A Tempestade participa dessa impotência do criador em face dos obstáculos inultrapassáveis levantados à criação artística. Não será, aliás, por acaso que um romance como A Lã e a Neve, de 1947, que tem nas greves dos operários têxteis da Covilhã como pano de fundo, vê a luz do dia precisamente nesse período de relativa distensão do controlo repressivo ocorrido entre as campanhas do MUD e a candidatura de Norton de Matos -- movimentos em que, de resto, Castro teve uma acção relevante de denúncia do estado policial a que estava sujeita a sociedade portuguesa.
Nova Síntese -- Textos e Contextos do Neo-Realismo #2/3, Vila Franca de Xira, 2007-2008.