Saturday, February 27, 2010

testemunhos - João Sarmento Pimentel

[Fernando da Fonseca] Desejava ir ao Brasil, , que desde sempre tivera o desejo de o visitar. Era a terceira vez que fazia esse projecto. E todos se malograram. Estava muito interessado em percorrer a Amazónia, para conhecer ao vivo «A Selva» de Ferreira de Castro [...].
Sarmento Pimentel ou uma Geração Traída -- Diálogos com Norberto Lopes, Lisboa, Editorial Aster, 1976, p. 204.
Nota- Fernando da Fonseca, médico eminente e professor, foi um dos clínicos de Ferreira de Castro, um dos grandes de que socorreu durante a sua vida de saúde atribulada, a que podemos juntar os nomes de Celestino da Costa, Pulido Valente e Reinaldo dos Santos.

Wednesday, February 24, 2010

100 Cartas a Ferreira de Castro - Nota à 2.ª edição (1)

O corpus castriano tem conhecido renovadas e heterogéneas leituras nos últimos quinze anos, numa dimensão não comparável com o panorama existente à época da primeira edição destas 100 Cartas a Ferreira de Castro. O número e a qualidade dos estudos dedicados ao escritor é muito diferente: um congresso internacional, vários colóquios, inúmeras conferências, teses universitárias, em Portugal e no estrangeiro, estudos monográficos, uma revista especializada, números temáticos de várias publicações -- em grande parte a propósito do seu nascimento, em 1998 --, um Centro de Estudos sedeado na sua terra natal, sem esquecer alguns inéditos e dispersos que entretanto saíram dos prelos. Nomes que vinham de trás, como Agustina Bessa Luís, Óscar Lopes ou Urbano Tavares Rodrigues, continuaram a produzir depoimentos, sempre merecedores de atenção; outros contribuíram também com visões enriquecedoras do nosso olhar sobre Ferreira de Castro: de Eugénio Lisboa a Pinharanda Gomes, passando por Álvaro Pina, António Cândido Franco, Bernard Emery, Carlos Jorge F. Jorge, Élcio Lucas de Oliveira, Karl Heinz Delille, Luciana Stegagno Picchio, Luís Garcia e Silva, Pedro Calheiros, para citar apenas alguns.

100 Cartas a Ferreira de Castro, selecção, transcrição, comentários e notas de Ricardo António Alves, 2.ª edição, Sintra, Câmara Municipal / Museu Ferreira de Castro e Instituto Português de Museus, 1997, p. 5.

Tuesday, February 23, 2010

Sunday, February 21, 2010

outras palavras - O SEGREDO DAS NOSSAS DERROTAS (1928)

Sempre que eu regressava da escola, davam-me em minha casa O Comércio do Porto, e diziam-me:
-- Vê lá! Vê lá se já sabes ler!
Ferreira de Castro, «O segrêdo das nossas derrotas -- Como eu fui preso no... Limoeiro», Uma Hora de Jornalismo, Lisboa, Caixa de Previdência do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa, 1928, p. 85.

Tuesday, February 16, 2010

Ferreira de Castro e a II República espanhola (2)

O jornalismo é uma actividade que Ferreira de Castro inicia ainda no Brasil, para onde emigrara muito jovem, em 1911, com doze anos e meio. Quando regressa, em 1919, retoma-a com grandes dificuldades, uma vez que era totalmente desconhecido no meio. A imprensa foi para ele a «profissão socorro»(2) que lhe permitiu dedicar-se à sua vocação literária. Até 1927, é um free-lancer, escrevendo abundantemente para jornais do continente, ilhas e colónias, como meio de subsistência. Nesse ano -- que coincide com uma nova etapa da sua vida pessoal, o encontro com Diana de Liz, e também o encerramento de A Batalha, após o golpe de 28 de Maio --, o jovem escritor entra para os quadros de O Século, onde permanecerá até 1934, abandonando então a vida dos jornais como profissional, saturado dos constrangimentos impostos pela Censura do Estado Novo.
(2) Ferreira de Castro, «Origem de "O Intervalo"», Os Fragmentos, Lisboa, Guimarães & C.ª [1974]2, p. 63.
Círculo Joaquina Dorado e Liberto Sarrau - 3.º Ciclo, Lisboa, Centro de Estudos Libertários, 2007, p. 31.

Wednesday, February 10, 2010

Mais uma dedicatória no Caligrafias, desta vez num exemplar de A Curva da Estrada.

Sunday, February 07, 2010

A Selva como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro (2)

Acima de tudo uma grande obra de arte, o romance é também o testemunho da vivência do autor e veicula, como seria de esperar, a sua mundividência, a perspectiva pessoal com que o escritor encarava a vida e os problemas que se levanta[vam] ao ser humano.
Congresso Internacional A Selva 75 Anos -- Actas, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007, p. 87.

Saturday, February 06, 2010

correspondências - Jaime Brasil, CARTAS A FERREIRA DE CASTRO [1924-1964]

SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DA IMPRENSA DE LISBOA
Rua do Loreto, 13, 2.º,
LISBOA
TELEFONE TRINDADE N.º 179

GABINETE DA DIRECÇÃO
N.º 42

Meu prezado consócio:

Esta Direcção(1) recebeu a sua carta de 1 do corrente e os documentos que a acompanhavam(2), que ficarão, conforme é seu desejo, depositados nos arquivos deste sindicato.

[Lisboa, 5 de Março de 1926]
Jaime Brasil, Cartas a Ferreira de Castro, apresentação, transcrição, notas e posfácio de Ricardo António Alves, Sintra, Câmara Municipal / Museu Ferreira de Castro e Instituto Português de Museus, 2006, p. 14.

(1) Jaime Brasil, sócio n.º 73, era então secretário-geral do do SPIL.
(2) Referência à conferência proferida pelo sócio n.º 133, Ferreira de Castro, «A arte moderna ante a sociedade actual» (ver aqui, aqui, aqui e aqui).

Tuesday, February 02, 2010

castrianas #26 - Francisco Costa

O artista [...] deve fazer-se antes de fazer a obra: entre nós, os escritores Paço d'Arcos, Ferreira de Castro, João Gaspar Simões, Maria Archer, Alves Redol, são exemplos notórios de quanto vale a vontade de ser para operar. E se hoje não parecem universais a olhos portugueses, talvez no futuro algum crítico de além-fronteiras, cansado do que vê ao pé, sem lembre de avaliar, sem visão local, essas e outras figuras do momento literário que estamos vivendo e que não sabemos ver parce que nous sommes dedans.
Francisco Costa, «Essência e existência do romance» [1954] Diálogos Estéticos, Lisboa, Editorial Verbo, 1981, p. 77.