Sunday, February 18, 2007

Dos jornais #1 - Boletim Interno da Sociedade Cooperativa Piedense


FERREIRA DE CASTRO
50 Anos ao serviço da cultura
«Eu conheço muitas lápidas, tenho andado muito, sou um pouco judeu errante... Mas duas das lápidas que mais impressionaram o meu coração, duas lápidas que me causaram impressão mais profunda, foram: a primeira num edifício de Lisboa, numa casa regional, onde entre outros está o nome de uma pessoa que eu amei imenso. Eu não sabia que esse nome estava lá, mas um dia ao entrar e ao vê-lo fiquei profundamente comovido.* Outra sucedeu agora ao subir as escadas da vossa instituição. Ao ver aquele lápida que fala de sapateiros, de tanoeiros, da carpinteiros, de caixeiros; que fala naqueles que têm ganho o seu pão sem saber qual é o seu verdadeiro nome futuro. Essa lápida que nos fala de homens humildes, mas que criaram uma instituição, hoje tão grande, impressionou-me profundamente.
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Sempre, sempre encontro, quando realmente a vida parece fugir, um grande conforto que é certeza de que todos nós contribuímos um pouco, cada um dentro da sua esfera, para que o Mundo seja efectivamente melhor.»
(do discurso de Ferreira de Castro)
proferido no dia 27 de Abril,
na nossa cooperativa.
Sociedade Cooperativa Piedense -- Boletim Interno, n.º 18, Cova da Piedade, Junho de 1966, p. 1
Foto: Castro discursando na Sociedade Cooperativa Piedense, tendo por detrás uma lápida com a inscrição dos «Princípios de Rochdale», de 1844, uma das bases do cooperativismo
* Alusão a Diana de Liz (Maria Eugénia Haas da Costa Ramos), primeira companheira de Ferreira de Castro, de 1927 até à sua morte prematura, em 1930. O local será certamente a Casa do Alentejo, pois ela nascera em Évora, em 1894.

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