Thursday, March 29, 2012
Vítor Viçoso, A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO (17)
A leitura deste livro de Vítor Viçoso mais faz sentir a necessidade de um estudo abrangente da literatura libertária e dos seus escritores – aliás uma sugestão que, generosamente, já me foi feita precisamente por Vítor Viçoso – que, por desconhecimento geral, são, conforme as percepções de quem escreve, encostados ao republicanismo reviralhista ou às vizinhanças do PCP, quando se trata de outra coisa. E essa outra coisa integra nomes tão esquecidos hoje, como Manuel Ribeiro, autor de A Catedral, Jaime de Magalhães Lima, Tomás da Fonseca, Emílio Costa, Campos Lima, Julião Quintinha, Jaime Brasil, Assis Esperança, entre outros. E também o de Ferreira de Castro.
Monday, March 26, 2012
História e Memória: Uma leitura de Os Fragmentos (4)
Ferreira de Castro foi um triunfo da vontade. A sua vida, pelo muito que teve de inverosímil -- uma criança desterrada para a selva amazónica que em adulto se elevou à condição de um dos primeiros romancistas do seu país, reconhecido além-fronteiras até ao limiar do Prémio Nobel da Literatura (2) -- teria sido susceptível de ser contada por ele próprio.
Tal não sucedeu. Ou, melhor, sucedeu parcial e fragmentariamente ao longo so seu percurso de escritor.
(2) Proposto em 1951 e 1968, a segunda conjuntamente com Jorge Amado.
Língua e Cultura II Série, #7/8, Lisboa, Sociedade da Língua Portuguesa, 1998.
Tal não sucedeu. Ou, melhor, sucedeu parcial e fragmentariamente ao longo so seu percurso de escritor.
(2) Proposto em 1951 e 1968, a segunda conjuntamente com Jorge Amado.
Língua e Cultura II Série, #7/8, Lisboa, Sociedade da Língua Portuguesa, 1998.
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Thursday, March 22, 2012
As "Notas Biográfica e Bibliográficas" de Jaime Brasil (1931) (3)
O texto é curto, pouco mais de dez páginas, e muito bem escrito, como era apanágio de Jaime Brasil, um estilista limpo e assertivo. A abrir, situa Castro como «o mais representativo dos romancistas da nova geração em Portugal» (p. 7), o que não suscita contestação, uma vez que os grandes ficcionistas de idade aproximada – José Régio, José Rodrigues Miguéis ou Vitorino Nemésio – não haviam ainda publicado as suas narrativas de maior significado.
Monday, March 19, 2012
Ferreira de Castro, entre Marinetti e Kropótkine (4)
Na génese do futurismo portugês participou um próximo amigo de Ferreira de Castro, Mário Lyster-Franco, que com Carlos Porfírio -- pouco depois director do Portugal Futurista --, no Heraldo de Faro, animaram, sob os pseudónimos "Fontanes" e "Nesso", uma página literária intitulada Futurismo, onde colaboraram Almada e Pessoa [ver Nuno Júdice, Poesia Futurista Portuguesa (Faro, 1916-1917), Porto, A Regra do Jogo, 1981].
O Escritor #11/12, Lisboa, Associação Portuguesa de Escritores, 1998.
Thursday, March 15, 2012
Vítor Viçoso, A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO (16)
Para terminar as continuidades que vieram desembocar no Neo-Realismo, há que referir a constelação anarquista, tão importante como mal conhecida e pior estudada. Basta referir que a figura mais relevante dessa corrente ideológica na literatura portuguesa do século XX é Ferreira de Castro; e que O Diabo, um dos berços do neo-realismo teve na sua génese, em 1934, um grupo de escritores e jornalistas das áreas republicana e libertária. Ferreira de Castro, que foi um dos fundadores, escrevendo logo no número 0 (“espécime”), dirigiu o jornal por um breve período, acompanhando-o sempre. Uma das grandes entrevistas deste período do autor de Emigrantes é dada, em 1940, a [ O Diabo de*] Manuel Campos Lima, o último director antes do seu encerramento compulsivo.
* em falta no texto original.
(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)
* em falta no texto original.
(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)
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Wednesday, March 14, 2012
morbidez brandoniana
-- Pela mesma razão que em determinado dia da minha existência tu nasceste, nasceu e cresceu o meu provável coveiro: -- nasceu e desenvolveu-se a árvore frondosa de cujo tronco alguém fará o meu esquife..
Eduardo Frias e Ferreira de Castro, A Boca da Esfinge, Lisboa, Livraria Aillaud & Bertrand, 1924.
Eduardo Frias e Ferreira de Castro, A Boca da Esfinge, Lisboa, Livraria Aillaud & Bertrand, 1924.
(também aqui)
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Monday, March 12, 2012
As "Notas Biográficas e Bibliográficas" de Jaime Brasil (1931) (2)
Terminadas em Outubro de 1930, meses após a morte de Diana de Lis e durante o internamento de Ferreira de Castro, acometido de septicemia, tenho para mim (e já o escrevi) que estas notas de Jaime Brasil sobre a vida do autor do recém-publicado A Selva – abertura do volume colectivo Ferreira de Castro e a Sua Obra (1931) – se destinaram a um in memoriam, que, felizmente para o jovem escritor e para o romance português, não veio a concretizar-se sob esse pretexto, e a ter razão de ser senão quarenta e três anos mais tarde. Como se sabe, Castro esteve às portas da morte e chegou a ser redigido o necrológio para os jornais -- não falando da tentativa de suicídio que, só em 1994, eu teria ocasião de revelar, em apêndice à sua correspondência com Roberto Nobre – embora o tópico suicidário houvesse sido aflorado pelo próprio, precisamente nas «memórias» de infância que Ferreira de Castro e a Sua Obra encerra.
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Tuesday, March 06, 2012
Vítor Viçoso, A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO (15)
Atrevo-me, aliás, a sugerir que as posições do presencista Fernando Lopes-Graça – revista de que ele foi um dos mais importantes colaboradores –, um estrénuo defensor da arte pura, estão muitos mais próximas de Régio do que de qualquer teórico do Neo-Realismo. O que não invalida que ele, quando necessário, tivesse a necessidade de intervir explicitamente com as Canções Heróicas ou, já depois do 25 de Abril – com o seu Requiem pela Vítimas do Fascismo em Portugal.
Foto: José Régio, João Gaspar Simões, Albano Nogueira, Fernando Lopes-Graça e Adolfo Casais Monteiro, daqui.
Sunday, March 04, 2012
As «Notas Biográficas e Bibliográficas» de Jaime Brasil (1931) (1)
Jaime Brasil está omnipresente neste blogue, que também lhe é dedicado. O primeiro dos castrianos, por mais de quarenta anos deu testemunho de amizade e comunhão pessoal e ideológica ao autor de A Lã e a Neve; testemunhos por vezes afectados pela extreme admiração que lhe votava, e que não fugia à polémica vigorosa -- feição de carácter que o marcava, e género literário e estilístico de que foi um dos mais acabados cultores no seu tempo.
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Sem estar à espera, dou comigo aqui, simpático blogue do agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, em Sintra.
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