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Monday, June 16, 2025

outras palavras

«Mas lembro-me, nitidamente, da minha entrada na escola. Lá estava, ao fundo, à secretária instalada sobre um estrado, o sr. professor Portela. Era gordo e de cara muito branca e fofa. No primeiro plano, as carteiras com os alunos chilreantes. Alguns conhecia-os eu cá de fora. Mas tomavam ali, para a minha timidez, o papel de inimigos.» [Memórias] (1931)

«De onde seria o ramo que ia em procura do tronco familiar? De Castelões? Da Gandra? De Arouca? Viria do Porto, de Estarreja, de Lisboa? Em todo o vale flutuava, então, o segredo. Hoje, com os automóveis, quem passa, passa; a sua vinda não lembra sacrifício; tudo vai depressa, já não há distâncias e anda-se pouco ao frio.» «O Natal em Ossela» (1932/1974)

«Uns, não voltamos a encontrá-los jamais; outros, um dia, ao dobrarmos um dos ângulos do mundo, topamos com eles e, por pequeno que haja sido o convívio, a nossa emoção é tão grande como se em vez duma vida alheia encontrássemos um trecho pretérito da nossa própria vida -- vida que vivemos outrora e da qual já não somos mais do que uma precária lembrança.» «Delfim Guimarães» (1934)

Tuesday, July 01, 2008

O Museu Ferreira de Castro (2)

PERCURSO BIOGRÁFICO



1. INFÂNCIA (1898-1911)

«O homem ama na terra natal os seus hábitos, se ali reside ou residiu muito tempo; ama a sua casa e o seu agro, se os tem; e ama, sobretudo, a sua infância, que lhe comandará a vida inteira e se amalgama com o drama biológico do envelhecimento e da morte. Ama esse período da sua existência por saber que jamais voltará a vivê-lo; e essa certeza de irrecuperabilidade embeleza-lhe o cenário nativo e valoriza-lhe os anos infantis, mesmo se neles conheceu a miséria, os trabalhos prematuros, as opressões e as humilhações impostas pelos adultos.»FERREIRA DE CASTRO,«A aldeia nativa» (1969)

Este primeiro grupo refere-se à meninice do romancista, na «aldeia nativa» de Salgueiros, freguesia de Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis, onde nasceu, em 24 de Maio de 1898. Deste período ficarão as marcas de um íntimo contacto com a verdejante natureza envolvente. Órfão de pai aos oito anos, a sua infância seria igual à de tantas outras crianças - escola com o professor Portela, catequese com o padre Carmo -, não fosse a decisão inusitada de emigrar para o Brasil, com 12 anos incompletos. Em 7 de Janeiro de 1911 Ferreira de Castro embarcou no vapor Jerôme. Saiu criança, regressaria já homem.

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