Monday, October 29, 2012

Os retratos de Castro por Nobre (4)

De Ferreira de Castro, conhecem-se seis retratos da autoria de Roberto Nobre, todos, de resto, já publicados.* O nosso propósito é o de tentar contextualizar esses desemhos, bem como propor um sétimo retrato, que até agora nunca foi tido como tal.

*Escrito e publicado há mais de uma década, antes de se revelarem cerca de meia dúzia de novas caricaturas e esboços inéditos, objecto, com outros trabalhos, da exposição temporária no Museu Ferreira de Castro: «Retratos e Caricaturas de Ferreira de Castro» (2005). 

 «Os retratos de Castro por Nobre», Vária Escrita #8, Sintra, Câmara Municipal, 2001 (com alterações).

incidentais #8 - dos tempos e da sua passagem

* o «Pórtico» de quatro páginas é um bosquejo de história social e económica (e também mental) do percurso da lã na Serra da Estrela ao longo dos tempos: do surgimento dos «primeiros teares», abastecidos pelos «rebanhos dos Hermínios», presumo que na Idade do Ferro, às fábricas da Covilhã, com milhares de operários, cuja vida oscilava à medida da flutuação dos preços da matéria-prima nas praças internacionais.

* Sobre a passagem das horas: da condição pré-moderna dos tecelões domésticos -- detentores dos factores de produção como do tempo de trabalho --, ao proletariado fabril que, se possuía algo, pouco mais seria que a vontade de progredir e resistir (ou resistir e progredir). Vontade que só a alguns implicarão significações que vão para além o estômago, como é costume.

* Publicado em 1947, A Lã e a Neve é não apenas um dos romances de maior notoriedade de Ferreira de Castro; é também, parece-me, aquele que ombreia com A Selva -- por muito relevantes que sejam Emigrantes, Eternidade ou A Curva da Estrada. Outro livro que apresenta o homem como transeunte quase impotente no meio dos elementos, das «soledades alpestres».

* Uma mera indicação, que não acrescenta nem retira nada:  A Lã e a Neve é o livro mais traduzido de Ferreira de Castro, depois de A Selva, é claro...

* A Lã e a Neve põe questões teóricas interessantes sobre o neo-realismo; algo que também é pouco relevante para a obra literária.

Saturday, October 27, 2012

A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO, de Vítor Viçoso (29 -- e final)

Quero terminar – ficando muito por dizer – salientando o que esta obra significa de resgate ao silenciamento de escritores como Mário Braga, Joaquim Lagoeiro, Antunes da Silva, Leão Penedo, Faure da Rosa, Romeu Correia, Assis Esperança, Maria Archer, Castro Soromenho, entre tantos outros; agradecer ao Prof. Vítor Viçoso este trabalho histórico pelo que representa de ponto da situação relativamente ao acervo literário deixado pela Geração de 40; e, finalmente, fazer convosco um pequeno exercício: vou à bibliografia activa de A Narrativa no Movimento Neo-Realista e dela enunciarei cerca de dez por cento dos títulos utilizados pelo autor. São eles: A Selva, O Signo da Ira, Hora di Bai, Manhã Submersa, Seara de Vento, Esteiros, O Mundo em que Vivi, Retalhos da Vida de um Médico, Finisterra, O Delfim, Barranco de Cegos, Levantado do Chão, Suão, Adolescente Agrilhoado, Terra Morta. Imaginemos como seria mais pobre a nossa cultura sem estes e outros livros aqui estudados pelo autor.

Ricardo António Alves,

Sintra, 21-X-2011

(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)

Tuesday, October 23, 2012

castrianas - Alberto Viviani

Alberto Viviani (1894-1970), amigo e confrade de Marinetti, colaborador da Civilização de Ferreira de Castro, destaca no Il Popolo Toscano a magnitude de A Selva (que viria a conhecer tradução italiana em 1934): 
«Ciò che v'è di nuovo, di formidabile e di originale nel romanzo di Ferreira de Castro [...] è l'ambiente. La descrizione dell'Amazonia, slabordisce e meraviglia. L'evocazione della selva verde nera con il suo oscuro sortilegio, il suoi terrori extra umani, con la sua esuberanza di vita che determina il «delirio de la Natura, schiaccia ed annulla la natura umana.»
E o estilo seguro aliado à riqueza lexical e o conhecimento de dentro que servem o romance: 
«Il poema della floresta amazonica è tracciato da questo giovanni scrittore con mano veramente maestra: sicurezza nella vizione interiore, certezza nella vivisezione. [...] // Ferreira de Castro è ormai padronne duma orchestrazione verbale ricca di accordi nuovi, illuminata di strani ritmi da poter ricostruire per noi profani il linguaggio della foresta.»

