(Agustina Bessa Luís) «O caminho branco com os lódãos enflorados de vinha, deu-lhe a atmosfera inteira desses lugares. E eu vi que só um homem que tivesse o talento de assumir a natureza das coisas, sem as alterar na sua originalidade, podia assim reconhecer a magnificência desse toucado dos violáceos festões de "português azul".» «Ferreira de Castro», Livro do Cinquentenário da Vida Literária de Ferreira de Castro -- 1916/1966 (1967)
(Nogueira de Brito) «O que caracteriza a literatura de Ferreira de Castro é a incidência do bom gosto estético na observação filosófica dos factos e dos indivíduos, levada a um grau de conclusão e apuro exactos, que faltam à maioria dos escritores que trilharam o caminho por onde ele segue, sem um desvio, sem uma tergiversação, sem uma "falha".» «Ferreira de Castro e a sua obra literária» [1929], Ferreira de Castro e a Sua Obra (1931)
(Jacinto do Prado Coelho) «Ferreira de Castro -- quem o não sabe? -- pertenceu à segunda categoria. E O Instinto Supremo, sua última obra, confirmava naturalmente a clara, nobre vocação de escritor humanista. Do "Pórtico", em que o Autor se dirige a um velho amigo, se infere que o "romance" (talvez melhor "novela", apesar das suas dimensões) nasceu da convergência com o contacto pessoal com a Amazónia, ponto de partida d'A Selva, e da adesão profunda ao ideal humanitário que norteou Rondon e os seus sequazes na pacificação dos Índios do Brasil.» «"O Instinto Supremo": quando a ética se torna humanitária", In Memoriam de Ferreira de castro (1976)
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«... Pessoalmente, lembro-me de Ferreira de Castro com admiração e afecto. Recordo os abaixo-assinados que lhe dei a assinar e a que ele nunca se furtou e a sua carta que uma vez, há muitos anos, levei para o Porto, onde o Vítor de Sá ia ser julgado em Tribunal Plenário e que o defendia com brio e com coragem. Fomos testemunhas nesse julgamento o José Cardoso Pires e eu. E, inesperadamente, o Vítor de Sá foi absolvido. Não terá sido por causa dos nossos depoimentos nem pela carta do Ferreira de Castro. Mas ao lê-la no tribunal senti cada uma das palavras do autor de 'A Selva' como um grito em defesa da dignidade humana.»
Urbano Tavares Rodrigues (1999)
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