Mas é outra a Natureza que o cativa: a placidez do Vale de Ossela, o verde
minhoto, a paisagem de Sintra. Num texto de 1964, «O último quarto de hora
da minha vida», o escritor assinala inequivocamente a sua propensão
metafísica para essa simbiose de matéria e espírito, que se manifesta não
apenas no indivíduo José Maria Ferreira de Castro e também na própria obra e
estilo do romancista, como acima se assinalou:
«[…] Toda a minha existência de homem e de escritor está vinculada a esta paixão. Foi
em convívio com a Natureza que os sentimentos de amor se sublimaram sempre em
mim, foi em contacto com ela que elaborei a maioria das páginas que tenho escrito. As
minhas demoradas estadas nesse pequeno mundo de beleza insigne que é Sintra, com
tantas veredas dum intimismo lírico, tantos rincões secretos onde a poesia habita e tanta
espiritualidade pairante, como se tudo propiciasse, às horas vespertinas, uma perfeita e
voluptuosa fusão dos corpos e das almas, devem-se à irresistível fascinação que em
mim exercem as grandes e verdes paisagens. […]»
(in Museu Ferreira de Castro –
Periódicos, MFC/D – Ferreira de Castro, «O último quarto de hora da minha vida», O
Século Ilustrado #1369, Lisboa, 28 de Março de 1964: 12).
2 comments:
Quem conhece Sintra, percebe bem!
Por isso ele quis ficar sepultado na serra.
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