Recolhido por Jaime Brasil em Ferreira de Castro e a Sua Obra, Porto, Livraria Civilização, 1931.
caricatura: Umberto Onorato

Thursday, October 18, 2012

incidentais # 7 -- o estilo é o homem

* A Experiência é um romance de Ferreira de Castro, de certa forma secundarizado pelo próprio, ao metê-lo entre A Missão e O Senhor dos Navegantes (qualquer deles, novela e conto, já conheceram edições autónomas; A Experiência também, mas... na Argentina). 
* Uma história comovente de duas crianças desvalidas, Januário e Clarinda, meninos de asilo que desembocarão na marginalidade: ele ladrão, ela prostituta.
* Primeira parte «ELE» -- I A Entrada: «A furgoneta deteve-se.» [o incipit].
* Um estilo de extrema ductilidade e simultaneamente de grande intensidade psicológica, ambas características do escritor, que vai refinando de livro para livro: «[...] ele não tinha mais de vinte anos, apesar dos seus olhos parecerem exaustos por não se sabia quantas madrugadas do princípio do Mundo.» / «[...] os seus olhos volviam teimosos, ilegais, à fachada, à praça [...]».
* A repetição, figura de estilo que caracteristicamente usou com mestria:  «Lá estava a praça larga e deserta, com um pequeno jardim na extremidade e o posto do correio, à esquerda. Lá estava a velha igreja que padroava o vale sobre o planalto -- lá estava.»
* Uma chegada à prisão, um guarda convincentemente neutro, duro mas sem agressividade. O outro, o que representa a autoridade, a farda, a repressão -- dificilmente um guarda prisional terá outra conotação... -- não é, contudo, desprovido da sua humanidade. Para Castro, houve uma circunstância que fez dele um carcereiro, como de Januário um gatuno.

Wednesday, October 17, 2012

A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO, de Vítor Viçoso (28)

E se Finisterra é um livro à parte no Neo-Realismo, outro livro inusitado termina esta longa digressão: Levantado do Chão, de José Saramago (1980), classificado pelo futuro Nobel como «o último romance do Neo-Realismo, fora já do tempo neo-realista» (p. 334). Vítor Viçoso sinaliza nesta obra o distanciamento irónico (p. 333) e crítico do escritor, o «prolífero ludismo verbal» (p. 334), o cepticismo em relação «à epicidade datada e algo ingénua do protagonista colectivo» (p. 334), que encerra um capítulo ou uma fase do Neo-Realismo – «o epílogo glosado de toda uma literatura que se orientou, desde o expressionismo visionário de Raul Brandão, passando pelo realismo social de Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro, até à representação dialéctica classista dos neo-realistas» (p. 334-335) e abrem, segundo o autor, uma nova maneira de organizar e questionar ficcionalmente o mundo.» (p. 335) Como leitor, gostaria de ver estudada a persistência dos tópicos neo-realistas na obra de José Saramago, pós-Levantado do Chão. Talvez ficássemos surpreendidos.

(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)

Sunday, October 14, 2012

"a capacidade de admirar" - duma carta de José Bacelar (24-VII-1935)

[agradecendo a carta que Castro lhe enviara, a propósito de Revisão -- Anotações à Margem da Vida Quotidiana, Lisboa, Portugália Editora, 1935]

[...] Mas aquilo que de maneira nenhuma eu esperava é que seria tão generosamente recompensado desse tratamento com cartas tão humanamente amigas, como o é por exemplo aquela que me escreveu. Através duma existência sem grandes benefícios e com algumas amarguras -- como quase todas as existências -- julgo ter pelo menos conservado intacta uma coisa de que, devo confessá-lo, me orgulho um pouco, porque ela nos faz talvez sentir que a nossa alma não está completamente abastardada. E se aqueles a quem admiro se lembram de me dar um apoio tão leal e tão nobre como é o seu, considerar-me-ei plenamente pago dum esforço cujo único valor está na boa vontade, e mesmo das consequências que para mim podem advir desse mesmo esforço. [...] (1)

(1) Em Revisão 2 -- Anotações à Margem da Vida Quotidiana, Lisboa, Portugália Editora, 1936, pp.  190-19, Bacelar escreveu: «A necessidade de admirar é um sentimento nobre porque é o daqueles que não se contentam com as vulgaridades que a vida vulgar lhes dá. Admirar não é mais do que criar autores dignos de si. É a necessidade de elevar os outros até si mesmo -- para fugir à solidão.»

«Cinco centenários -- Cartas inéditas de José Bacelar, Fernanda de Castro, Castelo Branco Chaves, José Gomes Ferreira, José Osório de Oliveira e Ferreira de Castro», Vária Escrita #7, Sintra, Câmara Municipal, 2000.


