«Não se cura de revelar o Mundo aos passageiros e sim de lhes permitir dizer aos amigos que eles deram a volta ao Mundo. Viagem de bom conforto, nas cidades visitadas esperam guias e automóveis, que levam os curiosos aos monumentos principais e, depois, os reconduzem a bordo, para que se lavem da poeira do Oriente, jantem bem e bailem até de madrugada, enquanto o talha-mar vai singrando em direitura a outro porto.» A Volta ao Mundo (1940-44)
«Não. Ia-se muito longe, devassavam-se os mais distantes recantos do planeta, mas a Andorra, que estava perto, manando, possivelmente, inéditas emoções, ninguém ia, ninguém pensava ir. Nasceu, assim, a minha curiosidade, que, a princípio, tentei saciar com papel impresso. Foi desejo quase inútil, pois da bibliografia andorrana, pequena como o país, dificilmente se encontrava em Portugal obra de jeito.» Pequenos Mundos e Velhas Civilizações (1937-38)
«Lembra, por este mérito, o bairro dos cruzados em Rodes e Fatehpur Sikri, que foi capital da Índia e também permanece intacta, rutilando, escarlate e fantástica, sobre o topo duma colina. / Logo que entramos em Santilhana a nossa época desaparece. Os séculos medievos -- o XI, o XII, o XIII, o XIV -- abrem-nos as suas grossas portas, nas ruas em declive, e, então, a própria cor do nosso tempo se modifica.» As Maravilhas Artísticas do Mundo (1959-1963)
Capa do n.º espécime (1959)
Jan van Eyck, O Homem do Turbante Vermelho