Esta crónica de negócios não é o panorama dum homem: é o seu clima, o seu meio, alfobre onde se criam e vivem aqueles que se acomodam, manejam e exploram todas as situações. Dar a Ataíde e Melo uma expressão simbólica, foi meu aturado empenho. Daí os seus frequentes raciocínios e solilóquios. Não quis contudo fazer dele eixo de acção romanesca, satélites as outras figuras, a gravitarem-lhe na órbita: fugia ao meu ofício de narrador. O resto é também crónica, mais ou menos vulgar, de certas famílias do nosso século. A tragédia ou a comédia -- literariamente estas expressões equivalem-se -- é a de sempre. Variaram, sim, as aspirações de cada qual. As gerações carreiam continuadamente os mas variados materiais. E se não desprezam os que havia e serviram outras épocas, esforçadamente os caldeiam segundo fórmulas actualizadas ou recentes experiências de alquimia social.
Assis Esperança, Gente de Bem, Lisboa, Guimarães & C.ª Editores, 1938.
2 comments:
Olá
Faço referência ao teu excelente trabalho de divulgação de Ferreira de Castro.
Muito obrigado.
Abraço
Eu é que agradeço.
Vou já ver.
Um abraço também.
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