Wednesday, December 17, 2014

castrianas - Joaquim Manso

Joaquim Manso
retratado por Guilherme Filipe
Museu J. Manso, Nazaré
«Pintura sóbria, verdadeira...» titula um magnífico texto de Joaquim Manso sobre A Selva, recolhido por Jaime Brasil, em 1931, e previamente publicado no mítico e inultrapassado Diário de Lisboa, jornal que fundou e dirigiu durante décadas.
Manso começa por estabelecer um fio condutor a partir do romance anterior, Emigrantes, relevando «a mesma esteira de atribuir voz e eloquência às coisas mudas, sujeitas a cadeias milenares». Segue-se a exposição dos dois eixos sobre que assenta a narrativa: o aspecto social dos seringueiros, desterrados e explorados na extracção do látex na brenha amazónica, e a massa vegetal onde ela decorre, matéria-prima que lhe subjaz do princípio ao fim.
E, finalmente, expõe o estilo e a capacidade descritiva do autor («soube conciliar o inconciliável»), pela forma como arrostou com as dificuldades literárias e estéticas que o assunto implicava:
«Não há aspecto, ruído, palpitação, cambiante, grito ou rugido, labareda ou incêndio, fragor ou deslizar de sombras que ele não haja surpreendido, na sua ardorosa gestação ou revelação.»

Joaquim Manso, «Pintura sóbria, verdadeirta...», Ferreira de Castro e a Sua Obra, edição de Jaime Brasil, Porto, Livraria Civilização, 1931.

Monday, December 08, 2014

Tiago Salazar fala sobre PEQUENOS MUNDOS E VELHAS CIVILIZAÇÕES


«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois». No Museu Ferreira de Castro, sexta-feira, 12 de Dezembro, pelas 19 horas.
tel.: 219238828

fonte

Tuesday, December 02, 2014

Monday, December 01, 2014

Tuesday, November 25, 2014

João de Melo fala sobre ETERNIDADE

«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois». No Museu Ferreira de Castro, sexta-feira, 28 de Novembro, pelas 19 horas.
tel.: 219238828

Tuesday, November 11, 2014

Joana Bértholo fala sobre EMIGRANTES

«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois». No MU.SA -- Museu das Artes de Sintra, sexta-feira, 14 de Novembro, pelas 19 horas.
informações: museu.fcastro@cm-sintra.pt;
tel.: 219238828

Tuesday, October 28, 2014

A SELVA, uma 1ª edição que é a 42.ª

Acaba de sair a 42ª de A Selva, a 1.ª na Cavalo de Ferro.
Capa de Susana Villar

Thursday, September 25, 2014

ROTEIRO CASTRIANO DE SINTRA




Ferreira de Castro, Jaime Cortesão e Luís da Câmara Reys
Sintra, Setembro de 1952

   O primeiro Roteiro Castriano de Sintra vai realizar-se no dia 26 de Setembro de 2014, no âmbito das Jornadas Europeias do Património.
O encontro terá lugar no pátio do Museu Ferreira de Castro (Rua Consiglieri Pedroso, 34), às 14,30 h. e terminará junto ao túmulo do escritor, na Serra de Sintra.
A acompanhar o percurso, leremos textos do próprio Ferreira de Castro, de Agustina Bessa Luís, Francisco Costa, Vergílio Ferreira, Jaime Cortesão, José Gomes Ferreira, Luís de Oliveira Guimarães e Jorge Segurado, entre outros.
Recomenda-se calçado confortável.

Tuesday, August 05, 2014

Fechou "a esquina do mundo"

Ricardo Velosa
O Golden Gate Grand Café, que após a publicação do romance Eternidade (1933) ficou conhecido como "A Esquina do Mundo", fechou as portas, insolvente.
Escreveu Ferreira de Castro: «Aquele ângulo do Funchal era entre as esquinas do Mundo, uma das mais dobradas pelo espírito cosmopolita do século. Em viagem de recreio ou em trânsito para as Áfricas e Américas, davam volta ao cunhal do Golden Gate diariamente, homens e mulheres de numerosas raças, a passo vagaroso, o nariz no ar, as mãos carregadas de cestos, de garrafas, e de bordados da Madeira»




Thursday, July 10, 2014

uma + uma antologia de Cabral do Nascimento sobre a Madeira

Com o mesmo excerto de Eternidade: "As levadas".


