Wednesday, June 24, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: do significado de Sintra para Ferreira de Castro (3)

É, pois, compreensível que, desde cedo, a sua obra fosse apresentada como anunciadora do neo-realismo – não sem alguns equívocos e controvérsia que se prendem mais com facciosismo partidário do que com a análise ideologicamente desapaixonada e não comprometida… (ver Ricardo António Alves, Anarquismo e Neo-Realismo – Ferreira de Castro nas Encruzilhadas do Século, Lisboa, Âncora Editora, 2002: 71-108).
Mas, se a narrativa castriana veicula um escopo de intervenção social, sendo marcadamente ideológica, esse desígnio tem sido responsável por uma subvalorização da dimensão metafísica, que é o segundo aspecto caracterizador do corpus literário que nos legou, e o impregna e complementa (1) ; dimensão radicada na frágil e trágica condição de finitude de cada indivíduo, agudizada quando a consciência de fim não se ampara na crença religiosa da vida após a morte – como é o caso do nosso autor.

(1)Ver Eugénio Lisboa, «Ferreira de Castro e o seu romance O Intervalo: uma metáfora para a condição humana», Folhas – Letras & Outros Ofícios, #3, Aveiro, Grupo Poético de Aveiro, 1998: 11-18; republicado em Indícios de Oiro, vol. I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2009: 129-139.

in Tritão #2, Sintra, Câmara Municipal, 2014

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