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1. O Algarve, que no século XIX tivera João de Deus (São Bartolomeu de Messines, 1830 / Lisboa, 1896) como poeta laureado e nos alvores da centúria seguinte veria despontar o esteticismo ainda hoje inultrapassado de Manuel Teixeira-Gomes (Portimão, 1860 / Bejaia, 1941) -- um dos autores preferidos de Nobre que lhe ilustrou «Uma copejada de atum» nas páginas da Seara Nova (2) -- repartia-se pela presença suave de poetas como Bernardo de Passos (São Brás de Alportel, 1876 / Faro, 1930) e João Lúcio, (Olhão, 1880-1918) e uma nova e trepidante geração que em Faro, em 1916, nas páginas do Heraldo, respondia ao desafio de Orpheu, antecipando o Portugal Futurista na designação marinéttica. Carlos Porfírio (Faro, 1895-1970) e Mário Lyster Franco (Faro, 1902-1984) coordenavam e publicavam nessa página, conseguindo colaboração de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e (neste caso, póstuma) de Mário de Sá-Carneiro (3). José Dias Sancho (São Brás de Alportel, 1898 / Faro, 1929) e Bernardo Marques (Silves, 1899 / Lisboa, 1962) viriam engrossar essa fileira de rebeldia estética, em que marcavam também posição ideológica Julião Quintinha (Silves, 1885 / Lisboa, 1968), da geração anterior, e Assis Esperança (Faro, 1892 / Lisboa, 1975). (Não sejamos injustos a ponto de esquecermos o lacobrigense Júlio Dantas (Lagos, 1876 / Lisboa, 1962), eminência parda da cultura portuguesa do século XX, pelo peso institucional que alcançou, como pelas resistências que suscitou e de que o célebre Manifesto de Almada é apenas a ponta do iceberg. Teve, aliás, como antecessor na presidência da Academia das Ciências o também algarvio Coelho de Carvalho (Tavira, 1855 / Arade, 1934).
(1) Ferreira de Castro e Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), introdução, leitura e notas de Ricardo António Alves, Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 13.
(2) Ver António Ventura, O Imaginário Seareiro -- Ilustrações e Ilustradores da Revista Seara Nova (1921-1927), Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica, 1989, p.p. 105-106.
in Roberto Nobre (1903-2003), São Brás de Alportel, Câmara Municipal, 2003.
(1) Ferreira de Castro e Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), introdução, leitura e notas de Ricardo António Alves, Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 13.
(2) Ver António Ventura, O Imaginário Seareiro -- Ilustrações e Ilustradores da Revista Seara Nova (1921-1927), Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica, 1989, p.p. 105-106.
in Roberto Nobre (1903-2003), São Brás de Alportel, Câmara Municipal, 2003.
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