A Espanha, aqui ao lado, despertou as consciências de muitos destes jovens escritores, e o marxismo-leninismo aparecia aureolado do prestígio de uma doutrina humanista que pretendia a superação da sociedade classista, iníqua, fautora de um mundo de desigualdades e opressão, além do sedutor apelo da heroicidade resistente à barbárie irracional e retrógrada que se levantava no teatro de operações do país vizinho. (E não devemos também esquecer que a propaganda soviética sustentava que o nazi-fascismo e sistemas demo-liberais eram, no fundo, as duas faces da mesma moeda da dominação do sistema capitalista.) Impõe-se, por isso esta pergunta: quem, com a generosidade da juventude, sensível às injustiças com que era confrontada ao pé da porta, no país e no mundo, (quem) não se deixaria seduzir pelo apelo internacionalista e libertador do movimento comunista internacional?
(texto lido na apresentação do livro no Café Saudade, Sintra, em 21 de Outubro de 2011
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