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Monday, November 11, 2024

uma selecção nacional, por Ana Moreira

daqui

 

Discutível, como o são todas: falta ali muita gente, e alguns duvido que lá devessem estar.

Agustina Bessa Luís, Ana Luísa Amaral, Dulce Maria Cardoso, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Ferreira de Castro, Florbela Espanca, Hélia Correia, Herberto Helder, Joana Bértholo, José Cardoso Pires, José Saramago, Lídia Jorge, Luís de Camões, Luísa Costa Gomes, Maria Judite de Carvalho, Mário Cláudio, Natália Correia.

Thursday, April 28, 2016

admirar & amar

Escreve Eugénio Lisboa, no último JL («Sá-Carneiro visto por Régio -- O oiro e a neve») que os grandes escritores, relativamente aos colegas que os precederam, amam uns e admiram outros:
«Pessoa admirava Milton e amava Dickens. Flaubert admirava Zola, mas amava Hugo. Régio admirava Eça e Pessoa, mas amava Camilo e Sá-Carneiro. Há aqueles com quem sentimos afinidades e aqueles em quem admiramos qualidades que não temos nem nos interessa particularmente ter.»
Fiquei a pensar no caso de Ferreira de Castro. De imediato chegaram-se à frente dois nomes essenciais. Raul Brandão e Aquilino Ribeiro. Creio poder dizer, com segurança, que, posto assim, Castro admirava Aquilino, mas amava Brandão. Em Aquilino, a torrente lexical, mahleriana, se assim o posso dizer, e provavelmente o humor; em Raul Brandão, o poético, o trágico, o fragmentário, a dor. A dos outros, humilhados e ofendidos, as próprias, do pobre ser humano em face do enigma da morte.

Saturday, September 19, 2015

"Escrever com os clássicos"

da recensão de Miguel Real ao romance de Margarida Palma, Veio Depois a Noite Infame (grande título!), no último JL:
«[...] Constrói personagens caracterizando-as física, social e psicologicamente (e até religiosamente), como o fazia Camilo ou Eça, Ferreira de Castro ou Fernando Namora. [...] exibe no seu romance uma voluntária lentidão literária, um vagar estético, que só encontramos em Júlio Dinis e Eça [...]»

Thursday, April 02, 2015

Ferreira de Castro nos dicionários (6): Júlio Dinis no Dicionário Universal de Literatura, de Henrique Perdigão

Dicionário Universal de Literatura
Como referi no primeiro post desta série, a ideia de incluir Júlio Dinis como única excepção neste garimpo de Ferreira de Castro e mais nove romancistas seus contemporâneos pelos dicionários literários, históricos e de autores, foi a de verificar as oscilações quanto à sua representatividade, sem dúvida com resultados mais interessantes do que verificaria com Camilo ou Eça. No fim desta prospecção, perceberei se esta minha ideia, um tanto ou quanto bizarra, teve alguma razão de ser.

Júlio Dinis (´"Julio Diniz (1839-1871)"). Verbete muito bem feito no que respeita à biografia, caracterização da obra, referência a póstumos, bibliografia passiva e traduções. Referências  críticas: Alexandre Herculano e Eça de Queirós.

Ficha:
pág.; 364
dimensões: 30,5 cm.
palavras: --
caracteres: --
retrato: sim

Saturday, March 07, 2015

Cartas Inéditas a Ferreira de Castro (4)

Lopes de Mendonça, o autor dos versos de A Portuguesa, além de erudito historiógrafo da náutica dos Descobrimentos era um exigentíssimo estilista. A sanção* de uma figura deste peso já histórico -- concorrera com Eça de Queirós a um mesmo concurso promovido pela Real Academia das Ciências, tendo o seu Duque de Viseu logrado alcançar o discutido favor do júri em detrimento de A Relíquia --, constituiria para o jovem literato que se fez a si próprio uma distinção de modo algum desprezável. Vinha já longe o tempo de algumas ousadias alardeadas pelo Mas... (1921)
(cont.)

* Mendonça escreve sobre A Selva, em 1930.

Cartas Inéditas a Ferreira de Castro, lida e anotadas por Ricardo António Alves, Vária Escrita #1, Sintra. Câmara Municipal, 1994.

Friday, November 23, 2012

incidentais #10 - de como a propósito do pórtico de «A Tempestade» se fala em projectos adiados, numa bisavó, terminando com mais gravidade

(do «Pórtico» de A Tempestade, 1940)

* Já aqui se falou, e voltará a falar-se, da apresentação que Ferreira de Castro escreveu para abrir o seu romance malquisto. Essa má-vontade tem tanto de injusto para o livro, uma narrativa psicologista -- traço que esteve sempre presente na obra castriana, basta lembrar Eternidade --, como razão de ser. Só para recordar: O Intervalo, fragmento da projectada e nunca realizada «Biografia do Século XX» estava na gaveta, de onde saiu apenas em 1974, integrado precisamente n'Os Fragmentos; o seu desígnio como romancista chocava com o tempo que lhe era dado viver: Estado Novo, Guerra Civil de Espanha, II Guerra Mundial; para sobreviver, teve de dedicar-se à literatura de viagens; só no pós-guerra, com a abertura do regime, A Lã e a Neve pôde trazer à luz a arte do romance tal como ele a concebia. Para trás, este negregado A Tempestade, escrito com raiva [sic]. Adiante com as injustiças do criador para com a criação...