Thursday, October 11, 2012

castrianas - "El horror es civilizado, y la belleza, natural.": «A Selva», segundo R. Cansinos Assens

«Esqueço-me de mim, mas não me esqueço da selva», escreveu Ferreira de Castro na 1.ª edição do seu romance, frase que  o escritor, crítico e erudito espanhol Rafael Cansinos Assens -- que Jorge Luis Borges considerou seu mestre -- destacou em La Libertad, de Madrid (1930), para salientar como a floresta amazónica, na qual Castro mergulhara com 11 anos, se constituíra como parte integrante da sua personalidade.
Entre outros aspectos, analisa o gesto apocalíptico e final do negro Tiago (que o articulista compara ao Macambira de O Rei Negro, de Coelho Neto (1914): para Cansinos, o antigo escravo configura uma némesis, instrumento de vingança com intuito justiceiro: «Su reacción vindicativa los comprende a todos en su agresividad; es personal y solitaria, aunque asuma incidentalmente un sentido social y pueda parecer el desquite que por su mano se toma sobre el común expoliador esa casta inmensa de explotados que abarca hombres de todas razas y colores.»
Tiago está, portanto, distante de Alberto, cuja tomada de consciência da desumanidade, da iniquidade com que são tratados os seringueiros, leva a uma alteração de ponto de vista ideológico, em que a sociedade deixa de se justificar na sua arrumação classista e hierárquica, inconsistente com a dignidade intrínseca de cada homem e de todos os homens. El horror es civilizado, y la belleza, natural. -- foi a forma lapidar como Rafael Cansino Assens se referiu à monstruosidade concentracionária dos seringais.
No "Paraíso" (a ironia...) que Ferreira de Castro nos retrata, e em todos os outros, os homens não estão só manietados pelas dívidas contraídas, como se reduzem eles próprios à desumanização quando, pela quase inexistência de mulheres, se permitem violar uma criança, ou, animalizando-se recorrem a práticas de zoofilia. Os castigos corporais infligidos aos seringueiros fugitivos (sem haverem liquidado a dívida que tinham para com o dono do seringal), capturados pelos sicários de Juca Tristão, desencadeiam o gesto de Tiago -- a eliminação do opressor pelo fogo. Recurso que R. Cansinos Assens vê não apenas como um desenlace lógico da narrativa, como uma própria exigência estética dela: «Etica y Estética van más unidas de lo que se cree.»
Castro tinha uma relação próxima com muitos escritores espanhóis, em especial na década de 1920 (um aspecto por historiar). Com Cansinos ela foi intensa do ponto de vista espistolar, enviando-se mutuamente os livros, mais espaçada no pós-guerra (os espólios de um e de outro poderão testemunhá-lo com maior precisão). A forma como o escritor espanhol, inicia esta importante crítica no jornal madrileno* denota uma proximidade mais além da simples relação literária e epistolar: «Mientras Ferreira de Castro pasea por las Azores su neurosis litteraria y el pabéllon de «O Século», el gran periódico que le tiene por su insustituible cronista, nos llega de Oporto esta novela suya, «A Selva», que se inscribe en el ciclo iniciado por «Emigrantes» y que puede considerar-se auspiciado por una alta intención social.»

* coligida por Jaime Brasil, Ferreira de Castro e a Sua Obra, Porto, Livraria Civilização, 1931.

Tuesday, October 09, 2012

incidentais #6 -- fala-se em ética no seguimento duma visão duns quadris

* «Bagatelle» prepara-se para pintar a palavra MISSÃO, em letras bem grandes, visíveis do ar, no telhado do edifício religioso. Estamos em França, 1940, os alemães invadem e atacam. Um convénio entre a Santa Sé e a Alemanha nazi prevê a salvaguarda de igrejas e mosteiros. Mounier passa distraído por «Bagatelle», pensando nos quadris de mulher que vislumbrara havia pouco, antes de fugir ao «sorriso brando e húmido» em que quase se enleara. Num sobressalto, pára, recua e manda suspender o trabalho. Este é o incidente fulcral na trama da pequena jóia que é A Missão.

* Atendendo ao desenvolvimento da novela, às posições do padre Georges Mounier no concílio que se segue na comunidade, parece-me evidente que para Ferreira de Castro -- um ateu --, a ética só acidentalmente, e consoante cada indivíduo, poderá ser compreensível num além religioso; antes, é algo terreal e racional.

* o incipit:  «O edifício, velho e longo, muito longo e de um só piso, parecia querer mostrar que a sua missão, justamente por ser celeste, devia agarrar-se à terra, estender-se bem na terra, para extrair a alma dos homens que nela viviam.»

* mestria (quando Mounier pergunta ao pintor sobre quem lhe mandara fazer aquele trabalho): «O "Bagatelle" havia compreendido que aquela pergunta se alargava para fora da curiosidade corrente, pois alguma coisa a mais viera embrulhada com as palavras; e, pousando a lata sobre o telhado, aguardou, respeitoso.»

