Saturday, January 31, 2009

de passagem - VIVER! (1921)

A todos os magistrados, por vontade dos homens, encarregados do meu julgamento, aos médicos, aos legisladores; a ti, minha esposa, flor d'altura, para que não me condenes antes de me ouvir; a toda essa coorte de inúteis, a toda essa caterva de animais feridos de morte, a toda essa legião de criminosos sem consciência, que são os incubadores dum mal.
Assis Esperança, Viver!, Lisboa, Livrarias Aillaud e Bertrand, 1921

Thursday, January 29, 2009

Castro em Macau

A Lã e a Neve, traduzido para o cantonês por Li Ping
Instituto Cultural de Macau, 1988
capa de Miao Pang Fei

Tuesday, January 27, 2009

Castro, Assis, Brasil, Nobre -- ou a tertúlia dos anarquistas


Ferreira de Castro
(1898-1974)


Jaime Brasil
(1896-1966)


Roberto Nobre
(1903-1969)









Assis Esperança
(1892-1975)
A partir de hoje, este blogue é mais dos quatro do que até aqui já era.

Tuesday, January 20, 2009

Alexandre Cabral: Camilo, mas também Ferreira de Castro (1)


[introduçaõ às »Cartas de Alexandre Cabral para Ferreira de Castro», Vária Escrita, n.º 6, Sintra, Câmara Municiapl, 1999]
Autores há tão devotadamente dedicados a um assunto, que todo o seu restante trabalho literário é secundarizado e obscurecido pela força com que o estudo tornado paixão se lhes impõe.
Foi o caso de Alexandre Cabral (José dos Santos Cabral, 1917-1996). Estreando-se como ficcionista com Cinzas da Nossa Alma, em 1937, sob pseudónimo de Z. Larbak, até muito tarde não se conformou com a subalternização que os estudos camilianos infligiam à sua obra romanesca. Uma das cartas que agora publicamos dá nota disso mesmo: «A ficção trago-a desprezada. Regressarei a ela não tarda.» (1)
(1) Lisboa, 19 de Março de 1967.

Wednesday, January 07, 2009

História e memória: uma leitura de Os Fragmentos (1)

Publicado em Língua e Cultura, n.º 8-9, Lisboa, Sociedade da Língua Portuguesa, 1998

«A infância, esse grande território donde todos saímos! Pois
donde sou eu? Sou da minha infância como se é de um país...»
Antoine de Saint-Exupéry
«O passado pode ser, sem história e sem memória, sem azedu-
me ou saudade, sem culpa ou inquietação, um espaço em que se
pára, menos para rgeressar a ele, que para estar nele sem regresso
algum.»
Jorge de Sena
Razões de uma escolha
A primeira obra póstuma de Ferreira de Castro, Os Fragmentos (Um Romance e Algumas Evocações), editada em 1974, ano da sua morte, não conheceu o favor do público.
Estão ainda no mercado as duas edições que então vieram a lume: a chamada «popular» e a que integrou as «Obras Completas», com ilustrações de João Abel Manta. Não obstante, Os Fragmentos fizeram jus a mais de quarenta anos de internacionalização literária do seu autor, com uma tradução norueguesa de O Intervalo, publicado em Oslo, em 1976. (1)
(1) Ferreira de Castro, Vendepunktet, tradução e prefácio de Leif Sletsjoe, Oslo, Tiden Norsk Forlag, 1976.
(continua)

Sunday, January 04, 2009

correspondências - Norton de Matos a João de Barros

[sobre o livro de João de Barros, Hoje Ontem Amanhã, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1950. Datada de Ponte de Lima, em 20 de Outubro de 1950]

Quanto aos outros, em grande número, que a seguir evoca, guardo carinhosamente no coração Fialho d'Almeida. Convivi muito com ele antes de partir para a Índia, em 1898, fui um dos seus grandes amigos e tive por ele sempre grande admiração e profunda compaixão. Quando 10 anos depois voltei, achei-o outro homem.

Dos outros, que os seus livros chama com as suas evocações perante o meu espírito apenas dois são meus antigos conhecidos, Oliveira Martins e Teixeira Gomes, que considero dois grandes cabouqueiros da Construção da Pátria que sonhamos, o primeiro nos alicerces, o segundo na resplandecente cimalha que foi a nossa intervenção na I.ª Grande Guerra. O edifício ainda não ruiu e temos de continuar a aguentá-lo, meu amigo.

Dos novos apenas dei por dois -- Ferreira de Castro e Aquilino. Os outros nunca dei por eles, por certo, ou por incapacidade minha ou porque a preocupação com as minhas tarefas não me deixava ver fora do âmbito delas.

Cartas a João de Barros, edição de Manuela de Azevedo, Lisboa, s.d., p. 74