* Redigido sob a forma duma carta a um "amigo" médico que lhe servira de cicerone no Cairo (1935). Seguem-se, após referência à recém construída ponte de Kars-en-Nil , cinco parágrafos impressivos sobre o Egipto, território que já dera um capítulo a Pequenos Mundos e Velhas Civilizações (1937): «Um vaporzito, com graciosidade de gaivota e calentura de forno, largou de ao pé da Kars-en-Nil, apitando aqui e ali, que o tráfego fluvial era grande em frente da cidade, começou a subir o rio sagrado.»

* As referências ao felá, recordaram-me esse mesmo capítulo dos Pequenos Mundos e de como já há décadas pensei em fazer a comparação com O Egipto de Eça de Queirós (em tempos propus-me realizar uma grande trabalho sobre este póstumo queirosiano; não passou de um estudo exíguo que prometia, e que acabei por não cumprir, generosamente publicado por Bernard Emery na sua Taíra).

*Essas referências de intenção social servem para lembrar o amigo --e também de justificação a si próprio e advertência mais ou menos velada ao leitor -- que fora prometido um livroque espelhasse os desígnios de emancipação humana que Castro adoptara para si como homem e escritor; e que uma conjuntura desfavorável impedia de concretizar (com efeito, O Intervalo será escrito em 1936, um ano depois dessa estada no país dos faraós). Promessa que não fora cumprida, interrompida pela viagem como forma de sustento e substituída (terminando com as palavras finalizadas em ida -- aliás, o nome duma bisavó brasileira que não conheci...) por ATempestade, para mágoa do autor, provavelmente comvencido de que o romance não estava à altura dos pergaminhos de quem escrevera Emigrantes, por exemplo: «Fico bastante pesaroso, creia, por saber que você, sempre tão atarefado, sempre à roda de gente que sofre, vai perder, por amizade para comigo, tempo a lê-lo-- tempo que poderia empregar melhor.» Desfecho que provocará o desagrado de Roberto Nobre, que, numa carta, lhe diz ter ele, Ferreira de Castro, inoculado o vírus da ideologia que perfilhou, e que nunca desaparecerá, mesmo que ele se decida a escrevr sobre os astros  celestes (ver Correspondência (1922-1969))

* Outro aspecto importante deste prólogo é o da concepção castriana do romance como documento de uma época, fonte para o futuro, crítico que era do género historiográfico então prevalecente, narrativa biográfica, política e institucional em que o povo (ontem, o terceiro estado) estava ausente. E com efeito, pesem as excepções, a história social só conheceria impulso decisivo após a afirmação da Escola dos Annales. Daí também um certo amor à filosofia e a ilusão (ou vontade dela) de que o conhecimento, de si, do outro, do Universo, pode modificar a essência do ser humano.

* Finalmente, alusão a um tema a que voltará dez anos mais tarde, em A Curva da Estrada: como à medida que vamos envelhecendo vamos também regredindo nas convicções: no romance, a questão política, o conservadorismo que a idade pode induzir; no pórtico de A Tempestade, o tema religioso, o escapismo do sobrenatural.

Tuesday, June 26, 2012

Alexandre Cabral: Camilo, mas também Ferreira de Castro (4)

Se os grandes escritores valem pela sua obra, também se reconhecem pela qualidade de quem os estuda. Não sendo a camiliana passiva tão vasta quanto a sua congénere queirosiana, os nomes que povoam aquela, de Alberto Pimentel a Abel Barros Baptista, passando por António Cabral, Sousa Costa, Jacinto do Prado Coelho, Alexandre Cabral e João Bigotte Chorão, entre tantos outros, reflectem com nitidez a espessura do que se fala e de quem se fala.

Vária Escrita #6, Sintra, Câmara Municipal, 1999.

Sunday, April 08, 2012

Três escritores em tempo de catástrofe: Castro, Zweig e Eliade (4)



Escritor que se fez a si próprio, foi no Brasil que Ferreira de Castro se auto-revelou, no meio adverso de um seringal da Amazónia, entre 1911 e 1914. Será, contudo, em Belém, capital do estado paraense, que vivia ainda sob os efeitos da ressaca de uma rubber-rush -- onde permaneceu até 1919, ano do regresso a Portugal --, que o jovem literato, entretanto trabalhando na imprensa local, editará os seus dois livros iniciais (Criminoso por Ambição e Alma Lusitana, ambos de 1916). Na Biblioteca Pública da cidade, bem fornecida de literatura portuguesa e francesa, Castro tomará contacto, pela primeira vez, na maioria dos casos, com os grandes escritores das duas línguas (2), muitos dos quais permanecerão como referências sua. Falamos, naturalmente, de Zola (1840-1902), mas também de Balzac (1799-1854) e Victor Hugo (1802-1885) ou Camilo (825-1890) e Eça (1845-1900).



