Monday, September 28, 2009

de passagem - Assis Esperança, TRINTA DINHEIROS (1958)

[do «Prefácio»]
Quando, em 1939, com Gente de Bem, iniciei a trajectória duns tantos industriosos homens de negócios, mal sabia eu, ao seleccionar, para eles, meia dúzia de aristocratizados apelidos de família, que dois destes haviam de meter engulhos a quem, ainda vivo a esse tempo, os ostentava a justo título. Sua atitude moral a de se precaver contra todas as traições do acaso, dera em suspeitar que o meu romance viera a lume para se tornar pelourinho da sua vida pública, e imediatamente o denunciou, a quem de direito, como atentatório da sua honra e brios. Dias volvidos, correu a emendar a mão, mas os ecos desse seu precipitadíssimo juízo ficaram a vibrar em mim como específico sinal dos tempos.
Assis Esperança, Trinta Dinheiros, Lisboa, Guimarães Editores, 1958.

Thursday, September 24, 2009

de passagem - Jaime Brasil, LEONARDO DA VINCI E O SEU TEMPO (1959)

FLORENÇA E O HUMANISMO
Assim como há pessoas nascidas com sorte e outras toda a vida malfadadas, certas cidades parece terem surgido sob um signo feliz. Na aparência, pouco as distingue dos outros aglomerados seus contemporâneos; no entanto, todas as graças do espírito se acumulam nelas. São berço de grandes homens ou aos seus muros se acolhem dos mais talentosos. Constituem clima próprio para o pujar das artes e dir-se-ia poder a inteligência respirar melhor na sua atmosfera. Como se não bastasse essa riqueza, até os bens materiais a elas acodem para a aumentar. Assim foram Atenas, Roma, Florença.
Jaime Brasil, Leonardo da Vinci e o Seu Tempo, Lisboa, Portugália Editora, 1959, p. 7.

Sunday, September 20, 2009

Ribeiro Couto,SENTIMENTO LUSITANO (1963)

Livro póstumo com adenda in memoriam
Lisboa, Livros do Brasil [1963]
Textos de António de Sousa, Augusto de Castro, Ferreira de Castro, Fidelino de Figueiredo, Guilherme Pereira de Carvalho, Hernâni Cidade, Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões, João José Cochofel, Joaquim Paço d'Arcos, José Osório de Oliveira, José Régio, José Ribeiro dos Santos, Luís Teixeira, Marcelo Caetano, Matilde Rosa Araújo, Miguel Torga, Natércia Freire, Nuno Simões, Paulo Barros, Taborda de Vasconcelos e Urbano Tavares Rodrigues

Tuesday, September 15, 2009

Alexandre Cabral: Camilo, mas também Ferreira de Castro (2)

O escritor de Contos da Europa e da África afirmou-se como reputado e indispensável especialista na obra de Camilo Castelo Branco ao longo de mais de trinta anos de trabalho. No ensaio, na recolha e na publicação de dispersos e inéditos, no pesquisar rigoroso de historiador, vectores dum labor que teve a mais eloquente culminância no Dicionário de Camilo Castelo Branco (1989), obra que honra a literatura portuguesa, contribuindo para definitivamente para impor (mais do que firmar), junto dum público mais vasto, o nome de Camilo como um dos nossos autores canónicos.
Vária Escrita, n.º 6, Sintra, Cãmara Municipal, 1999, pp. 219-22.

Saturday, September 12, 2009

São os seus olhos, Ana Paula!

Um abraço à Ana Paula, visita frequente do Castro.

Thursday, September 10, 2009

outras palavras - Jaime Brasil, O CASO DE "A INFANTA CAPELISTA" DE CAMILO CASTELO BRANCO (1956)

ESCLARECIMENTO
A publicação, em separata, do artigo inserto a seguir pode deixar perplexos os leitores que desconheçam os precedentes do assunto. A eles se destina esta nota esclarecedora, na qual é respeitada a ordem cronológica dos acontecimentos. A confusão estabelecida pelos «entendidos» em camilografia, em geral simples camilómanos, acerca da obra de Camilo Castelo Branco «A Infanta Capelista» é de tal ordem que os não iniciados nos mistérios da vida desse escritor dificilmente encontram o fio à meada, propositadamente enredada pelos camilófagos e «camelianistas». Pertence ao número destes o pavão desasado, cuja plumagem é arrancada no artigo adiante reproduzido.
Jaime Brasil, O Caso de "A Infanta Capelista" de Camilo Castelo Branco ou Como se Arrancam as Penas a um Empavonado "Camelianista", Porto, Livraria Galaica, 1956, p. 5.

Tuesday, September 01, 2009

da nostalgia


A nostalgia deve ter nascido numa ilha e só numa pequena ilha se compreende, integralmente, o subtil significado da distância. Essa sufocação que dá a terra sem continuidade, como se o aro líquido que a estrangula se viesse fechar também em volta da nossa garganta, desperta constantes rebeldias e constantes impotências, acorda mil sentimentos ignorados, remexe, tortura, cava fundo na alma até o momento de esta se submeter por falta de mais energias.
Ferreira de Castro, Terra Fria [do «Pórtico»], 12.ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1980.