Monday, October 08, 2012

Castrianas - Mário Gonçalves Viana

Crítico literário do Jornal do Comércio e Colónias e polígrafo, Mário Gonçalves Viana (1900-1977) foi um dos primeiros a notar o estilo poético de Ferreira de Castro, na recensão a A Selva, acabado de sair («o maior acontecimento literário da presente temporada», dirá), classificando o romance como um «autêntico poema em prosa». 
Lendo bem o livro, não esquecerá a questão social, protagonizada pelos seringueiros, chamando contudo a atenção para o papel central da floresta na narrativa:

«[...] àparte a evocação admirável da escravidão do homem pelo homem, o enredo é quase um pormenor, um pretexto ou mesmo um incidente. o que avulta, o que emplga, o que deslumbra -- é a descrição do cenário estupendo dentro do qual o romance gravita [...].»
Mário Gonçalves Viana, «"A Selva", uma obra-prima», Ferreira de Castro e a Sua Obra, Porto, Livraria Civilização, 1931.

Wednesday, October 03, 2012

incidentais #5 -- do escrúpulo do romancista diante de livro novo

(o último romance de Ferreira de Castro, publicado, em 1968)

do «Pórtico»:

* Castro dirige-se ao etnógrafo Nunes Pereira, grande figura da vida cultural, científica e política da Amazónia. O mesmo que em tempos lhe mandara terra do seringal Paraíso -- que se encontra em exposição no Museu, em Sintra --, fotografias do que restava do acampamento, e que pesquisara nos arquivos do escritório o que ficara anotado dos proventos do jovem Zeca Castro (13 anos incompletos quando lá chegou, em 1911) nos livros do deve & haver: «[...]a minha vida sintetizada em algarismos, como é de bom e corrente uso no Mundo em que vivemos; neste caso poucas cifras, pois eu ganhava dez tostões por dia.»

* A evocação do terror infantil da possibilidade de um ataque dos Parintintins , tribo temível com um longo historial de conflitos com os seringueiros, e cujas notícias da prática da decapitação das vítimas não contribuiriam, decerto, para grande sossego do rapaz... Castro nunca se terá deparado com eles (assim o crê Bernard Emery), nem há notícia de que alguma vez tenha ocorrido uma incursão, o que não invalida que a ameaça permanente que pendia sobre as suas cabeças (pelo menos assim percepcionada), que, já velho, quase seis décadas mais tarde escrvesse: «Eram o meu terror esses índios».

* A forma (aparentemente) destemida como quotidianamente os seringueiros se embrenhavam floresta adentro, desfrutando do pavor do menino, fez nascer neste uma admiração pela bravura desses homens rudes -- um pouco como veremos suceder n'A Selva com Alberto e Firmino, uma irmanação progressiva que depois se alargará, vencidos os preconceitos, aos restantes homens.

*Livro prometido a Cândido Rondon (retratado na capa por Artur Bual), «numa hora porventura leviana», promessa recordada pelo general Jaguaribe de Matos -- cartógrafo que acompanhou Rondon -- em 1959, quando da visita de Castro ao Brasil. Apesar de em fim de percurso (e que percurso!), a circunstância de apresentar um romance no mesmo cenário de A Selva trazia o receio de que pudesse ser acusado de explorar um filão que granjeara a maior fortuna crítica e a grande adesão do público. «Vexava-[o]» -- mesmo que se tivessem passado quase 40 anos sobre a primeira edição daquele romance...: «[...] sempre preferi um novo território literário para cada novo romance. Seduz-me auscultar os caminhos que ainda não trilhei, estudar as atmosferas que a minha pena ainda não captou, desvelar o que é inerente a cada terra; atraem-me as próprias dificuldades e assusta-me a eventualidade de repetições.» Quem lhe conhece a obra, sabe que foi assim.

Monday, October 01, 2012

A NARRATIVA NO MOVIMENTO NEO-REALISTA -- AS VOZES SOCIAIS E OS UNIVERSOS DA FICÇÃO, de Vítor Viçoso (27)

Carlos de Oliveira, que felizmente tem tido a fortuna crítica que a outros falta, é também profundamente analisado, sendo convocada toda a sua obra, incluindo a poética. É indubitavelmente il miglior fabbro neo-realista, pelo trabalho sobre a linguagem e sobre a própria estrutura da narrativa, culminando com Finisterra, de 1978. Onde alguns viram a certidão de óbito do neo-realismo, o autor analisa-o como «uma espécie de revisitação transfigurada e decantada a alguns lugares sagrados» (p. 175) da sua obra, em que o que se diz se interpenetra e torna indissociável do como se diz.

(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011)