(2) Ver Bernard Emery, L'Humanisme Luso-Tropical selon José Maria Ferreira de Castro, Grenoble, Ellug, 1992, pp. 120-121; id., «Ferreira de Castro et la culture française», Miscelânea sobre José Maria Ferreira de Castro, Grenoble, Centre de Recherche et d'Études Lusophones et Intertropicales, 1994, pp. 53-65.


Boca do Inferno #3, Cascais, Câmara Municipal, 1998, pp. 92-93.
(também aqui)

Friday, January 27, 2012

Vítor Viçoso, A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA – AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO (10)

O Realismo de Eça de Queirós, e o naturalismo de Abel Botelho, entre outros, tiveram igualmente uma enorme influência, com a diferença de que com Queirós e Botelho o povo era objecto da história, enquanto que agora passava a sujeito e actor da história, procedendo àquilo a que o autor designa como «a desocultação de um tradicional bucolismo pacificador e redentório» (p. 39). O campo deixa de ser visto primordialmente como o locus amoenus que nunca foi para passar a ser o cenário de conflito que nunca deixou de ser.

Thursday, January 27, 2011

Páginas de Amor dos Melhores Autores Portugueses (1944)

organizadores: António Feio e Raul Feio
Vasco de Lobeira [ou João de Lobeira], Sóror Mariana Alcoforado [sic], Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Fialho de Almeida, Carlos Malheiro Dias, Afonso Lopes Vieira, Júlio Dantas, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, Magnus Bergström, Joaquim Paço d’Arcos, José Régio, Manuel de Campos Pereira, Vitorino Nemésio.
Lisboa, edição dos Antologiadores, 1944.
(excerto de Eternidade)

Sunday, November 28, 2010

Os retratos de Castro por Nobre (3)

Ele próprio ensaísta, cultor de uma literatura de ideias, em escritos de estética cinematográfica, dispersos ou reunidos em volume (9) --, os seus livros estão eivados de referências literárias, de reflexões sobre a literatura, quer como manifestação artística específica, quer a propósito da sua relação com o cinema, topando o leitor a cada passo com Camilo e Eça de Queirós, Raul Brandão e Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro e José Régio; ou Dostoievski e Zola, Anatole France, Romain Rolland e André Gide. (10) O ensaio viria assim paulatinamente a tomar o lugar do desenho, que, na década de vinte do século passado, o projectara no meio artístico lisboeta.

(9) Horizontes de Cinema (1939) e Singularidades do Cinema Português (1964) [atente-se no título queirosiano do último -- nota 2010]
(10) A correspondência de Nobre é demonstrativa do diálogo intelectual que ele estabelecia com os seus interlocutores. Ver «Seis cartas de Luís cardim a Roberto Nobre», introdução, leitura e notas de Ricardo António Alves, Boca do Inferno #1, Cascais, Cãmara Municipal, 1996, pp. 95-109; José Régio / Roberto Nobre, «Correspondência», transcrição e notas de Eugénio Lisboa, Boletim, #4-5, Vila do Conde, Câmara Muncipal e Centro de Estudos Regianos, 1999, pp. 29-33.

Vária Escrita #8, Sintra, Câmara Municipal, 2001.

Wednesday, September 15, 2010

O POVO NA LITERATURA PORTUGUESA

O Povo na Literatura Portuguesa, selecção e prefácio de João de Barros, Lisboa, Guimarães & C.ª, s.d. [1947]
autores antologiados: Fernão Lopes, Gomes Eanes de Zurara, Gil Vicente , António Ferreira, Luís de Camões, P.e António Vieira, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, João de Deus, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Gomes Leal, Teixeira de Queirós, Guerra Junqueiro, Fialho d'Almeida, Cesário Verde, António Nobre, Raul Brandão, Carlos Malheiro Dias, M. Teixeira-Gomes, Manuel de Sousa Pinto, Afonso Lopes Vieira, Augusto Gil, António Patrício, Manuel Monteiro, Júlio Dantas, Joaquim Manso, Jaime Cortesão, Luís da Câmara Reis, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro [excerto de Eternidade]; António Arroio.

