FERREIRA DE CASTRO
50 Anos ao serviço da cultura
«Eu conheço muitas lápidas, tenho andado muito, sou um pouco judeu errante... Mas duas das lápidas que mais impressionaram o meu coração, duas lápidas que me causaram impressão mais profunda, foram: a primeira num edifício de Lisboa, numa casa regional, onde entre outros está o nome de uma pessoa que eu amei imenso. Eu não sabia que esse nome estava lá, mas um dia ao entrar e ao vê-lo fiquei profundamente comovido.* Outra sucedeu agora ao subir as escadas da vossa instituição. Ao ver aquele lápida que fala de sapateiros, de tanoeiros, da carpinteiros, de caixeiros; que fala naqueles que têm ganho o seu pão sem saber qual é o seu verdadeiro nome futuro. Essa lápida que nos fala de homens humildes, mas que criaram uma instituição, hoje tão grande, impressionou-me profundamente.
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Sempre, sempre encontro, quando realmente a vida parece fugir, um grande conforto que é certeza de que todos nós contribuímos um pouco, cada um dentro da sua esfera, para que o Mundo seja efectivamente melhor.»
(do discurso de Ferreira de Castro)
proferido no dia 27 de Abril,
na nossa cooperativa.
Sociedade Cooperativa Piedense -- Boletim Interno, n.º 18, Cova da Piedade, Junho de 1966, p. 1
Foto: Castro discursando na Sociedade Cooperativa Piedense, tendo por detrás uma lápida com a inscrição dos «Princípios de Rochdale», de 1844, uma das bases do cooperativismo
* Alusão a Diana de Liz (Maria Eugénia Haas da Costa Ramos), primeira companheira de Ferreira de Castro, de 1927 até à sua morte prematura, em 1930. O local será certamente a Casa do Alentejo, pois ela nascera em Évora, em 1894.
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