Eternidade, romance de Ferreira de Castro, publicado em 1933 pela Guimarães -- o primeiro na que seria a sua editora de referência --, tem um lugar particular na tábua bibliográfica do escritor. Situado entre A Selva (1930) e Terra Fria (1934), Eternidade pode(ria) desiludir em leitura inicial, efectuada por esta ordem cronológica, como sucedeu ao autor destas linhas, há vinte anos. Duas décadas de experiência de vida a menos, e um vício de leitura que habitualmente procurava nos livros algo que não teria de lá estar (no caso, a Revolução da Madeira, de 1931), fez com que, temerariamente -- ressalvando o célebre «Pórtico» e a intenção subjacente -- o qualificasse como «um romance falhado» (1). À primeira releitura, anos mais tarde, aprcebeu-se da falha de avaliação; nova leitura tornou-lhe evidente que teria de reparar um erro clamoroso. É o que se vai tentar.
(1) Ricardo António Alves, Anarquismo e Neo-Realismo -- Ferreira de Castro nas Encruzilhadas do Século, Lisboa, Âncora Editora, 2002, p. 51.
Islenha #48, Funchal, Janeiro-Junho 2011.
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