A escolha de Sintra por Ferreira de Castro como um dos seus lugares de
eleição para escreviver – como diria Cruz Malpique (ver Cruz Malpique, «O
problema sentimental da emigração no romancista português Ferreira de
Castro e na poetisa galega Rosalía de Castro», In Memoriam de Ferreira de
Castro, Cascais, Arquivo Biobibliográfico dos Escritores e Homens de Letras de Portugal, 1976: 169) –, tem um impulso sinestésico, tanto mais interessante
quanto ele pôde conhecer a face negra da Natureza, em que o Homem não
passa de um títere manejado inexoravelmente pela força titânica dos
Elementos, que não consegue aplacar. (1)
(1) «[…] A selva dominava tudo. Não era o segundo reino, era o primeiro em força e categoria, tudo abandonando a
um plano secundário. E o homem, simples transeunte no flanco do enigma, via-se obrigado a entregar o seu destino
àquele despotismo. O animal esfrangalhava-se no império vegetal e, para ter alguma voz na solidão reinante,
forçoso se lhe tornava vestir pele de fera. A árvore solitária, que borda melancolicamente campos e regatos na
Europa, perdia ali a sua graça e romântica sugestão e, surgindo em brenha inquietante, impunha-se como um
inimigo. […]». (in Ferreira de Castro, A Selva [1930], Lisboa, Guimarães & C.ª – Editores, 1980(32.ª ed.): 106).
(artigo completo)
(artigo completo)
No comments:
Post a Comment