A propósito da sangrenta Guerra do Rife, que opôs os insurrectos marroquinos, liderados por Abd El-Krim, contra os exércitos espanhol e francês, escreveu Ferreira de Castro, n'A Batalha:
«[...] a figura de Abd-el-Krim- chega a atingir um sentido epopeico e só não merece as páginas da História porque a História desde há muito está desonrada, porque a História é indigna dele.» (14 de Setembro de 1925).
Ecos da Semana -- A Arte, a Vida e a Sociedade, Lisboa, Centro de Estudos Libertários, 2004, p.67.
Para Ferreira de Castro, a desonra da História -- ou da historiografia, melhor diríamos -- tem que ver com a noção, consagrada na década seguinte pela revista Annales, de Marc Bloch e Lucien Febvre, que o registo do passado nunca poderia limitar-se à inventariação das dinastias, das batalhas, das grandes figuras, meras conjunturas das estruturas económica, social e das mentalidades de que aquelas emanavam. E é essa concepção da História que presidirá ao projecto gorado da «Biografia do Século XX» -- de que só se salvará o póstumo O Intervalo (incluído n'Os Fragmentos) ou n'As Maravilhas Artísticas do Mundo, apresentada como «A prodigiosa aventura do Homem através da Arte».
(também aqui)
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