Wednesday, June 30, 2010

Maravilhas do Conto Português

Selecção prefácio e notas de Edgard Cavalheiro.
São Paulo, Editora Cultrix, 1957.
Autores: Eça de Queirós, D. João da Câmara, Fialho de Almeida, Trindade Coelho, Raul Brandão, Júlio Dantas, António Sardinha, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, José Régio, José Gomes Ferreira, José Rodrigues Miguéis, João Gaspar Simões, Domingos Monteiro, Branquinho da Fonseca, Maria Archer, Miguel Torga, Castro Soromenho, Soeiro Pereira Gomes, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Fernando Namora e José Cardoso Pires.
Conto antologiado: «O Senhor dos Navegantes».

Sunday, January 31, 2010

Da correspondência com Ferreira de Castro (1)

Não falta quem aponte alguma pobreza à epistolografia portuguesa, em especial quando comparada com o que é dado à estampa noutros países. O trabalho pioneiro de Andrée Rocha, A Epistolografia em Portugal (1965), coligindo um número elevado de autores, do Infante D. Pedro (século XV) a Florbela Espanca (século XX), ou, posteriormente, a publicação exaustiva da correspondência activa (e também a passiva) de Eça de Queirós, com destaque para os trabalhos de Guilherme de Castilho, Beatriz Berrini e A. Campos Matos, ou ainda a meritória acção de Mécia de Sena, impulsionando a edição da valiosa epistolografia do seu marido, Jorge de Sena -- desde logo consigo própria, mas também com Guilherme de Castilho, José Régio, Vergílio Ferreira, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner Andresen, apara além das que já há muito foram anunciadas com outros escritores -- tudo isto, e mais algumas obras de vulto neste domínio ocorridas nas últimas décadas, veio demonstrar a conveniência de sermos mais parcimoniosos nos juízos definitivos.
Jaime Brasil, Cartas a Ferreira de Castro, apresentação, transcrição, notas e posfácio de Ricardo António Alves, Sintra, Câmara Municipal e Instituto Português de Museus, 2006, p. 5.

Tuesday, July 21, 2009

Gloria In Excelsis -- Histórias Portuguesas de Natal

Gloria In Excelsis -- Histórias Portuguesas de Natal, apresentação e selecção de Vasco Graça Moura, Lisboa, Público - Colecção Mil Folhas, Dezembro de 2003.

Textos: Andrade Ferreira, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, D. João da Câmara, Abel Botelho, Fialho de Almeida, Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro [«O Natal em Ossela», pp. 143-146], Vitorino Nemésio, José Régio, José Rodrigues Miguéis, Domingos Monteiro, Miguel Torga, Manuel da Fonseca, Jorge de Sena, Maria Judite de Carvalho, Natália Nunes, José Saramago, Urbano tavares Rodrigues, Alexandre O'Neill, Altino do Tojal e José Eduardo Agualusa.

Friday, May 29, 2009

ficções - Cristina Leimart

Autor que se preze escreve sobre a luz. Imprime uns impulsos luminosos sempre que lhe puxa a mão para a melancolia e o agita a inspiração. Agualusa, por exemplo, n'O Vendedor de Passados, põe uma fotógrafa a alinhar as luzes de vários pontos do mundo. Tê-las-á ele visto com os próprios olhos? Talvez, consta que é viajado. Ferreira de Castro tem uma passagem soberba sobre a luz matinal que lavava a lã e dissolvia a neve da Estrela a meio do século XX. Virginia Woolf, a pretexto do híbrido Orlando, afirma que o verde na Natureza é uma coisa, e na literatura, outra, o que não é mentira nenhuma e também uma forma de dissertar sobre a luminosidade. E Machado de Assis, no D. Casmurro? O que ele se enleia em parágrafos luminosos! Onde? Pois bem, a páginas tantas e outras, aqui e ali -- não perde oportunidade. Para não falar de quando Eça se aventurou por uma China que jamais viu e pelo meio pôs um mandarim luso falando de lâmpadas derramando "claridades luarentas e sóis luzindo como opalas desmaiadas".
Cristina Leimart, «Sobre a luz», Histórias de Poucas Palavras, Lisboa, Apenas Livros, 2009, p. 13.

Wednesday, November 26, 2008

Ferreira de Castro na "Cidade de Lilipute" (1)

Apresentação do capítulo sobre a China de A Volta ao Mundo, publicado em Macau pela Câmara Municipal das Ilhas, Taipa, 1998 -- ano do centenário do nascimento do escritor. (Existe edição em cantonês, com tradução de Chau Heng Chon)
No romance português, há um antes e um depois de Ferreira de Castro (1898-1974). Este escritor autodidacta, de origens camponesas humildes, nascido no litoral centro[-norte] de Portugal, emigrado aos doze anos incompletos, só, para o Brasil, onde trabalhou num seringal, em plena Amazónia (1911-1914), e depois como afixador de cartazes, marinheiro e, por fim, jornalista, em Belém do Pará, em cuja biblioteca leu avidamente Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, Balzac e Zola, Nietzsche e Gorki; o literato que após o regresso ao seu país continuou no jornalismo, apenas como meio de sustento que lhe possibilitasse escrever os seus primeiros livros; o jovem Ferreira de Castro, aos trinta anos, com o livro Emigrantes (1028), mudou o rumo da ficção narrativa portuguesa, passando a ser uma das figuras de proa -- ou a figura de proa -- entre os finais dos anos vinte e a primeira metade da década de cinquenta.
(continua)

