«[…] onde quer que eu esteja, tenho um pensamento glorioso
para
esse homem, severo e compassivo, que a Serra de Sintra guarda.
[…]» Agustina Bessa Luís (2)
Da obra literária de Ferreira de Castro sobressaem algumas marcas importantes, reconhecíveis como traços distintivos pelos leitores avisados: Em primeiro lugar, o entendimento que Ferreira de Castro tinha da arte e, em especial, da literatura era o de que ela seria tanto melhor servida quanto mais reflectisse um desígnio humanista; isto é: arte dos homens e para os homens, pondo em equação os factores que directa e indirectamente condicionassem a dignidade do indivíduo. Daí que a caracterizemos, e bem, como uma literatura realista de intenções sociais, que, a partir de Emigrantes (1928), trouxe para o romance português a novidade do ponto de vista «das personagens que não têm lugar no mundo» (in Ferreira de Castro, «Pórtico» de Emigrantes [1928], Lisboa, Guimarães Editores, 1988: 14), consubstanciado, aliás, no próprio título, que remete para um colectivo humano indiferenciado, anunciando um conjunto de seres humanos previsivelmente desfavorecidos e à mercê da conjuntura histórica, política e social. Ontem como hoje.
(1) In Museu Ferreira de Castro – MFC/C-5 Jorge Segurado, «O último acto de Ferreira de Castro», Diário de Notícias, Lisboa, 1 de Julho de 1975.
(2) In Agustina Bessa Luís, «Ferreira de Castro», Vária Escrita #3, Sintra, Câmara Municipal, 1996: 129; republicado em Contemplação Carinhosa da Angústia, Lisboa, Guimarães Editores, 2000: 143-151.
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