Tuesday, April 28, 2009

de passagem - Jaime Brasil, RODIN (1944)


OS ANOS OBSCUROS


«A génese do génio»


No capítulo do seu recente livro «Du crétin au génie» (1), consagrado à «Génese do génio», escreveu o Dr. Serge Voronov: As células germinais não morrem nunca, mas transmitem-se duma geração à outra. Essas células germinais, masculina e feminina, unem-se no acto da fecundação para formar um germe, do qual, por crescimento gradual durante nove meses, a criança adquire o desenvolvimento necessário à sua vida. Casa uma dessas células é composta duma substância nutritiva, destinada ao germe -- o protoplasma -- e de um núcleo que é a parte essencial, única que detém toda a hereditariedade do pai e da mãe.

(1) Ed. de La Maison de France -- New York.

Jaime Brasil, Rodin, Porto, Edições Lopes da Silva, 1945, p. 9.

Saturday, April 18, 2009

Preconceito e orgulho em A Tempestade de Ferreira de Castro (1)

Publicado em Nova Sintese, n.º 2/3, Vila Franca de Xira, Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e Campo das Letras, 2007
Publicado em 1940, pela Guimarães & C.ª, A Tempestade foi desde logo encarado por Ferreira de Castro como um romance de recurso, tal como sucedeu com os livros de viagens, em face dos constrangimentos censórios de que o seu trabalho foi vítima na segunda metade da década de 1930.
(continua)

Tuesday, April 14, 2009

Contra as Touradas

Contra as Touradas, edição de Luís Garcia e Silva, Cadernos d'A Batalha, Lisboa, 2002.
Artigos do Suplemento Semanal Ilustrado de A Batalha, por Ferreira de Castro [A morte do touro»], Mário Domingues, Carvalhão Duarte, Adelaide Cabete, Voz que Clama no Deserto (Jaime Brasil), Serra Frazão, Abilos, Cristiano Lima, Grupos Os Rebeldes e Labareda, e da Redacção, publicado entre 1924 e 1926.

Monday, April 13, 2009

Recensão a ECOS DA SEMANA - A ARTE, A VIDA E A SOCIEDADE (2004)

Publicado em Castriana, n.º 3, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007

Ferreira de Castro, Ecos da Semana - A Arte, a Vida e a Sociedade, introdução e notas de Luís Gacia e Silva, Lisboa, Centro de Estudos Libertários / Cadernos d'A Batalha, 2004, 95 pp.

A recolha e edição de uma parte da colaboração de Ferreira de Castro no Suplemento Literário Ilustrado do diário A Batalha é um dos grandes acontecimentos castrianos dos últimos anos. Acontecimento de importância inversamente proporcional à discrição com que nos veio parar às mãos, por iniciativa do seu responsável, Luís Garcia e Silva, e, certamente, ao quase silêncio que sobre ele se fará.

(continua)

Sunday, April 12, 2009

de passagem - Jaime Brasil, ZOLA - O ESCRITOR E A SUA ÉPOCA (1943)

Prefácio da 1.ª edição
[Nota: o título da 1.ª edição, publicado em 1943 pela Livraria Latina, do Porto, era Vida e Obras de Zola, assinada por A. Luquet. Artur Jaime Brasil Luquet Neto era o seu nome completo. Jaime Brasil, saído há pouco da prisão, estava vedado aos prelos.]
Ao terminar o seu livro Zola, em Outubro de 1931, Henrique Barbusse, depois de delinear os futuros rumos da literatura, acentuando-lhe o carácter social, escreveu: «Não basta proclamar que o amamos (a Zola) e que o deploramos. Não basta que a peregrinação que se realiza todos os anos à memória do Mestre de Médan se reduza a levar flores mortuárias e a recordar a meia-voz a importância que se revestiram, no passado, as suas iniciativas literárias e a sua atitude cívica. É preciso pôr essa grande obra não por detrás de nós, mas na nossa frente e utilizá-la no sentido da iniciação colectiva e do progresso dramático que mudará a forma do mundo -- voltá-la, não para o século XIX, mas para o século XX e os seguintes, ao eterno encontro dos homens jovens». Fez-se porventura isso, no período decorrido após a publicação das palavras de Barbusse? A jovem literatura, até a que pretende ser social, finge ignorar Zola, quando não desdenha dele.
Jaime Brasil, Zola -- O Escritor e a Sua Época, 2.ª edição, Lisboa, Portugália Editora, 1966