Saturday, February 16, 2008

Ferreira de Castro e o seu tempo - O ano de 1902 (#1)

Castro -
Texto - Carlos Malheiro Dias, Paixão de Maria do Céu; Carolina Michaëlis de Vasconcelos, A Infanta D. Maria; Eça de Queirós, Contos (póstumo). Castro sobre o livro de Carlos Malheiro Dias - «A paixão de Maria do Céu», se não é um dos melhores romances da literatura portuguesa dos últimos anos, é, pelo menos, um dos mais interessantes. «Exortação à mocidade...», A Batalha -- Suplemento Semanal Ilustrado, n.º 67, Lisboa, 9/III/1925, in Ecos da Semana -- A Arte, a Vida e a Sociedade, edição de Luís Garcia e Silva, Lisboa, Centro de Estudos Libertários / A Batalha, 2004, p. 30. Eça, Castro e outros mais, segundo Jorge de Sena - [...] como Miguéis e como Ferreira de Castro, o Régio ficcionista deve muito pouco a essa sombra tirânica [...]. «José Régio aos sessenta anos», Régio, Casais, «a presença» e Outros Afins, Porto, brasília Editora, 1977, p. 130.
Confronto - Anatole France, O Caso Crainquebille;Karl Kautsky, A Revolução Social. Castro sobre Anatole - Anatole France gozava, em vida, do título de «príncipe dos escritores franceses contemporâneos». / Sua obra, seu génio, davam-lhe direito a esse título -- e os próprios inimigos de Anatole reconheciam que ninguém como este, na França do primeiro quartel do século XX merecia aquela regalia honorífica. «O "príncipe dos escritores", A Batalha -- Suplemento Semanal Ilustrado, n.º 60, Lisboa, 19/I/1925, in Ecos da Semana -- A Arte, a Vida e a Sociedade, edição de Luís Garcia e Silva, Lisboa, Centro de Estudos Libertários /
Cartoon de 1902 - Rafael Bordalo Pinheiro, Pena de Pato... d'Ouro.(caricatura de Bulhão Pato, a última do Álbum das Glórias)
Cinema de 1902 - Méliès, Viagem à Lua.


Escritores de 1902 - José Loureiro Botas (Vieira de Leiria; m.Lisboa, 1963), Marcel Aymé (m. 1967); morrem em 1902 Émile Zola (n. 1840). Castro sobre Zola - Zola teve um grande papel na Literatura. Para se avaliar toda a sua extensão, basta imaginarmos que ele não existiu; basta imaginar a literatura dos últimos oitenta anos sem a sua presença. Depois deste pequeno passatempo, rapidamente encontraremos um enorme vazio, que não sabemos como preencher, uma enorme corrente partida, que não sabemos como ligar... «Émile Zola», Vértice, n.º 114, vol. XIII, Coimbra Fevereiro de 1953. Escrito para Présence de Zola, volume colectivo, Paris, 1953.


Prémio Nobel da Literatura de 1902 - Theodor Mommsen


Ecos de 1902 - Luís de Magalhães a Emília de Castro Eça de Queirós (Moreira, 16-XI): Os Contos ficaram um livro adorável e encerram alguns dos mais belos que o José Maria escreveu. O Defunto, Adão e Eva, José Matias, A Perfeição, O Suave Milagre, são pequenas mas verdadeiras obras-primas -- maravilhas da imaginação e da fantasia, de graça, de ironia, de emoção, de estilo.

(imagem daqui)

Friday, January 18, 2008

Ferreira de Castro e o seu tempo - O ano de 1900 (#1 )

Castro -

Texto - Carlos Malheiro Dias, Filho das Ervas; Abel Botelho, Sem Remédio; Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires e A Correspondência de Fradique Mendes (póstumos).
Castro sobre Malheiro Dias - Malheiro Dias foi, durante alguns anos, um escritor muito apreciável, que pôde fazer, à margem da sua obra política, uma obra literária de grande brilho. / [...] /Mas com o tempo Malheiro Dias embotou-se, cristalizou. E a sua obra original foi preterida por uma obra coordenativa: «A História da Colonização Portuguesa no Brasil». «Exortação à mocidade...», A Batalha -- Suplemento Semanal Ilustrado, n.º 67, Lisboa, 9/3/1925, in Ferreira de Castro, Ecos da Semana -- A Arte, a Vida e a Sociedade, edição de Luís Garcia e Silva, Lisboa, Centro de Estudos Libertários /Cadernos d'A Batalha, 2004, p. 30.
Caricatura de Arnaldo Ressano




Confronto - Anton Tchékhov, O Tio Vânia; Joseph Conrad, Lord Jim; Octave Mirbeau, Diário de uma Criada de Quarto.
Castro sobre Tchékhov - El tio Wania. -- Duas surpreendentes comédias teatrais do grande Anton Chekov, reunidas num só volume. Na primeira -- «El tio Wania» -- a velha rússia burguesa; na segunda -- «Las tres hermanas» -- um poema de melancolia, de íntimo e inefável encanto. Assinado pelos «Repórteres Associados» na rubrica «As artes e as letras -- Notícias, críticas e indiscrições», Civilização, n.º 19, Porto, Janeiro de 1930, p. 95.



