Os grandes escritores valem pela obra que legaram. Não precisam de apologetas exaltados e podem bem haver-se, de além-túmulo, com certa casta de detractores ou com um aparente esquecimento (o «injustamente esquecido» é um dos chavões recorrentes da imprensa cultural) que sobre eles se teria abatido. O nome e a obra de Camilo também foram vítimas desta pecha que atinge, póstuma mas temporariamente quando se trata de alguém de real valor, a quase totalidade dos nossos poetas e romancistas. Não obstante o proverbial desleixo luso, há sempre quem -- por vezes solitariamente -- não resista ao apelo duma escrita que continua a interpelar os leitores, surgindo homens como Alexandre Cabral, que porfiadamente estudam e iluminam obras que são acervos do nosso património cultural, consagradas pelo tempo, pelo público e pelos seus méritos intrínsecos.
Vária Escrita #6, Sintra, Câmara Municipal, 1999.
No comments:
Post a Comment