NASCIMENTO, Cabral do, Lugares Selectos de Autores Portugueses que Escreveram Sobre o Arquipélago da Madeira, Lisboa, Delegação de Turismo da Madeira, 1949; Tipografia Ideal, Lisboa; 277 págs.; 19,2x13,6x3 cm.; broch.
Género: Antologia. Autores antologiados: António Feliciano de Castilho, D. António da Costa, Travassos Valdez, Bulhão Pato, Garcia Ramos, Júlio Dinis, M. Teixeira-Gomes, Brito Camacho, P.e Fernando da Silva, Raul Brandão, J. Reis Gomes, Virgínia de Castro e Almeida, Luzia, Sousa Costa, Julião Quintinha, Norberto de Araújo, Assis Esperança, Henrique Galvão, Ferreira de Castro, Sant’Ana Dionísio, João Ameal, Luís Teixeira, Hugo Rocha, Luiz Forjaz Trigueiros, Cabral do Nascimento.



 [ actualização]NASCIMENTO, Cabral do, A Madeira, Lisboa, Livraria Bertrand, s.d.; colecção: «Antologia da Terra Portuguesa» #2; impressão: Imprensa Portugal-Brasil, Venda Nova; 166 págs.; 17,5x12x1,3 cm; broch.
Género: Antologia. Autores antologiados: Luís de Camões, Manuel Constantino, Manuel Tomás, Medina e Vasconcelos, Francisco Álvares de Nóbrega, António Feliciano de Castilho, Francisco Maria Bordalo, D. António da Costa, Francisco Travassos Valdês, Bulhão Pato, José Ramos Coelho, Visconde de Ervedal da Beira, Acúrsio Garcia Ramos, Júlio Dinis, Manuel Pinheiro Chagas, Gomes Leal, Pedro Ivo, Mariana Xavier da Silva, M. Teixeira-Gomes, João Augusto Martins, Brito Camacho, José Cupertino de Faria, António Nobre, Raul Brandão, J. Reis Gomes, Delfim Guimarães, Virgínia de Castro e Almeida, Luzia, Sousa Costa, João Gouveia, António Sérgio, Jaime Cortesão, Oldemiro César, António Ferreira, Julião Quintinha, Norberto de Araújo, Assis Esperança, Henrique Galvão, António Montês, Cabral do Nascimento, Ferreira de Castro, Ernesto Gonçalves, J. Vieira Natividade, José Osório de Oliveira, Norberto Lopes, Vitorino Nemésio, João Ameal, Sant’Ana Dionísio, José Loureiro Botas,  Luís Teixeira, Hugo Rocha, Ricardo Jardim, Joaquim Paço d’Arcos, João de Brito Câmara, Pedro de Moura e Sá, António Ramos de Almeida, Miguel Trigueiros.


Wednesday, July 09, 2014

entrevista

Uma entrevista sobre Ferreira de Castro, aqui (pp. 6-7).

Monday, July 07, 2014

EMIGRANTES n'A BATALHA

Primeira parte de um artigo meu sobre Emigrantes, no último número d'A Batalha (#268)

Tuesday, July 01, 2014

100 Cartas a Ferreira de Castro (4)

Mas as Cartas revelam também, em tempo de autoritarismo, como o escritor, atento ao seu semelhante, e para quem a arte além de ser também servia, se mostrou sempre à altura do humanismo que os seus livros encerram, nunca abdicando do exercício da cidadania e da solidariedade, quando os seus valores o impunham ou uma missiva aflita o solicitava.

Da "Apresentação" das 100 Cartas a Ferreira de Castro, Sintra, Câmara Municipal / Museu Ferreira de Castro, 1992.

Wednesday, June 25, 2014

incidentais #21 -- fixar pela ficção

Ainda o «Pórtico» de Terra Fria:

*Referência a Andorra, e aos homens e mulheres que viu insulados por entre as montanhas, na viagem que fez em 1929. Neste romance de 1934, de novo a curiosidade pelas formas mais arcaicas de convivência. No Inverno e na Primavera de 1933, Castro deslocou-se ao Barroso com o intuito de fixar pela ficção a cultura daquele povo, os modos de viver e pensar, a mentalidade atávica duma sociedade comunitária e patriarcal, esquecida e deixada a si própria. Não por acaso, Castro olhava para este panorama social como "página viva de antropologia": os inquéritos feitos nessa década de 1930 à região barrosã coincidiam na qualificação de primitivismo.