Contexto - Censo da população portuguesa: 5.016.267



Pintura de 1900 - Henri Matisse, Nu Masculino: «O Escravo»


Castro sobre Matisse: Mais do que os problemas da perspectiva e do espaço, mais do que a realidade dos seres e das coisas, ele buscava o seu significado através duma incansável renovação das formas e dum grande talento de colorista. Cada um dos seus quadros correspondia, de certa maneira, a um constante criacionismo intelectual e pictural, que lhe veio do seu período «fauviste.» As Maravilhas Artísticas do Mundo, vol. III, Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1963, p. 1036.






MoMA, Nova Iorque

Música de 1900 - Gustav Mahler, sinfonia #4




4.º andamento Orquestra Nacional da Rádio Polaca, Lynda Russell, soprano.

Poesia de 1900 -

AS ALGAS

No revoltoso Mar vogam, à superfície,
seguindo a ondulação inconstante das vagas
que se vão desfazer numa branca planície,
algas dum verde-escuro, algas de formas vagas.


Vão, sem destino, errando ao sabor da corrente.
Eu cuido que uma força, ignorada e imutável,
as conduz para um porto, ou negro ou resplendente
onde vão descansar num sossego infindável.



Assim também no mundo, errantes e sem guia,
entre o choro e o riso, entre a vida e agonia,
demandando, vãmente, o porto que procuro,

eu vejo flutuar meus versos de criança,
tendo, a enchê-los de vida, a cor verde da esperança
a que a tristeza dá um tom brunido e escuro.



João de Barros, Algas, Coimbra, França Amado Editor, 1900.



Castro a propósito de João de Barros - João de Barros nasceu à beira-mar, numa praia vasta e loira como uma seara da Argentina -- a sua amada Figueira da Foz. As primeiras vozes que seus ouvidos receberam eram do grande revoltado, que ora sussurrava velhas, ignoradas dores, ora estrondeava longas e tremendas cóleras, que enchiam a noite de mistério e pavor. Era uma energia permanente, desafiando os tempos incontáveis, as ameaças do Céu e da Terra, resistindo tanto às imprecações dos homens fortes como aos tímidos rogos dos fracos. Mesmo quando se calava, mesmo quando adormecia e uma brisa suave, respiração de sono calmo, anunciava a trégua, a sua presença fazia-se sentir como uma força indomável, sobre cujo breve repouso ninguém poderia tecer dúvidas, força que, dum momento para o outro, se altearia de novo -- a maior, a mais prodigiosa força de todo o Planeta. Prefácio a Anteu / Sísifo -- Poemas Dramáticos, Lisboa, Livros do Brasil, 1960, pp. 11-12.


Escritores de 1900 - José Bacelar (Lisboa; m. Lisboa, 1964); Antoine de Saint-Exupéry (m. 1944). Morrem em 1900 Eça de Queirós (a 16 de Agosto, em Paris; n. Póvoa de Varzim, 1845); Friedrich Nietzsche (a 25 de Agosto).





Castro sobre Eça de Queirós - [...] Eça de Queirós, como todos os grandes espíritos, foi, exactamente por sua grandeza, prejudicial às gerações que lhe sucederam. Porque... Do seu túmulo, ele, como se predicasse de sobre uma tribuna de mármore, continua a manter discípulos: -- a dispensar poderosas influências: -- a impor a sua forma e os seus «processos» a uma geração que sem essa tutela sepulcral ter-se-ia encontrado a si própria. «Livros novos», A Palavra, Lisboa, 17/VIII/1922, p. 4. [...] Eça de Queiroz não era um escritor de alma popular; ele parecia um aristocrata vingando-se dos seus pares. Mas um aristocrata que trazia as censuras dos intelectuais do povo a uma sociedade hipócrita, injusta e corrupta. «Eça de Queiroz é um escritor universal?» [...], Livro do Cinquentenário de Eça de Queiroz, edição de Lúcia Miguel Pereira e Câmara Reys, Lisboa e Rio de Janeiro, Dois Mundos, 1945.



