Rodrigues)
(Júlio Dinis -- 70,3 cm. äutor: Jacinto do Prado Coelho]¨)
3. Alves Redol -- 57,7 cm. (autora: Maria Idalina Resina Rodrigues)
4. Fernando Namora -- 51,5 cm (autora: Maria Idalina Resina Rodrigues)
5. José Rodrigues Miguéis -- 38,2 cm. (autor: L. R. [?])

Manuel Ribeiro, Assis Esperança, Maria Archer e Joaquim Paço d'Arcos não têm entradas)

Tuesday, April 14, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (15) - o Dicionário Biográfico Universal de Autores

João Palma-Ferreira
O Dicionário Biográfico Universal de Autores é um projecto da Artis, a partir da matriz italiana da Bompiani. Dicionário em cinco volumes, a parte luso-brasileira esteve a cargo de Luís de Albuquerque, Luís de Freitas Branco, Jacinto do Prado Coelho e Armando Vieira Santos. A publicação, inusitadamente longa, prolongou-se por 16 anos, entre 1966 e 1982.

O autor da entrada sobre Ferreira de Castro (vol. II, 1970) foi João Palma-Ferreira. A sua redação será anterior a 1963, uma vez que nem As maravilhas Artísticas o Mundo  nem O Instinto Supremo são referidos. Dela, importa-me destacar o seguinte: 

1) o relevo que dá à importância do escritor no âmbito da literatura de viagens -- nomeadamente A Volta ao Mundo --, género de tradição secular na cultura portuguesa; 

2) o enfoque no carácter dilemático, psicológico, na obra romanesca de Ferreira de Castro, neste passo que já citei por várias vezes noutras ocasiões, mas que -- até pela sua argúcia e pertinência -- volto a citar: «[...] é Ferreira de Castro o primeiro escritor ficcionista moderno que, em Portugal, se preocupa em colocar o leitor no centro de um problema de que foi obrigado a fazer prévia participação e de onde extraiu, pelo menos, um complexo de situações profundamente dramáticas e pessoais.» Curiosamente, as reservas expostas quanto ao estilo e à concretização narrativa não são da sua pena, mas referência ou citação de Óscar Lopes, que foi sempre ambivalente quanto a Ferreira de Castro. E se escrevo 'curiosamente' é por me parecer que Palma-Ferreira tinha bagagem teórica e conceptual, além  de estatuto, suficientes, já em 1970, para dispensar-se de tutelas.

3) uma originalidade, no âmbito destes verbetes para dicionários e enciclopédias, que é a sinalização de datas fundamentais no seu percurso literário, bem demarcadas quanto ao significado que encerram -- 1924, 1928 e 1944 -- com as quais, porém parcialmente discordo: 

Estou em desacordo quanto à primeira pois para o ensaísta, 1924 assinala na ainda incipiente obra castriana uma «produção de implicação simultaneamente social e psicológica». Quanto a mim, nada há distinga a ficção publicada anteriormente (mesmo sem irmos às primícias no Brasil). Creio, aliás, que só indirectamente Palma-Ferreira terá tido conhecimento desses títulos iniciais; 1928, claramente, é o ano de Emigrantes, e portanto uma data decisiva (embora, para mim, mais decisivo tenha sido 1927); já 1944, ano da conclusão da edição de a Volta ao Mundo, compreendendo-se na intenção de salientar do lugar de Ferreira de Castro na literatura de viagens, seria preferível, do meu ponto de vista, a sua antecipação para 1939, ano em que realizou o périplo, na companhia de Elena Muriel, servindo também como charneira entre Pequenos Mundos e Velhas Civilizações e A Volta ao Mundo.

Saturday, April 11, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (14): posição relativa no Dicionário de Literatura, de Jacinto do Prado Coelho,

João Pedro de Andrade
(Júlio Dinis + Uma Família Inglesa + A Morgadinha dos Canaviais + As Pupilas do Senhor Reitor) -- 210,2 cm: autores: Túlio Ramires Ferro e Luiz Forjaz Trigueiros [As Pupilas...])
1. Aquilino Ribeiro + Terras do Demo + O Malhadinhas -- 106,5 cm. (autor: João Pedro de Andrade)
2. Ferreira de Castro + A Selva -- 91 cm. (autor: João Pedro de Andrade)
3. José Rodrigues Miguéís -- 48 cm. (autor: José Palla e Carmo)
4. Maria Archer
  . Fernando Namora
  . Joaquim Paço d'Arcos
  . Alves Redol
  . Manuel Ribeiro (remissão para entradas com sínteses de conjunto: "Contemporâneos", "Neo-Realismo", etc.)
 9. Assis Esperança (sem qualquer remissão, três referências no índice onomástico)