* Essa avaliação levá-lo-á a rejeitar não apenas o pitoresco da pobreza como, anos mais tarde a equacionar o problema na própria Amazónia, com a chamada "pacificação" dos índios Parintintim (O Instinto Supremo, 1968).

Sunday, March 30, 2014

onde se fala de Diana de Liz

e da dilaceração de Ferreira de Castro, magnificamente, aqui.

Friday, March 28, 2014

Um acontecimento editorial: A EXPERIÊNCIA


Durante sessenta anos (desde 1954, data da primeira edição), A Experiência ficou escondida, no mesmo livro, entre a novela A Missão e o conto O Senhor dos Navegantes. A primeira, objecto também de edições à parte -- foi um dos volumes inaugurais da histórica colecção "Livros de Bolso Europa-América", e da própria editora original, a Guimarães, quando escolhido como um dos livros de leitura curriculares do então ensino unificado, na década de 1970. O Senhor dos Navegantes, em tempos gravado e dito por Ferreira de Castro, num disco editado pela Orfeu, em 1998, através da direcção avisada e culta de Vasco Graça Moura e António Mega Ferreira, foi também objecto de uma edição em separado, na colecção da Expo "'98 Mares".
E A Experiência, no meio da boa fortuna das outras duas narrativas, o único romance que integrava o volume A Missão?; essa história incrível de duas crianças de asilo, Januário e Clarinda, evoluindo para a marginalidade como se uma nuvem negra que sobre eles pairasse não lhes oferecesse outra saída?; essa narrativa modelar, moderna na sua estrutura, com vários planos espácio-temporais, mostrando que, como qualquer grande escritor, Ferreira de Castro não queria dormir à sombra dos louros conquistados, procurando superar-se de livro para livro?...
Foi preciso um editor culto, percebendo que tinha em mãos um romance notável, de grande mestria (um dos meus preferidos), para que A Experiência pudesse  sair da obscuridade a que não tinha direito. Sai, infelizmente, num tempo em que o detrito literário domina os escaparates, e o lixo quotidiano nos empesta a vida. Mas, ao contrário do que queria Ferreira de Castro, a grande literatura, aquela que experimenta e questiona, sempre esteve ao alcance de poucos. Podia ser outra coisa? Podia. Mas então Portugal não seria Portugal, mas outra coisa, menos rústica, menos suburbana.
A edição é cuidada, com referências bibliográficas diversificadas. Deixo duas, de conspícuos ensaístas e críticos, ideologicamente nos antípodas (Ferreira de Castro tem esse atributo dos grandes: seja qual for a nossa mundividência, encontramos sempre nos seus livros algo que nos emociona e faz sentido):

Óscar Lopes: «Ferreira de Castro foi o primeiro grande romancista português deste século [XX] que se determinou por problemas objectivos e não apenas por impulsos íntimos.»
e
Pinharanda Gomes: «Todas as situações são pontos limite, agonísticos, neste romance onde as personagens [...] bebem o cálice até à inverosímil agrura e, todavia, tudo é verosímil e, cotejado com a vida, é crível.»

Uma última palavra para Susana Villar, autora das capas dos livros de Ferreira de Castro na Cavalo de Ferro. Num autor que foi visitado pelos maiores capistas, de Stuart Carvalhais a Bernardo Marques, e até pelos maiores pintores, nas edições ilustradas de Portinari a Pomar, o óptimo trabalho de Susana Villar tem feito jus a também a esse legado.



Sunday, March 16, 2014

Ferreira de Castro, agitador no Brasil (5)

Em «Pequena História de "A Selva"» -- escrita para a edição comemorativa de 1955 -- o autor de A Volta ao Mundo alude ao «velho terror» que o dominava sempre quer tentava aproximar-se literariamente da selva, abrindo feridas mal saradas: «Foi esse momento tão extraordinariamente grave para o meu espírito, que desde então não corre uma única semana sem eu sonhar que regresso à selva, como, após a evasão frustrada, se volta, de cabeça baixa e braços caídos, a um presídio. E quando o terrível pesadelo me faz acordar, cheio de aflição, tenho de acender a luze de olhar o quarto até me convencer de que sonho apenas [...]»

O Jornal, Lisboa, 2 de Novembro de 1990.

