É evidente que, como salienta Vítor Viçoso, há dificuldades com que o Neo-realismo se irá defrontar, a começar pela «crença “vanguardista” na capacidade de intervenção da arte no processo contraditório da transformação do mundo» (p. 28). Poderá pôr-se um problema de credibilidade: «a voz dos oprimidos» não deixará de ser «a voz do outro social» interpretada pelo «eu moral» do escritor. (pp. 35-36), correndo o risco de inautenticidade ao mitificar o povo como sujeito heróico sua própria libertação, quando a realidade demonstra, com todas as excepções, «a relativa inércia do actor colectivo que a devia protagonizar.» (p. 36). João Gaspar Simões, por exemplo, um adversário declarado de uma arte com intuitos sociais, acusava o tom épico dos neo-realistas como fantasias mais próximas das lendas arturianas que da realidade que eles pretendiam mostrar…
fragmentos
8 hours ago
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