Castro sobre Nietzsche - Nietzsche compreendido é Nietzsche insultado. «Raul Brandão», Mas..., Lisboa, Edição do Autor, 1921, p. 32.
[No ano em que Hitler rearma a Alemanha e no preciso dia (15 de Setembro) da aprovação das Leis de Nuremberga, sobre a "pureza de sangue" ariano, Castro refere-se à filiação do pensamento do fhürer no do autor de Para Além do Bem e do Mal]:
[...] aquele homem que saiu dos livros de Nietzsche, trazendo no cérebro lugares comuns ideológicos e, na boca, uma torrente de verbalismos, encontra, a facilitar-lhe o êxito individual, uma Europa que, na sua maior parte, quer viver tranquila e, para alcançar esse objectivo, se resigna, se humilha mesmo perante as mangações de toda a ordem a que a submetem. «Prestígio individual», O Diabo, n.º 64, Lisboa, 15/IX/1935, p. 1.
[...] eu duvidava confrangidamente de conseguir realizar as ambições literárias que trouxera. E então do mar das tormentas físicas e psíquicas partiu uma onda de pessimismo e de mortificado ensimesmamento, uma vaga sobre cujo dorso pregavam Schopenhauer e Nietzsche, amparos de quem nessa época se tinha por incompreendido [...]. «Pequena história de "Emigrantes"» [1966], Castriana, n.º 3, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007, p. 18.

Ecos de Nietzsche no jovem Ferreira de Castro - [...] Sob o hábito dum presidiário pulsa sempre o coração dum herói. [...] / E todo o preso que não for isso desonra a prisão: --É um pequeno carneiro que o rebanho na barafunda de encarcerar o pastor encarcerou-o também. Por equívoco, é lógico. Tirem-no, pois. Ele é do rebanho. É indigno de estar na prisão. Emporcalha-a. [...] «Mas... a prisão é uma coroação», Mas..., Lisboa, edição do Autor, 1921, pp. 7-8. [...] Eu nunca trouxe ao povoado a minha alma. Eu só desço ao povoado a buscar o meu quinhão. Jamais... Ninguém se pode vangloriar que se tivesse debruçado sobre a ânfora de renúncia onde encerrei todas as aspirações de minh'alma solitária. Os vermes só conhecem do lobo aquelas necessidades que ele satisfaz em comum: -- para viver: -- E servindo-se da mesma matéria que eles se servem. Não consta que na feira do povoado algum dia aparecesse exposta a alma dum lobo. / Eu não venho, pois, estabelecer-me no povoado. Transijo em comunicar com o povoado. [...] «"Os novos" -- conceitos de Zaratustra», A Hora, n.º 1, Lisboa, 12/III/1922.
Ecos de 1900 - Fialho de Almeida a Manuel Ribeiro (Cuba, 23/IV): A literatura e a arte são egoístas terríveis: e ou lhes damos a vida, ou lhe[s] passamos ao pé sem pensar mais nelas.» in Andrée Rocha, A Epistolografia em Portugal, 2.ª edição, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1985, p. 332.

Castro sobre Fialho (a propósito da crítica) - Em Portugal, como na Grécia, há a ideia de que a crítica deve ser de «porrete à esquina», género Brás Burity. Homens tão dotados como Fialho de Almeida deixaram-nos algumas lamentáveis amostras desse género. O crítico passa a ser uma espécie de arauto de todos os despeitos, incluindo, às vezes, o dele próprio, como no caso do Fialho com o Eça, e o criticado apenas um pretexto para o crítico se salientar. Isto, evidentemente, já não é consequência da pequenês, mas sim da atmosfera moral dum país. «Uma entrevista com Ferreira de Castro -- O escritor portugês contemporâneo de maior projecção universal», Ler, n.º 1, Lisboa, Abril de 1952.
actualizado em 19,22/I/2008

Wednesday, January 09, 2008

Ferreira de Castro e o seu tempo - O ano de 1899 (#1)

CASTRO - Nasce a sua irmã Rita Cássia (2/X).


