Tuesday, June 26, 2012

Alexandre Cabral: Camilo, mas também Ferreira de Castro (4)

Se os grandes escritores valem pela sua obra, também se reconhecem pela qualidade de quem os estuda. Não sendo a camiliana passiva tão vasta quanto a sua congénere queirosiana, os nomes que povoam aquela, de Alberto Pimentel a Abel Barros Baptista, passando por António Cabral, Sousa Costa, Jacinto do Prado Coelho, Alexandre Cabral e João Bigotte Chorão, entre tantos outros, reflectem com nitidez a espessura do que se fala e de quem se fala.

Vária Escrita #6, Sintra, Câmara Municipal, 1999.

Thursday, June 21, 2012

A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO, de Vítor Viçoso (21)

 Em Portugal, o Estado Novo está consolidado desde 1933, a tropa domesticada e as oposições cada uma para seu lado – divisão que a caracterizou nos 48 anos de ditadura, exceptuando o período de 19145-49, marcadas pela acção do MUD e do apoio à candidatura de Norton de Matos. Os republicanos de várias proveniências, grande parte desprestigiada pelo falhanço clamoroso da I República, haviam sido neutralizados – pela prisão, pelo exílio mas também pela cooptação por parte do novo poder; os anarquistas, a grande força organizada do trabalho durante esses dezasseis anos, principalmente através da central anarco-sindicalista CGT, detentora do influente jornal diário A Batalha, não resistira à repressão e à clandestinidade. A Revolta da Marinha Grande – articulada já com o PCP, não sem graves dissensões entre ambas as forças – seria o canto do cisne da corrente libertária enquanto movimento de massas; o PCP, finalmente, fundado em 1921, seria o principal veículo de resistência, graças a uma organização rigorosamente centralizada e a uma rede internacional de assistência e informação sediada em Moscovo.

(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)

(imagem)

Thursday, June 14, 2012

Ferreira de Castro na "Cidade de Lilipute" (4)



Ferreira de Castro escreveu também livros de viagens, um dos quais -- A Volta ao Mundo (1940-1944) -- permanece como o mais significativo deste século num género com tradições centenárias na literatura portuguesa.

in Ferreira de Castro, Macau e a China, Taipa, Câmara Municipal das Ilhas, 1998.

Monday, June 04, 2012

A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO, de Vítor Viçoso (20)


Estamos, pois, num tempo de crise das democracias liberais, postas numa tenaz entre os totalitarismos nazi e fascista de brutalidade sem máscara, de regimes autoritários de direita, e o totalitarismo soviético. E essa crise terá a sua máxima evidência precisamente na Guerra Civil de Espanha, com a participação no terreno, directa ou indirectamente, dos dois blocos políticos, sem que a França e a Inglaterra, principais mentores de um inoperante Comité de Não-Intervenção em Londres, lograssem sequer um mínimo de entendimento quanto às atitudes a tomar.

(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)