Monday, October 27, 2008

dedicatória

Uma edição de A Curva da Estrada, com dedicatória de Ferreira de Castro a António Quadros, em licitação aqui
Informação do Mário Casa Nova Martins

Friday, October 24, 2008

Três escritores em tempo de catástrofe: Castro, Zweig e Eliade (1)



Publicado em Boca do Inferno, n.º 3, Cascais, Câmara Municipal, 1998
Ao Professor Victor de Sá
Três escritores procuraram no Estoril e em Cascais um asilo para o absurdo do seu momento histórico. Apenas um deles era um permanente apátrida de facto, apesar da recente naturalização inglesa. Quando por aqui passou já estava moralmente liquidado. Outro, exercendo funções diplomáticas, vindo do oriente do Ocidente, sentiu-se arrancado à história pela pátria que lhe seria vedada e pela mulher que perdera. A provação do labirinto foi a derrocada do seu mundo, pois só somos quando somos em função de algo e de alguém. Por último, um português, visceralmente escritor, só escritor, por vocação e profissão, impossibilitado de sê-lo como entendia dever ser, agarrando-se como tábua de salvação a outras narrativas com desalento e raiva.
Três escritores que a história nos legou, vivendo condicionados no mesmo espaço geográfico pela tragédia de não-ser, de não poder ser.
(continua)

Tuesday, October 21, 2008

Ecologia

«Ferreira de Castro e a ecologia», um artigo no último Avante!, da autoria de Francisco Silva.

Sunday, October 19, 2008

A SELVA 75 Anos - Actas do Congresso Internacional


A Selva 75 Anos -- Actas do Congresso Internacional (2005), Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007

Comunicações: Robério Braga, «O Amazonas ao tempo de Ferreira de Castro»; Eugénio Lisboa, «A Selva: no coração das trevas»; Ricardo António Alves, «A Selva como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro»; Karl Heinz Delille, «Casa Viejas -- Um episódio da recepção alemã de Ferreira de Castro»; Olímpia R. Santana, «A Selva -- Após a ruptura com o silêncio»; Bernard Emery, «O "negro" dos Camarões»; Artur Anselmo, «Aspectos do indianismo na obra de Ferreira de Castro»; Reinaldo F. Silva, «A recepção anglófona de A Selva e de outras obras de Ferreira de Castro»; Silas Granjo, «Notas para uma história textual de A Selva»; Ivone Bastos Ferreira, «A primeira edição brasileira de A Selva ou de como se critica sem ler e se põe em causa as virtudes das mulheres de Faro»; João Minhoto Marques, «Representações da utopia em A Selva»; Daniel Aranjo, «Le paysage dans A Selva»; Margarida Pandeirada, «A paisagem humanizada em A Selva de Ferreira de Castro»; Joaquim Correia, «Originalidade e perenidade artística de A Selva»; Miguel Real, «Naturalismo e realismo em A Selva»; Liliana Dias Carvalho, «Paisagens sem rosto -- Para o estudo da primeira edição ilustrada de A Selva»; Antônio Dimas, «Dois europeus e uma Amazônia: Júlio Verne e Ferreira de Castro»; José Alonso T. Freire, «A Selva e a literatura da Amazônia»; Manuel Pires Bastos, «Dois humanistas oliveirenses no Amazonas: Caetano Brandão (século XVIII) e Ferreira de Castro(século XX)»; Neide Gondim, «A contribuição portuguesa para a literatura do Amazonas»; Vítor Pena Viçoso, «O simbolismo da Amazónia em Ferreira de Castro e Carlos de Oliveira»; Beatriz Berrini, «Breves reflexões sobre A Selva»; António Cândido Franco, «A Selva e O Instinto Supremo»; Elcio Lucas de Oliveira, «A paradoxal atualidade de A Selva»; Carlos Jorge F. Jorge, «A descrição como referência poética e documentário n'A Selva de Ferreira de Castro»; Márcio Souza, «A primeira versão de A Selva no cinema»; Liliana Dias Carvalho, «O utópico convívio entre a câmara e a pena -- A Selva entre Ferreira de Castro e Leonel Vieira»; Óscar Cruz, «A produção de A Selva de Leonel Vieira».

Tuesday, October 14, 2008

Ferreira de Castro: Um escritor no país do medo (1)

Taíra - Revue du Centre de Recherche et d'Etudes Lusophones et Intertropicales, Grenoble, CRELIT / Université Stendhal, 1997

Dos prejuízos que disto [Censura]
advém para o país, para o seu tesouro
intelectual e artístico, para o seu
legado ao futuro e até aos outros povos, é inútil falar [...]

Os portugueses, na sua maioria, vivem
numa permanente desconfiança.

FERREIRA DE CASTRO (1949)


Dão-nos um bolo que é a história
da nossa história sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra para o medo.

NATÁLIA CORREIA


Lugares-comuns
Uma ideia que tem feito carreira com sucesso é a da inexistência de grande obras reveladas após o 25 de Abril, dessas que aguardaram publicação durante anos nas gavetas dos seus autores. Concluir-se-ia, portanto, que, apesar da Censura, não foi ela que impediu a livre criação durante o Estado Novo.
É difícil perceber este raciocínio, uma vez que quem o faz esquece-se da autocensura que os escritores, nomeadamente, se infligiam, além da outra, exercida pelo Estado, reprimindo aqueles e menorizando o público.
(continua)

Wednesday, October 08, 2008

TERRA FRIA por Bernardo Marques

ilustração de Bernardo Marques para Terra Fria
edição comemorativa dos 50 Anos de Vida Literária, 1966
Lisboa, Guimarães Editores, 1966

Saturday, October 04, 2008

correspondências - Jaime Brasil

Meus caros Ferreira de Castro e Eduardo Frias:


Recebi o vosso livro*. Muito obrigado por vos terdes lembrado de mim. A mim, q. tão afastado ando dos cenáculos literários e q. nas galés do jornalismo sou o último dos últimos, sensibilizou-me a vossa gentil manifestação de camaradagem espiritual. E porque entendo bem o altivo grito de angústia, erguido nas primeiras páginas do livro, aqui vos dou, irmãmente, o abraço q. traduz a minha admiração pelo vosso talento e a minha solidariedade nessa nobre revolta, contra o existente, o convencional, o medíocre.

[20-VI-1924]


* Eduardo Frias e Ferreira de Castro, A Boca da Esfinge, Lisboa, Livrarias Aillaud e Bertrand, 1924
Jaime Brasil, Cartas a Ferreira de Castro, apresentação, transcrição, notas e posfácio de Ricardo António Alves, Sintra, Câmara Municipal/Museu Ferreira de Castro e Instituto Português de Museus, 2006, p. 11.