Wednesday, June 18, 2025

correspondências

José Dias Sancho a Ferreira de Castro (1927) «Monte Gordo, 10 de Setembro, 1927. // Meu caro F. de Castro: // Há apenas três dias que recebi o seu livro, e já o li todo, em outros tantos fôlegos. E, vamos, que tem 350 páginas! / V. está a afirmar-se o melhor realizador da nossa geração.» .../... 100 Cartas a Ferreira de Castro (1992/2006)

Ferreira de Castro a Roberto Nobre (1925) .../... «Por agora quero dizer-lhe que só ontem tomei conhecimento da s/ carta para o Assis. Tratei do caso que nos dizia respeito. Falei com o Anahory do A.B.C. Ele aceitou a sua colaboração. E parece-me que V. vai ficar -- fica certamente -- como colaborador efectivo e com muito trabalho.» .../... Correspondência (1922-1969) (1994) 

Jaime Brasil a Ferreira de Castro (1926): «Meu caro Ferreira de Castro: // Ribera-Rovira, o presidente da Federação da Imprensa, mandou-nos uma carta muito amável para si, pedindo-nos que lhe enviasse o texto da sua conferência, pois tinha muito interesse em conhecê-la.» .../... Cartas a Ferreira de Castro (2006)

Monday, June 16, 2025

outras palavras

«Mas lembro-me, nitidamente, da minha entrada na escola. Lá estava, ao fundo, à secretária instalada sobre um estrado, o sr. professor Portela. Era gordo e de cara muito branca e fofa. No primeiro plano, as carteiras com os alunos chilreantes. Alguns conhecia-os eu cá de fora. Mas tomavam ali, para a minha timidez, o papel de inimigos.» [Memórias] (1931)

«De onde seria o ramo que ia em procura do tronco familiar? De Castelões? Da Gandra? De Arouca? Viria do Porto, de Estarreja, de Lisboa? Em todo o vale flutuava, então, o segredo. Hoje, com os automóveis, quem passa, passa; a sua vinda não lembra sacrifício; tudo vai depressa, já não há distâncias e anda-se pouco ao frio.» «O Natal em Ossela» (1932/1974)

«Uns, não voltamos a encontrá-los jamais; outros, um dia, ao dobrarmos um dos ângulos do mundo, topamos com eles e, por pequeno que haja sido o convívio, a nossa emoção é tão grande como se em vez duma vida alheia encontrássemos um trecho pretérito da nossa própria vida -- vida que vivemos outrora e da qual já não somos mais do que uma precária lembrança.» «Delfim Guimarães» (1934)

Friday, June 13, 2025

nas palavras dos outros

(Nogueira de Brito, 1928)  «Carácter e individualidade, moral e temperamento, tendências e atavismos, andam na obra de Ferreira de Castro como coisa existente, a valer, sem deformação, sem tintas esmorecidas, antes com um vinco de beleza moral e uma característica de perfeição honrosa que impressionam.» «Ferreira de Castro e a sua obra literária», Ferreira de Castro e a Sua Obra (1931)

(Jacinto do Prado Coelho, 1976) «É narrativa de acção, relato duma luta e duma vitória final, novela animada de espírito épico -- mas a epopeia surge aqui humanizada, o livro é também "realista", prende-se ainda à tradição portuguesa daquela literatura de informação sobre terras desvendadas que remonta ao século XVI.» «"O Instinto Supremo": quando a ética se torna humanitária» In memoriam de Ferreira de Castro (1976)

(Agustina Bessa Luís, 1966). «Quando eu li A Selva eu tinha dezasseis anos. Estava no Douro, eu era como um búzio da praia onde se ouve uma ameaçadora informação da vida; ameaçadora, mas restrita à sua lonjura. A Selva pareceu-me uma obra-prima, a obra de alguém que tivera experiência sem perder uma nobre ciência da juventude, que é a esperança.» «Ferreira de Castro», Livro do Cinquentenário da Vida Literária de Ferreira de Castro - 1916/1966 (1967)

Wednesday, June 11, 2025

outro episódio de "Se bem me lembro", de Vitorino Nemésio

Ferreira de Castro sofrera um avc no início do mês de Junho de 1974, em Macieira de Cambra, e estava em como no Hospital de Santo António, no Porto, onde viria a morrer no dia 29. Nemésio -- que fará o elogio fúnebre neste mesmo programa, logo após o sucedido -- refere-se aqui à vivência de ambos na década de 1920 como os mais novos da tertúlia do Café Chiado, em que tinham assento Brito Camacho, Duarte Leite e José de Bragança, entre outros.

Agradeço a Manuel Pinto, do blogue aquiliniano "Alcança que não cansa", o envio deste filme, magnífico, como tudo o que tinha a marca do grande escritor açoriano.

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/os-ideais-republicanos/

Monday, June 09, 2025

errâncias

«Havia de entrar, sucedesse o que sucedesse! Como contrabandista, como refugiado político, de dia ou de noite, a pé ou de avião -- de qualquer maneira!» Pequenos Mundos e Velhas Civilizações (1937-38)

«Há muito tempo que temos pressa. E, agora que estamos perto, a dois ou três quilómetros apenas do íman, não nos podemos dominar. / Vemos os antigos bastiões, a colegiata magnífica, cheia de preciosidades acumuladas desde o século V, e o nosso açodamento, numa imperdoável deslealdade com as riquezas que nos cercam, aumenta sempre.» As Maravilhas Artísticas do Mundo (1959-63)

«O navio, o primeiro das duas dezenas que devíamos utilizar, larga às três da tarde. No cais, os nossos amigos acenam-nos os últimos adeuses. E, por detrás, nas suas sete colinas, espairece ao sol a velha cidade de Lisboa. / Outrora, estes outeiros, vestidos de polícromo casaredo, viam partir os homens em frágeis caravelas, rumo ao desconhecido, que os oceanos eram, para eles, tão fabulosos como o foram, um dia, para os nossos olhos de menino.» A Volta ao Mundo (1940-44)

Friday, June 06, 2025

dos «Pórticos»

«Um vaporzito, com graciosidade de gaivota e calentura de de forno, largou de ao pé da "Kars-en-Nil" e, apitando aqui e ali, que o tráfego fluvial era grande em frente da cidade, começou a subir o rio sagrado.» A Tempestade (1940) 

«Soube que você tinha estado na Praça da Macarena, entre os jornalistas, quando do bombardeamento do "Colmado del Salvador"; que observou as principais fases da greve e trilhou grande parte da Andaluzia, para averiguar "como as coisas se passaram". Por tudo isso me dirijo a si, mandando-lhe estes cadernos onde narro uma parte da minha vida. Se me autorizar, outros irão depois, à medida que os for escrevendo.» O Intervalo (1936/1974)

«A nostalgia deve ter nascido numa ilha e só numa pequena ilha se compreende, integralmente, o subtil significado da distância. Essa sufocação que dá a terra sem continuidade, como se o aro líquido que a estrangula se viesse fechar também em volta da nossa garganta, desperta constantes rebeldias e constantes impotências, acorda mil sentimentos ignorados, remexe, tortura, cava fundo na alma até o momento de esta se submeter por falta de mais energias.»  Terra Fria (1934)

Wednesday, June 04, 2025

Monday, June 02, 2025

uma entrevista a Assis Esperança, por Igrejas Caeiro

A primeira vez que oiço a sua voz. Está mal datada: não pode ser de 1954, pois há referência a Trinta Dinheiros (1958) e alusões ao futuro romance, ainda sem título,. que virá a ser Pão Incerto (1964). Aqui.