Monday, March 10, 2014

P&R [Pergunta & Resposta] - Eduardo Gageiro


Como saiu dessa situação?   Numa dada altura telefonaram-me para ir à redacção* e levar a máquina. Não tinham fotógrafo para fazer um trabalho e lembraram-se de mim. 'Não havia aí um miúdo, o que é feito dele? Deixei de o ver'. 'O João não o quer cá.' 'O João não o quer cá?!'. Isto soube eu depois. Fui fotografar o Ferreira de Castro para o suplemento literário. Fiz uma série de fotografias e depois sugeri: 'Não se importa de ir para aqui, para ali, disse que costumava escrever acolá...' Até tirei fotografias às mãos. Revelei o rolo com todo o carinho -- um rolo meu -- e mandei-o para a redacção.

Gostaram do trabalho?   Sou chamado ao director e ele diz-me: 'As tuas fotografias são diferentes. Tu é que passas a ser o fotógrafo di suplemento literário'. Era o que eu queria ouvir. [...]

Entrevista a José Cabrita Saraiva, Sol / Tabu, #392, 7.III.2014.

*Tratava-se do Diário Ilustrado.

Thursday, February 20, 2014

Friday, January 31, 2014

A Missão

Recensão à nova edição de A Missão seguido de O Senhor dos Navegantes, aqui.

Tuesday, January 28, 2014

castrianas - Teresa Leitão de Barros



Teresa Leitão de Barros (1898-1983), escritora e crítica literária do Notícias Ilustrado, quando se publicou A Selva (1930) escreveu, entre outras, duas coisas importantes, que o tempo, que é mauzinho, veio confirmar: a primeira é que, publicados os dois romances, este e Emigrantes, dois anos antes, Castro sobressaía como o grande romancista da sua geração: «Ferreira de Castro consagrou-se a si próprio, quando escreveu as mais admiráveis páginas dos seus últimos romances. Os seus personagens, que ficam bem de pé, bem erguidos perante a nossa mais incondicional admiração, esmagam e afugentam os fantoches de tanto romanceco que contribuiu para divinizar alguns autores de sorte. São colossos amesquinhando pigmeus.»

Na verdade, quem, de 1930, importa hoje? Só Castro e Aquilino, que era da geração anterior. Morto Raul Brandão, nesse preciso ano, Assis Esperança não resistiu ao tempo (pese embora o magnífico Servidão, de 1946). Da geração de Ferreira de Castro, Régio avançaria com o importante Jogo da Cabra Cega, em 1934, que então passou despercebido, como seria de esperar; Miguéis terá o modesto Páscoa Feliz em 1932, esperando ainda cerca duas décadas para voltar a publicar; Nemésio, com o modestíssimo Varanda de Pilatos (1927), só em 1944 virá com o assombroso Mau Tempo no Canal; João Gaspar Simões romancista menor, nem é deste campeonato (o interessante Elói, também de 1932, não ganha no confronto com a Cabra Cega regiana); e Francisco Costa e Tomás de Figueiredo só nos anos 40 começam a publicar romances. Para além do que pululava pelos jornais, no elogio mútuo ou interessado, só mesmo Aquilino e Castro hoje importam.
Acrescenta também Teresa Leitão de Barros no Notícias da Tarde, acertadamente, podemos dizê-lo agora, à distância de 83 anos: «Como obra literária integralmente bem realizada, "A Selva" pertencerá, um dia, à História onde se analisam os livros definitivos e grandes que neste século foram escritos em língua portuguesa.»
"Neste século", atrevia-se a crítica, ainda em 1930. Olhando para trás, verificamos que acertou na mouche, mesmo com todos os grandes textos romanescos, e foram felizmente alguns, que se imprimiram até ao ano 2000...
Teresa Leitão de Barros, «Um grande livro do século XX», apud Jaime Brasil, Ferreira de Castro e a Sua Obra, Porto, Livraria Civilização, 1931.

foto: Maria Antónia Fiadeiro (org.), Mulheres Século XX -- 101 Livros, Lisboa, Câmara Municipal [2001]

Sunday, January 12, 2014

O DIABO de Ferreira de Castro #1

Quando Ferreira de Castro assumiu a direcção do semanário O Diabo, em Setembro de 1935, era um ainda jovem, mas já retirado, jornalista que passara por todos os patamares da profissão, e, simultaneamente, um romancista de importância confirmada.

Castriana #5, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2012.

Tuesday, January 07, 2014

Elena Muriel sobre Ferreira de Castro

No Museu Ferreira de Castro, Elena Muriel fala do seu encontro com o futuro marido, no atelier de Guilherme Filipe, no Estoril, em 1936.
Excerto do programa "O Dito e o Feito" de José Costa Pereira, realizado por João Ponces de Carvalho (RTP, 1982).