Tuesday, August 11, 2009

Ferreira de Castro, entre Marinetti e Kropotkine (2)

Nos livros eliminados da sua tábua bibliográfica, é visível a trajectória errática, própria de quem não encontrou ainda o modo de se escrever satisfatoriamente. Daí que surjam títulos tão díspares como um inclassificável Mas..., com laivos tardo-futuristas, Carne Faminta, Sangue Negro, em que fez a mão para o grande romance amazónico, como demonstrou Alexandre Cabral nos seus estudos exemplares, os panfletos de A Epopeia do Trabalho e obras híbridas como A Casa dos Móveis Dourados ou O Voo nas Trevas, oscilando entre a crónica de existências desencontradas e a narrativa de intenções inconformistas, umas e outras com habitual pano de fundo citadino. O bom acolhimento granjeado por Emigrantes viria a traçar o seu caminho e confirmar a sua aspiração a uma literatura mais verdadeira, menos postiça e leviana.

O Escritor, n.º 11 / 12, Lisboa, Associação Portuguesa de Escritores, 1998, p. 175.

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