Friday, July 17, 2015

E de «Ecos da Semana» - para um Dicionário de Ferreira de Castro

Designação de uma coluna que Ferreira de Castro publicava no suplemento cultura de A Batalha, entre 1924 e 1926, textos que em boa hora foram reunidos em livro pelo Centro de Estudos Libertários, pela mão de Luís Garcia e Silva, em 2004. Castro a comentar o momento. Essencial.

(a desenvolver)

bibliografia: a minha recensão na Castriana #3 (um cheirinho aqui)

Wednesday, July 15, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: do significado de Sintra para Ferreira de Castro (4)


Mas, se a narrativa castriana veicula um escopo de intervenção social, sendo marcadamente ideológica, esse desígnio tem sido responsável por uma subvalorização da dimensão metafísica, que é o segundo aspecto caracterizador do corpus literário que nos legou, e o impregna e complementa (1)dimensão radicada na frágil e trágica condição de finitude de cada indivíduo, agudizada quando a consciência de fim não se ampara na crença religiosa da vida após a morte – como é o caso do nosso autor.


(1) Ver Eugénio Lisboa, «Ferreira de Castro e o seu romance O Intervalo : uma metáfora para a condição humana», Folhas – Letras & Outros Ofícios, #3, Aveiro, Grupo Poético de Aveiro, 1998: 11-18; republicado em Indícios de Oirovol. I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009: 129-139.

(artigo completo)

Tuesday, July 07, 2015

castrianas: A SELVA em referência de António Quadros numa visão de conjunto do romance brasileiro

É pouco referida a influência que os dois primeiros romances de Ferreira de Castro, Emigrantes  e A Selva, tiveram nos jovens autores do romance nordestino da década de 1930, nomeadamente Jorge Amado e José Lins do Rego. Creio que Álvaro Salema terá sido o primeiro a escrevê-lo explicitamente.
Numa excelente conferência sobre «O romance brasileiro actual», proferida no início dos anos sessenta, António Quadros, já em balanço final e referindo-se à tradição portuguesa da ficção narrativa do Brasil, associa o portuguesíssimo e universalista escritor português sem outra razão aparente que não seja a de evocar o poderoso romance que tem por cenário a magnitude vegetal amazónica, ora edénica ora -- as mais das vezes -- infernal, descrita como nenhum brasileiro o fizera.

« Vincadamente de tradição portuguesa, ainda quando formalmente pareça seguir outros modelos e estruturas, é uma literatura aberta à razão cósmica, que a assume e revela, que quereria ser a voz dos próprios paradoxos e das próprias contradições, que surpreende o homem, não como conceito, não sequer como substância, mas como puro movimento, como movimento infinitamente disponível, potencialidade constantemente a actualizar-se e a formar-se sob a reacção de novos estímulos e solicitações. Este carácter é evidentemente mais visível na tradição que designadamente passa por José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Dinah Silveira de Queiroz e Guimarães Rosa, que visionam o homem em união mais íntima com a natureza e as forças nuas do sentimento, da raça, do inconsciente, da inefável alma do universo, mas não deixa de aflorar num Aluízio de Azevedo, num Raúl Pompeia, num Machado de Assis, num Erico Veríssimo, numa Lígia Fagundes Teles, num Ferando Sabino, na medida em que as suas personagens reflectem o tumulto, a inquietação, a gratuita liberdade do urbanismo brasileiro, crescendo com o vigor cósmico de uma selva, aquela selva que Ferreira de Castro tão vigorosamente soube pintar em sua majestade irracional e misteriosa.»

in O Romance Contemporâneo, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Escritores, 1964.

Wednesday, July 01, 2015

D de «Diabo (O)» (para um Dicionário de Ferreira de Castro)

«Semanário de Crítica Literária e Artística», resultado da convergência entre anarquistas e republicanos, publicando-se entre 1934 e 1940, encerrado compulsivamente pelo regime do Estado Novo. Ferreira de Castro é um dos fundadores, colabora logo no 'número espécime' (ou n.º zero), e chega a dirigir o jornal por dois breves meses, em 1935, uma solução de recurso que assegurou a saída do hebdomadário. Descontente com o jornal, José Régio augurava, nas páginas da presença, uma melhoria com a direcção de Ferreira de Castro, que nele imprimiu nitidamente a sua marca, apesar do tempo curtíssimo como director. A seu convite, substitui-o na direcção o filólogo e professor Rodrigues Lapa, figura insigne da Oposição, com afinidades também à ideologia libertária. O jornal evoluiria para posições mais próximas do PCP, com a colaboração de jovens intelectuais comunistas, entre os quais Álvaro Cunhal. Castro e O Diabo mantiveram boas relações, tendo aquele concedido um extensa e importante entrevista, em 1940, estando à frente da publicação aquele que seria o último director, Manuel Campos Lima.

(a desenvolver)

bib: o meu artigo na Castriana #5, os livros de Clara Rocha, Daniel Pires e Luís Trindade.