Tivesse ou não emigrado para o Brasil, ainda criança e sozinho, Ferreira de Castro seria sempre escritor. Foi essa a sua convicção e é também a nossa. Um escritor diferente, por certo, sem as marcas fortíssimas da infância tornada rapidamente maturidade pela vivência imposta pelo seringal amazónico, pelos homens que aí viviam e por uma Belém do Pará em crise, mas ainda com os restos do fausto trazido pela exploração da borracha no início do século XX. A verdade é que quando o pequeno Zeca passava à porta do jornal local ou folheava O Comércio do Porto, sentia o secreto apelo da escrita como algo a que ele já estaria condenado.
Ricardo António Alves, Viajar com Ferreira de Castro, Porto, Edições Caixotim / Ministério da Cultura, [2004], p. 1.
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