Monday, November 30, 2009

Castro no Almanaque Republicano

Uma foto de grupo, publicado no Almanaque Republicano, nos 50 anos de vida literária de Ferreira de Castro.
Pensão Suíça, Macieira de Cambra, 1966
(da esquerda para a direita: Assis Esperança, Mário Sacramento, Dulcídio Alegria, Ferreira de Castro, Álvaro Salema e João Sarabando)

Friday, November 27, 2009

Roberto Nobre - Uma vida por imagens (2)

Devo dizer que cheguei a Roberto Nobre através de Ferreira de Castro, que com Assis Esperança [1892-1975] e Jaime Brasil (1896-1966) formaram um núcleo duro de amigos ligados por laços fraternos de mundividêcia comum, de comunhão ideológica e afinidades estéticas. Também por essa razão o autor de A Selva estará tão presente neste opúsculo. Mas não só: a amizade entre ambos foi de tal modo intensa e fraternal que deverei repetir o que escrevi na apresentação da sua Correspondência: «muito do que é obra acabada de ambos adquiriu a forma que eles nos legaram, em parte pela fraternidade pessoal, exemplo ético e discussão estética que um deu ao outro.» (1)

(1) Ferreira de Castro e Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), introdução, leitura e notas de Ricardo António Alves, Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 13.

Roberto Nobre -- 1903-1069, São Brás de Alportel, Câmara Municipal, 2003, pp. 11-12.

Monday, November 23, 2009

testemunhos #3 - João de Barros

Uma das causas do êxito excepcional da obra de Ferreira de Castro reside, aliás, nessa intercompreensão do escritor e do povo. A grandeza daquela não ofusca, antes atrai, a atenção e o interesse deste. Segredo e sortilégio, que a raros pertencem, mas que em Ferreira de Castro flui, espontâneos e discretos, da mais recôndita e amorável fonte do seu íntimo ser.
João de Barros, «Humanidade», Hoje, Ontem, Amanhã..., Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1950, p. 168.

Friday, November 20, 2009

Um Medo Frio -- Breve nota sobre a memorialística castriana (2)

Ferreira de Castro, sendo um escritor quase com «excesso» de biografia, não tem na sua tábua bibliográfica qualquer livro de memórias. Tentaremos perceber porquê, tanto mais que a escrita memorialística pontuou o seu percurso literário, do princípio ao fim.
Sol XXI, n.º 38-39, Carcavelos, 2003, p. 7.

outras palavras - A NOITE DOS MISERÁVEIS -- COMO SE DORME NO ALBERGUE NOCTURNO (1923)

Àquela hora, na rua deserta, a fachada do Albergue Nocturno de Lisboa tinha uma estranha austeridade e, se não fosse a tabuleta que abrange toda a frontaria arcaica do prédio, dir-se-ia que este era um amplo palácio onde se refugiavam do mundo vários fidalgos perseguidos pelo tédio.

[publicado n'O Século, Lisboa, 21 de Janeiro de 1923], in Jacinto Baptista e António Valdemar, Repórteres e Reportagens de Primeira Página -- II 1910-1926, Lisboa, Assembleia da República, s.d., p. 276.

Monday, November 16, 2009

Ferreira de Castro e João Pedro de Andrade (2)

Este relacionamento esteve sempre presente ao longo dos anos, como comprova o espólio do autor de Eternidade. À existência de 19 espécimes de correspondência, entre 1922 e 1964, soma-se um conjunto de cinco livros com dedicatória autógrafa que ficaram na pequena parte da sua biblioteca pessoal destinada a este Museu. São eles: Teatro (1941); O Problema do Romance Português Contemporâneo (1942); Os Melhores Contos Portugueses (1959) -- antologia em que Castro figura com O Senhor dos Navegantes; Raul Brandão; e O Diabo e o Frade (ambos de 1963). De Castro para Andrade, conhecemos, por gentileza dos seus herdeiros e descendentes, a 6. edição de A Lã e a Neve e a 4.ª de A Curva da Estrada (as duas de 1951); a edição «Portinari» de A Selva (1955); e a 1.ª edição de O Instinto Supremo (1968). Entendimento que se traduziu significativamente no facto de João Pedro de Andrade ter sido o autor dos verbetes sobre Ferreira de Castro e A Selva para o importante Dicionário das Literaturas Portuguesa, Brasileira e Galega (1960), dirigido por Jacinto do Prado Coelho. (1)

(1) Sobre o assunto, ver a carta de Andrade ao seu biografado, datada de Lisboa, em 7 de Outubro de 1955, apud Ricardo António Alves, 100 Cartas a Ferreira de Castro, Sintra, Câmara Municipal / Museu Ferreira de Castro, 1992, pp. 141 e 142.
Centenário de João Pdedro de Andrade, coordenação de João Marques de Almeida, Actas & Colóquios da Hemeroteca, Lisboa, Câmara Municipal, 2004, pp. 138-139.

Sunday, November 15, 2009

correspondências - ao presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis

Ferreira de Castro
Rua Misericórdia, 68
Lisboa
29 Setembro 1973
Exmo Sr. Dr. Leopoldo Soares dos Reis, ilustre presidente da Câmara de Municipal de
Oliveira de Azeméis
Quando, na minha adolescência, eu tinha uma grande sede de cultura e nenhuns recursos materiais para adquirir livros, a Biblioteca Pública de Belém do Pará foi-me imensamente útil.
Centenário do Nascimento de Ferreira de Castro, edição de Pedro Calheiros, Aveiro, Câmara Municipal, 1998, p. 23.

Wednesday, November 04, 2009

Prémio da Latinidade

Eugenio Montale, Ferreira de Castro e Jorge Amado (Paris, 1971)
Prémio da Latinidade, instituído por Anfré Malraux
(foto: Sebastião Salgado)
Fonte: Jorge Amado, Povo e Terra -- 40 Anos de Literatura, São Paulo, Martins, 1971

Monday, November 02, 2009

outras palavras - O TRABALHO (1925)

O trabalho... Devo-lhe as mais voluptuosas horas da minha vida. Horas de solidão, horas profundas, nas quais a alma sente melhor o vácuo pânico da Eternidade. Horas em que tudo se sublimiza, como se estranho condão presidisse à roda lenta dos ponteiros. Há poalha luminosa, acoirisada, oculta sob a película das minhas pupilas. E esqueço tudo que é mesquinho, inferior.
Ferreira de Castro, A Epopeia do Trabalho, Lisboa, Livraria Renascença, 1925.