Friday, April 10, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários: (13): o Dicionário de Literatura, dirigido por J. Prado Coelho

Dirigido por Jacinto do Prado Coelho, e editado pela portuense Livraria Figueirinhas, compreende as literaturas portuguesa, brasileira e galega e ainda a estilística literária. Dos autores que seleccionei para esta sondagem, apenas três -- Castro, Aquilino e Miguéis (além de Júlio Dinis) -- têm entrada própria, a que acresce, com excepção de Miguéis, verbetes sobre alguns títulos, como veremos no próximo post.
Há 23 anos publiquei uma carta de João Pedro de Andrade a Ferreira de Castro, pedindo-lhe, em 1955, elementos para este dicionário*, que só seria editado por volta de 1960. Andrade, um excelente crítico e importante dramaturgo era um velho conhecimento de Ferreira de Castro, desde o tempo da revista A Hora (1922).
Do verbete sobre Ferreira de Castro (vol. I), informativo e biográfico como lhe cumpria, destaco a concisa análise das obras da primeira fase, pré-Emigrantes para o primeiro grupo romanesco do autor: «Ao inconformismo que se afirmava, através dum estilo imaginoso, em rebeldia por vezes destrutiva, sucede uma fase caracterizada pelo humanismo dos temas e pela atitude compreensiva, que não exclui combatividade implícita na objectividade quase fotográfica, com muito de reportagem.» Faltou-lhe, porém, a referência ao outros aspecto fundamental da obra castriana, o perscrutar da mentalidade de hoje e de sempre do Homem, aspecto que torna os romances de Ferreira de Castro não apenas um acervo realista duma certa época histórica, mas também uma sondagem psicologicamente fina do comportamento humano.
A entrada sobre A Selva  (vol. IV) é plenamente conseguida na exposição concisa das linhas de força da narrativa, bem como na caracterização estilística da obra.
Socorro-me da 4.ª edição, de 1980.

*100 Cartas a Ferreira de Castro, Sintra, Câmara Municipal / Museu Ferreira de Castro, 1992.

Wednesday, April 08, 2015

Fereira de Castro nos dicionários (12) -- posição relativa na Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura

(Júlio Dinis -- 35,4 cm.; autor: Jacinto do Prado Coelho)
1. Ferreira de Castro -- 18,2 cm.; autor: F.Jasmins Pereira;
2. Aquilino Ribeiro -- 14, 2 cm.; autor: Taborda de Vasconcelos;
3. Joaquim Paço d'Arcos -- 9,3 cm.; autor: T.S. Homem;
4. Manuel Ribeiro -- 9,2 cm.; autor: José Alves Pires;
5. Fernando Namora -- 9 cm.; autor: José Alves Pires;
6. José Rodrigues Miguéis -- 8,9 cm.; autor: José Alves Pires;
7. Alves Redol -- 6,8 cm.; autor: José Alves Pires;
8. Maria Archer -- 2,7 cm.; sem referência de autoria;
9. Assis Esperança -- sem entrada própria.

Tuesday, April 07, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (11) - a Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura

Ao contrário da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, com vária colaboração republicana e oposicionista, a "Luso-Brasileira" da Verbo tem uma orientação vinculada à Igreja Católica, nomeadamente a Companhia de Jesus, pontificando os padres Manuel Antunes e João Mendes, mas também Vitorino Nemésio, entre outros.
Uma obra como a de Ferreira de Castro, de feição anarquista, ateia e, mitigadamente, embora, anticlerical, não podia ser entusiasticamente acolhida por aqueles lados.
O verbete é de F. Jasmins Pereira (vol. 4, 1966), autor, aliás, de um ensaio não despiciendo: Ferreira de Castro e a sua Obra (1956). É pena, porém, deixar-se condicionar pelo preconceito ideológico, de sentido contrário, de resto, ao que aponta a Ferreira de Castro.
Para Pereira, a pecha do nosso autor é um alegado "encerramento do seu universo romanesco a qualquer horizonte espiritual", restringindo essa espiritualidade à prática e crença religiosas, como se não houvesse metafísica, inquietação, mundo interior e transcendência fora da religião e da Igreja Católica em particular... É, por isso, muito crítico de livros como A Curva da Estrada  ou A Missão, por razões óbvias; apreciando, clara e curiosamente, romances subversivos como A Lã e a Neve ou A Experiência.
Em face de outras entradas que li nesta enciclopédia, esta até poderia ser uma das melhores. Foi pena.
Uma nota para a síntese excelente sobre Aquilino, de Taborda de Vasconcelos, os verbetes muito equilibrados de José Alves Pires  (Faculdade de Filosofia de Braga) sobre Manuel Ribeiro, José Rodrigues Miguéis, Alves Redol e Fernando Namora, e ao remoque não assinado no texto brevíssimo sobre Maria Archer (vol. 2), a propósito do "feminismo pretensamente evoluído" da autora.
Ao contrário do que sucede com a GEPB, esta não exibe qualquer retrato dos escritores referidos, com excepção de Júlio Dinis.

Monday, April 06, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (10) -- posição relativa na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

(Voltando a notar que se trata de um mero indicador, uma vez que no caso da GEPB, a autoria dos verbetes é diversa, bem como o seu conteúdo. Por exemplo, a actualização da entrada sobre Joaquim Paço d'Arcos, resume-se a uma longa lista de bibliografia activa e passiva, traduções, prefácios, etc. -- certamente facultados pelo próprio -- que noutros casos se privilegiou menos. A falta de uniformização rigorosa para cada verbete, acaba, inevitavelmente, por condicionar, para cima e para baixo, a posição relativa de cada romancista.)

* (Júlio Dinis, 148 cm.)
1. Aquilino Ribeiro (79,8)
2. Joaquim Paço d'Arcos (59)
3. Ferreira de Castro (53,8)
4. Manuel Ribeiro (24,2)
5. Maria Archer (20,2)
6. Assis Esperança (19,7)
7. Alves Redol (19,3)
8. José Rodrigues Miguéis (18,1)
9. Fernando Namora (16,9)

Sunday, April 05, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (9): os dois verbetes da GEPB

Entre os dois verbetes da GEPB medeiam 15 anos: 1944 e 1959. Não assinados, como já referi, parecem não ter sido redigidos pelo mesmo autor. Enquanto que o primeiro carreia dados sobre dados biobibliográficos, entremeados por um ou outro elogio mais ou menos inócuo, a entrada de '59, sem descurar a actualização, procura caracterizar alguns dos títulos do autor, para lá dos elogios e das contingências do êxito editorial. Parecem-me especialmente interessantes as notas sobre Emigrantes, que «[...] trazia à novelística o tema novo  [negrito meu] do homem despaísado e errante, saudoso da terra natal e receoso de voltar a ela por vergonha de ter falhado [...]»; e também sobre Terra Fria, apresentado pelo redactor da GEPB como «[...] um drama da vida rural, construído como uma tragédia antiga [...]».

Ficha
volumes: 11 e 39
dimensões: 13,8 + 38 cm;
palavras: --
caracteres: --
retrato: sim

Saturday, April 04, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (8): a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

A GEPB publicou-se entre 1936 e 1960, em 40 volumes, quatro dos quais são "Apêndices". Secretariada por João de Sousa Fonseca, foram seus directores Mendes Correia, António Sérgio, Gonçalves Pereira, Martins Zúquete, Manuel Otero Ferreira e Cardoso Júnior, acolhendo verbetes dum notável corpo de dezenas de colaboradores, um dos quais, Aquilino Ribeiro, é um dos romancistas contemplados neste balanço. A GEPB tinha um grande número de autores da Oposição ao Estado Novo, com claras referências às actividades dos escritores que eram adversários do regime, incluindo as prisões. Os verbetes não eram, infelizmente, assinados.
Quanto aos critérios, verifica-se um bom equilíbrio entre os dados biobibliográficos e a análise e caracterização das respectivas obras, principalmente no que respeita aos romancistas veteranos.
Não contemplo, por agora, a "Actualização", posterior ao 25 de Abril, já com um lote de colaboradores distinto, mantendo, porém, alguns da primeira série.