Thursday, April 09, 2009

A Selva como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro (1)

Publicado nas Actas do Congresso Internacional A Selva 75 Anos, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Carlos Drummond de Andrade
Quando penso no livro que nos reúne nestes dias, aqui em Oliveira de Azeméis, ocorre-me um verso do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, de A Rosa do Povo. A Selva, de Ferreira de Castro, é um livro belíssimo sobre a fealdade, um «livro bárbaro» como lhe chamou o seu autor, escrito com as entranhas, fruto de um sofrimento excruciante.
(continua)

Tuesday, April 07, 2009

de passagem - Assis Esperança, do prólogo de GENTE DE BEM (1938)

Esta crónica de negócios não é o panorama dum homem: é o seu clima, o seu meio, alfobre onde se criam e vivem aqueles que se acomodam, manejam e exploram todas as situações. Dar a Ataíde e Melo uma expressão simbólica, foi meu aturado empenho. Daí os seus frequentes raciocínios e solilóquios. Não quis contudo fazer dele eixo de acção romanesca, satélites as outras figuras, a gravitarem-lhe na órbita: fugia ao meu ofício de narrador. O resto é também crónica, mais ou menos vulgar, de certas famílias do nosso século. A tragédia ou a comédia -- literariamente estas expressões equivalem-se -- é a de sempre. Variaram, sim, as aspirações de cada qual. As gerações carreiam continuadamente os mas variados materiais. E se não desprezam os que havia e serviram outras épocas, esforçadamente os caldeiam segundo fórmulas actualizadas ou recentes experiências de alquimia social.
Assis Esperança, Gente de Bem, Lisboa, Guimarães & C.ª Editores, 1938.

Monday, April 06, 2009

de passagem - Roberto Nobre, das «Palavras prévias» a SINGULARIDADES DO CINEMA PORTUGUÊS [1964]

O tempo passa, corre, voa. Eu sei, é um lugar-comum dizê-lo. Mas todas as mais evidentes verdades se estratificam sempre em lugares-comuns. Já voaram trinta anos desde que iniciei esta improfícua actividade de análise e comentário de coisas de cinema. Marco a passagem dessa efeméride pessoal com este livro.

Roberto Nobre, Singularidades do Cinema Português, Lisboa, Portugália Editora [964] p. 13.

Thursday, April 02, 2009

Ferreira de Castro e a II República Espanhola (1)

Incluído em Círculo Joaquina Dorado e Liberto Sarrau (3.º Ciclo), Lisboa, Centro de Estudos Libertários, 2007
Esta intervenção deveria intitular-se «Ferreira de Castro no dealbar da II República espanhola», uma vez que o que de substancial escreveu sobre a Espanha republicana, como romancista e como jornalista, se circunscreve aos três primeiros anos do novo regime. Sobre o período da Guerra Civil, por exemplo, para além de referências esparsas, de substancial só conheço uma brevíssima carta dirigida a Roberto Nobre, em 17 de Fevereiro de 1936, um dia depois da vitória da Frente Popular, em que o autor de Emigrantes diz apenas isto: «Estou radiante com as eleições espanholas.» (1) -- além do significativo epílogo de O Intervalo, de que se falará no final.
(1) Ferreira de CASTRO e Roberto NOBRE, Correspondência (1922-1969), edição de Ricardo António Alves, Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 55.
(continua)

Wednesday, April 01, 2009

correspondências - Ferreira de Castro a Roberto Nobre (1922)

gostei mto, mto, da capa. É um trabalho com garra: -- mesmo sem alusão às garras do tigre...Carta de Lisboa, em 19 de Setembro de 1922
Ferreira de Castro e Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), introdução, leitura e notas de Ricardo António Alves, Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 17.