TEXTO - M. Teixeira-Gomes, Inventário de Junho
Relato duma conferência de Castro sobre Teixeira-Gomes, nos Rotários de Portimão, por C.M.: [...] / O grande enlevo que ficou ao orador dessa noite, ao tomar contacto com a leitura das «Cartas sem moral nenhuma», da «Gente singular», dos «Regressos» e com outras obras de Teixeira Gomes -- foi-nos comunicado com a fluência fácil, incisiva e plástica que Ferreira de Castro põe nos seus livros e transparecem também na sua palavra. E o elogio literário que rendeu àquele seu camarada nas Letras foi feito com a convicta admiração de quem sabe bem sopesar o mérito alheio, e medir a altura dos homens pela estatura própria... / [...] / Teixeira Gomes terminou volutariamente o seu mandato de Presidente, renunciando ao cargo. Não se entendia com os políticos e os políticos talvez o não pudessem entender a ele... / Exilou-se apagadamente para uma cidadezinha do Norte de África e aí, num modesto quarto de hotel, só com as suas recordações e alguns livros, foi rememorando uma grande parte da sua vida e escrevendo alguns dos deliciosos volumes que são o seu espólio literário [...] / Ferreira de Castro disse, quase ao terminar a sua conferência: «tenho a minha casa forrada de livros e de algumas lembranças. Não tenho um único móvel de preço! A única preciosidade que guardo com a melhor veneração é uma medalha* que me foi oferecida por Manuel Teixeira Gomes». M.C. «O grande escritor Ferreira de Castro evocou em Portimão o notável escritor Teixeira Gomes», Correio do Sul, n.º 2706, Faro, 21/V/1970.
* Trata-se de um lapso. Teixeira-Gomes ofereceu um magnífico fauno em bronze, 240mm de altura, exposto no Museu Ferreira de Castro.
CONFRONTO - Octave Mirbeau, O Jardim dos Suplícios
Castro sobre Mirbeau - Deitado no divan de forro tocando uns longes de japonismo, fofo e exótico, pousando sobre o peito o livro histérico de Mirbeau «Jardim dos Suplícios», Afrânio debruou a dor que lhe alagava as pupilas num reflexo de Dor mais entranhada, sorrindo [...]. Mas..., edição do Autor, Lisboa, 1921, p. 77. [...] esse condor altivo que foi Mirbeau [...]. «A situação dos literatos em Portugal», A Batalha -- Suplemento Literário, n.º 2, Lisboa, 10-XII-1923, p. 3.



CONTEXTO - Recondenação de Alfred Dreyfus.
PINTURA DE 1899 - Claude Monet, A Ponte dos Nenúfares.
Castro sobre Monet e a «série dos nenúfares» - Nos últimos anos da sua esticada vida [...], Monet dedicou-se principalmente ao estudo dos efeitos que a luz produzia, alterando constantemente as cores, sobre a água duma lagoa onde vibravam miríades de reflexos. Ali ele cultivava nenúfares brancos, que imortalizaria em «As ninfeias», a sua famosa série de telas. Alguns desses trabalhos, de enormes superfícies, forram hoje as paredes duma sala, vagamente iluminada, um pouco como se fosse de sonho, no Museu de Orangerie, em Paris. E nesse ambiente de cripta, tão misterioso e suspenso que os próprios visitantes se sentem impelidos a falar por murmúrios, toda uma estrofe de cor e de luz, que os pincéis do artista escreveram e onde a figuração é quase nada, se vai declamando a ela própria, lenta e silenciosamente. Cerebral, sempre estudioso e insatisfeito, Monet batalharia até á morte por uma originalidade cada vez maior do seu estilo e com «As ninfeias», que são realidades subjacentes, se antecederia, de certa maneira, à pintura abstracta. As Maravilhas Artísticas do Mundo [1959-63], vol. III, s. ed., Lisboa, Guimarães & C.ª, 1971, p. 297.

MoMA, Nova Iorque

MÚSICA DE 1899 - Debussy, Nocturnos
Castro refere-se a Debussy (e a Fídias, Fra Angelico e Rodin) - «Não é ao cinzel de Fídias ou de Rodin, não é a Debussy nem a Fra Angelico que a humanidade deve o desbravamento da selva do Passado, para a abertura de novas sendas -- de sendas que a conduzam a uma maior perfeição. / É na árvore de natal da Literatura que sucessivamente se têm enforcado os fantoches do Preconceito -- os Dogmas e os Vetos da humanidade de outrora -- Muitas vezes a simples cançoneta dum poeta anónimo bastou para aluir a solidez dum trono. «A situação dos literatos em Portugal», A Batalha - Suplemento Literário, Lisboa, 10/XII/1923, p. 3.



3.º quadro, «Sereias». Orquestra Sinfónica de Filadélfia, dirigida por Leopold Stokowski, 1943.

ESCRITORES DE 1899 - António Aleixo, em18/II , Vila Real de Santo António (m. Loulé, 1949). Vladimir Nabokov, 22/IV (m. 1977).

ECOS DE 1899 - Forest par Chaumes, 26/IX
Eça de Queirós a Domício da Gama - Também eu senti grande tristeza com a indecente recondenação do Dreyfus. Sobretudo, talvez, porque com ela morreram os últimos restos, ainda teimosos, do meu velho amor latino pela França. Correspondência, vol. II, edição de Guilherme de Castilho, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pp. 520-521.

Castro sobre Eça de Queirós - V. abre o Eça, abre o Machado de Assis e não encontra a paridade estilográfica de que os acusaram mas V. abre dois séculos à re[c]taguarda a Voltaire («Cândido o o[p]timista», por exemplo) e nele verá já a Eça de Queirós, -- quer, por vezes, no estilo, -- quer na criação das personagens. Pangloss sobrevive em quase todos os livros de Eça. E eu estou convencido que o Eça não teve influências de Voltaire. «Carta de Ferreira de Castro a José Dias Sancho», Correio do Sul, n.º 150, Faro, 17/XII/1922.

Actualizações: 10,11,12,13,22/I/2008