Friday, April 03, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (7): posição relativa de cada um no Dicionário Universal de Literatura, de Henrique Perdigão

No que respeita às dimensões de cada uma das entradas, com as idades respectivas, uma vez que o Dicionário Universal de Literatura é o único em que estes romancistas, que são contemporâneos, estão em actividade.

1. Ferreira de Castro (42 anos)
*. (Júlio Dinis)
2. Fernando Namora (21 anos)
3. Manuel Ribeiro (62 anos)
4. Aquilino Ribeiro (55 anos)
5. José Rodrigues Miguéis (39 anos)
6. Maria Archer (41 anos)
7. Joaquim Paço d'Arcos (32 anos)
8. Assis Esperança (48 anos)
9. Alves Redol (29 anos)

Thursday, April 02, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (6): Júlio Dinis no Dicionário Universal de Literatura, de Henrique Perdigão

Dicionário Universal de Literatura
Como referi no primeiro post desta série, a ideia de incluir Júlio Dinis como única excepção neste garimpo de Ferreira de Castro e mais nove romancistas seus contemporâneos pelos dicionários literários, históricos e de autores, foi a de verificar as oscilações quanto à sua representatividade, sem dúvida com resultados mais interessantes do que verificaria com Camilo ou Eça. No fim desta prospecção, perceberei se esta minha ideia, um tanto ou quanto bizarra, teve alguma razão de ser.

Júlio Dinis (´"Julio Diniz (1839-1871)"). Verbete muito bem feito no que respeita à biografia, caracterização da obra, referência a póstumos, bibliografia passiva e traduções. Referências  críticas: Alexandre Herculano e Eça de Queirós.

Ficha:
pág.; 364
dimensões: 30,5 cm.
palavras: --
caracteres: --
retrato: sim

Wednesday, April 01, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (5): Joaquim Paço d'Arcos, Alves Redol e Fernando Namora no Dicionário Universal de Literatura, de Henrique Perdigão


Dicionário Universal de Literatura

Joaquim Paço d'Arcos ("Paço d'Arcos -- (Joaquim) -- 1908"). Bibliografia, biografia e episódios de vida literária, referência crítica (João Gaspar Simões).

Ficha:
pág.: 876-877
dimensões: 14,1 cm.
palavras: --
caracteres: --
foto: sim

Alves Redol ("Alves Redol"). Dos dez escritores referidos é o único que está ainda remetido para o apêndice "Registo Sumário de Autores", provavelmente por falta de referências biográficas. No que respeita à bibliografia, está actualizada: Glória [Uma Aldeia do Ribatejo], Gaibéus, e Nasci com Passaporte de Turista (embora com erro no título).

Ficha:
pág.:  930
dimensões: 3 linhas
plavras: --
caracteres: --
foto: não

Dicionário Universal de Literatura
Fernando Namora ("Namora -- (Fernando) -- 1919"). É o último e mais jovem autor com verbetes próprios neste dicionário que começa em Homero. Assim é salientado (e como tal enaltecido) por Perdigão, no verbete que remata a obra. Referências biográficas, bibliográficas e críticas (João Gaspar Simões, José Osório de Oliveira e Pierre Hourcade).

Ficha:
pág. 888
dimensões: 27,6 cm.
palavras: --
caracteres:
--
foto: sim

Fereira de Castro nos dicionários (4): Assis Esperança, Maria Archer e Rodrigues Miguéis no Dicionário Universal de Literatura, de Henrique Perdigão


Dicionário Universal de Literatura

Assis Esperança ("Assis Esperança -- (António) -- 1892"). Mera descrição bio-bibliográfica e outra informação pessoal.

Ficha:
pags.: 801
dimensões: 10,1 cm.
palavras: --
caracteres: --
foto: sim

José Rodrigues Miguéis ("Rodrigues Miguéis -- (José Claudino) -- 1901"). Referências bibliográficas exaustivas e percurso para-literário pormenorizado; referência crítica (António Sérgio).

Ficha:
págs.: 851
dimensões: 20,8 cm.
palavras: --
caracteres: --
foto: não

Maria Archer (Archer -- (Maria) -- 1905*") Percurso biobibliográfico pormenorizado, dentro dos limites possíveis. Referência crítica (João Gaspar Simões)

Ficha:
págs.: 865-866
dimensões: 15,1 cm.
palavras: --
caracteres: --
foto: não

Há alguma confusão com o ano do nascimento. Alguns autores situam-no em 1899, outros em 1905.