Saturday, July 19, 2008

Wednesday, July 09, 2008

O Museu Ferreira de Castro (3)

2. NO BRASIL - Da selva amazónica a Belém do Pará (1911-1919)

Devo-lhes [aos brasileiros] muito. Com eles aprendi a amar a humanidade.»FERREIRA DE CASTRO, entrevista ao Diário Popular (1966)

Relata a época em que Ferreira de Castro viveu no seringal ironicamente chamado «Paraíso», na Amazónia, onde escreveu o primeiro romance, Criminoso por Ambição, vivência que mais tarde se repercutiria em A Selva.
Embora trabalhasse como caixeiro num armazém, marcou-o fortemente a convivência com os seringueiros cearenses e paraenses, vítimas da adversidade do meio e da exploração praticada pelos proprietários das plantações.
Deixou o seringal em Outubro de 1914, tendo passado por enormes dificuldades. Nos intervalos de expedientes como a colagem de cartazes ou o trabalho num navio que fazia a cabotagem do Oiapoque, lia avidamente os clássicos na Biblioteca Pública de Belém.
A partir de 1915 dedicou-se ao jornalismo, tornando-se mais tarde profissional, publicando no ano seguinte os seus primeiros livros, Criminoso por Ambição e Alma Lusitana.

Sunday, July 06, 2008

A Lã e a Neve no Jornal do Fundão

O meu amigo Luís Martins enviou-me um suplemento do Jornal do Fundão de 22 de Maio passado, assinalando a homenagem ao escritor e a evocação de A Lã e a Neve. Esta iniciativa foi promovida pelo Sindicato Têxtil da Beira Baixa, com o concurso de vários instituições e organismos da região e também extra-regionais, como já aqui se deu notícia.
Este "especial" do Jornal do Fundão -- um título histórico e prestigiado da imprensa regional -- publica os seguintes artigos e depoimentos:


«A Covilhã no coração», por Fernando Paulouro das Neves;
«Ferreira de Castro e os valores do trabalho», por Manuel Carvalho da Silva;
«A verdade verdadeira -- Revisitando "A Lã e a Neve" de Ferreira de Castro», por Manuel da Silva Ramos;
«Ferreira de Castro, o realismo social e a dignidade humana», por Urbano Tavares Rodrigues;
«110 anos de Ferreira de Castro», por Luís Pereira Garra;
«O agrupamento de escolas que foi ao encontro do seu nome», por Nuno Francisco;
«A Lã e a Neve: as teias do espaço», por Maria Antonieta Garcia.

Tuesday, July 01, 2008

O Museu Ferreira de Castro (2)

PERCURSO BIOGRÁFICO



1. INFÂNCIA (1898-1911)

«O homem ama na terra natal os seus hábitos, se ali reside ou residiu muito tempo; ama a sua casa e o seu agro, se os tem; e ama, sobretudo, a sua infância, que lhe comandará a vida inteira e se amalgama com o drama biológico do envelhecimento e da morte. Ama esse período da sua existência por saber que jamais voltará a vivê-lo; e essa certeza de irrecuperabilidade embeleza-lhe o cenário nativo e valoriza-lhe os anos infantis, mesmo se neles conheceu a miséria, os trabalhos prematuros, as opressões e as humilhações impostas pelos adultos.»FERREIRA DE CASTRO,«A aldeia nativa» (1969)

Este primeiro grupo refere-se à meninice do romancista, na «aldeia nativa» de Salgueiros, freguesia de Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis, onde nasceu, em 24 de Maio de 1898. Deste período ficarão as marcas de um íntimo contacto com a verdejante natureza envolvente. Órfão de pai aos oito anos, a sua infância seria igual à de tantas outras crianças - escola com o professor Portela, catequese com o padre Carmo -, não fosse a decisão inusitada de emigrar para o Brasil, com 12 anos incompletos. Em 7 de Janeiro de 1911 Ferreira de Castro embarcou no vapor Jerôme. Saiu criança, regressaria já homem.

link